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BRASILEIRO 2022

Ghiggia, herói do Maracanazo e da pátria uruguaia

Mais Esportes|Do R7

Rubén Figueroa. Montevidéu, 16 jul (EFE).- A morte do ex-jogador Alcides Edgardo Ghiggia deixou nesta quinta-feira (data local) o Uruguai sem o herói do Maracanazo: com seu gol aos 34 minutos do segundo tempo da decisão da Copa do Mundo de 1950, o atacante contrariou todas as previsões, garantiu o bicampeonato da 'Celeste' e ajudou a consolidar a identidade nacional do país. Foi um feito escrito com letras maiúsculas e ultrapassa o aspecto esportivo para ser considerado, inclusive, como o fato definitivo que consolidou o sentimento patriótico dos uruguaios, país constituído em 1830, 120 anos antes da histórica conquista. "Ghiggia, a seleção uruguaia, o triunfo do Maracanã, são marcas que nos fazem ter um sentido de pertencimento a essa nação", afirmou hoje o diretor nacional de Esportes do Uruguai, Fernando Cáceres. Após viver 65 de seus 88 anos com a fama de ser o carrasco do Brasil, o destino quis que Ghiggia morresse no mesmo dia em que produziu uma das maiores façanhas da história do futebol mundial, ligando para sempre sua morte ao fato que o glorificou em vida. Nascido em Montevidéu em 1926, Ghiggia era o último herói vivo do Uruguai, um país no qual o futebol é uma religião. Seu adeus deixa órfãos de ídolos aqueles que viram com os próprios olhos a façanha de 1950 e também os jovens que só escutaram a história, mas viram reiteradas vezes o "gol que calou o Maracanã" nas poucas gravações em preto e branco. Os mais de 200 mil torcedores que lotavam o estádio, majoritariamente brasileiros, ficaram então completamente atônitos, assistindo ao Uruguai conquistar o título que consideravam como vencido. "Só três pessoas na história calaram o Maracanã: o papa, Frank Sinatra e eu", dizia Ghiggia, que levou consigo hoje as últimas lembranças vivas da glória da 'Celeste'. Apesar de seu status de herói nacional, o atacante chegou a atuar pela seleção italiana entre 1957 e 1959, período no qual fez cinco partidas pela 'Azzurra'. Ghiggia iniciou sua carreira de jogador no Sud América, e três anos depois se transferiu para o Peñarol, pelo qual foi duas vezes campeão nacional. Mais tarde, o ex-atacante foi para a Itália, onde jogou por Roma e Milan antes de retornar ao Uruguai para pendurar as chuteiras pelo Danúbio, onde se aposentou com 42 anos. "É preciso fazer as homenagens em vida. Depois elas não servem", disse o ex-jogador em maio do ano passado, após descobrir um selo que o Correio do Uruguai emitiu em sua honra, um dos vários reconhecimentos que recebeu ao longo da vida. Até mesmo o Maracanã fez as pazes com o carrasco brasileiro em 2009, quando Ghiggia foi imortalizado na "calçada da fama" do lendário estádio. "Viva ao Brasil! Nunca pensei que seria homenageado no Maracanã, estou muito emocionado", disse durante a cerimônia. Sua opinião era sempre consultada nas vésperas de cada torneio internacional disputado pela 'Celeste'. Em 2012, já com 85 anos, Ghiggia sofreu um grave acidente de trânsito que o deixou em coma induzido. Na época, o filho do jogador disse que seu pai ainda tinha que marcar outros gols importantes além daquele que determinou o Maracanazo. E o atacante não decepcionou, prolongando sua vida em uma "prorrogação" de quase três anos, uma "partida" concluída hoje por uma parada cardíaca enquanto fala exatamente de futebol com seu filho. EFE rfg/lvl (foto)

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