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BRASILEIRO 2022

Patinadoras apontam desrespeito por não convocação para Mundial

Campeãs Bruna Wurts e Gabriella Giraldi, que treinam na Europa, não puderam participar do Brasileiro, exigido pela confederação

Mais Esportes|André Avelar, do R7

Bruna foi medalha de ouro no último Pan-Americano Lima 2019
Bruna foi medalha de ouro no último Pan-Americano Lima 2019

Duas das melhores atletas do país em suas modalidades estão fora do Mundial de Patinação Artística deste ano. Campeã do Pan-Americano Lima 2019 e do Mundial 2019 respectivamente, Bruna Wurts e Gabriella Giraldi não foram convocadas para a competição que acontece no final de setembro, no Paraguai. As competidoras apontam um desrespeito da confederação no processo de seleção da equipe que representará o Brasil na competição.

Tanto Bruna, quanto Gabriella, foram para a Europa em busca de suas melhores condições física e técnica. No Velho Continente, ainda estão os melhores treinadores e pistas para a prática do esporte sobre rodas, disputado em pistas e quadras — diferente da modalidade no gelo, presente nos Jogos Olímpicos de Inverno por exemplo. Mas nenhuma das duas conseguiu participar do último Campeonato Brasileiro de suas modalidades, disputado em julho, em Santos. E aí começa o problema.

Segundo as atletas, ouvidas pelo R7, a CBHP (Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação) havia prometido que a ausência na competição nacional não influenciaria na atribuição das vagas para o sênior feminino livre e para o solo dance da competição internacional. Também procurada pela reportagem, a confederação se defendeu e apresentou um comunicado enviado para a comunidade da patinação, uma troca de e-mails com a federação a qual as atletas fazem parte e regulamento das competições.

Dez anos de seleção brasileira

Bruna foi a primeira a ir para a Europa. Na Espanha, a carioca de 21 anos, que começou a patinar aos 3 e represente o país em competições desde os 11, encontrou o que precisava para evoluir no esporte, ainda que sob seus próprios custos financeiros. Os resultados internacionais logo começaram a aparecer. A medalha de ouro no último Pan-Americano foi só um dos momentos de glória na carreira da atleta. Também por isso, seria natural pensar que ela poderia continuar defendendo as cores do Brasil.


A atleta, no entanto, não pôde comparecer ao campeonato nacional, a qual a confederação julgou essencial para a convocação, porque os pais estavam com covid-19. De acordo com a atleta, para os dirigentes não haveria problema na convocação para o Mundial. Em maio deste ano, um comunicado da CBHP, assinado pelo presidente Moacyr Neuenschwander Junior confirmava que a convocação seria “baseada na observação dos atletas” nos dois últimos campeonatos nacionais.

“Não pude ir para o Brasileiro porque os meus pais estavam com covid, estava com uma situação delicada em casa e tinha a questão da viagem. Então, não fui por não querer ou menosprezar a competição. Mandei todos os exames, atestados, documentos, liguei para uma integrante da confederação e disseram que não teria problema, já que seriam três vagas”, disse a atleta, que também apontou para um outro problema.


Como previsto no artigo 72 do “Regulamento Básico da Patinação Artística”, “as convocações para integrar a equipe que irá representar o Brasil nas competições internacionais serão definidas unicamente pelo Comitê Técnico”. Ao presidente, cabe ainda aprovar a lista de atletas. Para Bruna, a forma de convocação permite um jogo de interesses.

“Atualmente, a confederação é formada por alguns integrantes que são treinadores. Então, há interesses por trás disso. Acredito que não estejam pensando no que seria melhor para o esporte, no que seria melhor para o país”, disse atleta, ainda bastante magoada com a falta de maior comunicação. “Depois de dez anos de relação, a confederação não me mandou nenhuma mensagem, não me ligou, não teve nenhuma justificativa. Isso chateia bastante. Estou dedicando a minha vida para isso.”


Convocação sem seletiva já aconteceu outras vezes

Gabriella, que recém se mudou para Portugal, também teve dificuldades de voltar para o Brasil. Além da própria questão financeira que teria que arcar por conta própria (os custos da passagem aérea, traslados, alimentação, hospedagem, seguro viagem e taxa de inscrição), a última campeã mundial estava regularizando sua documentação no novo país. Como se não bastasse, a pandemia do coronavírus também atrapalharia os planos de volta para a casa.

Gabriella é a última campeã mundial na modalidade dance
Gabriella é a última campeã mundial na modalidade dance

“Sempre deixei isso muito claro para a confederação e eles disseram que tudo bem. Naquela altura, eles concordaram”, disse a atleta, que lembrou que teria que arcar com os custos para o Brasileiro e também para o Mundial, agora com uma ajuda de custo na hospedagem. “No Brasil, não iria conseguir me potencializar como atleta. Vim aqui em busca realmente de melhores condições de treinamento.”

A atleta ainda lembrou que outras competidoras já deixaram de participar da competição nacional e tiveram suas vagas confirmadas para outra importante competição. A própria amiga Bruna estava lesionada no que serviria de classificatório para Lima 2019.

Apesar de tudo, Gabriella faz questão de deixar bem claro que seu posicionamento em nada tem a ver com as atletas convocadas para o que acredita que deveria ser o seu lugar.

“Acredito que sim [que haja um interesse político], mas as convocadas não têm nada a ver com isso. Elas fizeram a parte delas e acho que quem errou realmente foi a confederação de dizer uma coisa para mim e para a Bruna e depois nos tirarem. Essa é a pior questão. Faltar com o combinado. Esperava que tivessem um pouco mais de consideração”, completou.

Repercussão na federação

A Federação Catarinense de Patinação Artística questionou o órgão nacional sobre a não convocação das atletas, em um e-mail ao qual a reportagem teve acesso. Como resposta, a CBHP disse que a condição para convocação faz parte do regulamento e foi reforçado em comunicado interno.

“Entendemos que alguns atletas, por razões diversas, desta vez não puderam participar dos eventos nacionais seletivos mas, por uma questão de mérito e justiça para com aqueles que competiram, a seleção para o Mundial de 2021 está convocada com base em todo o acima exposto”, diz a CBHP.

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