"Família" Scolari parte II... agora em busca do Hexa
Mais Esportes|Do R7
Um pai e seus 23 filhos: esta relação de Luiz Felipe Scolari com seus jogadores já levou a seleção brasileira a conquistar o pentacampeonato. Agora, uma nova "família" encara a difícil missão de vencer em casa o hexa e apagar de vez o 'Maracanazo'.
A seleção foi convocada e o onze titular já está praticamente definido. As novidades em relação à equipe chamada por Felipão para a Copa das Confederações encontram-se mais no banco de reserva.
É um processo de continuidade que ganhou força com a grande campanha do Brasil na competição de junho de 2013, que a seleção concluiu com um expressivo 3 a 0 sobre a atual campeã do mundo, a Espanha. Desde que assumiu a seleção, Felipão fala em "obrigação" de ganhar a taça em casa, principalmente por causa do desastre de 1950, quando a 'canarinha' perdeu a final da Copa em pleno Maracanã para o Uruguai (1-2).
A seleção passou por uma profunda reforma que começou após o fracasso de Dunga na África do Sul-2010. Mano Menezes foi o responsável por iniciar o reformulação, mas não teve êxito e acabou demitido, deixando para trás uma base sólida que Felipão aproveitou e melhorou.
A seleção, cabeça de chave do Grupo A, estreia na Copa do Mundo em São Paulo contra a Croácia, no dia 12 de junho. Em seguida, encara México e Camarões. Os jogadores se concentram em 26 de maio e encaram dois amistosos antes da Copa, contra Panamá (3/6) e Sérvia (6/6).
Dos 23 jogadores, somente seis já disputaram uma Copa: Júlio César (duas vezes), Daniel Alves, Maicon, Thiago Silva, Ramires e Fred. Destes, apenas dois foram titulares da equipe de Dunga.
Isto, porém, não preocupa Felipão, que não cansa de dizer que vai "até o inferno" com este grupo.
"A experiência que estes jogadores estão ganhando nas competições que eles jogam atualmente me faz acreditar que eles não sentiram muito esta diferença", explicou.
As estatísticas são tranquilizadoras. Nos cinco Mundiais que o Brasil venceu, a idade média dos jogadores era de 25 a 27 anos (hoje é de 28) e a maioria dos convocados também não tinha experiência prévia em Copa do Mundo.
Em relação à equipe campeã da Copa da Confederações, há sete mudanças. Felipão optou por mais força no meio de campo (Fernandinho, Willian e Ramires) e mais experiência nas laterais (Maicon e Maxwell), além de um terceiro goleiro (Victor) e um quarto zagueiro (Henrique).
O técnico descartou muitos jogadores que fizeram parte da prata olímpica de 2012, como Lucas, Pato, Ganso e Leandro Damião.
De todos, Neymar talvez seja o único fora de série. O camisa 10 da seleção fez uma boa primeira temporada no Barcelona, mas não foi o craque pelo qual o clube catalão pagou mais de 80 milhões de euros ao Santos. Na Copa, o bom desempenho do atacante de 22 anos será fundamental para levar o Brasil o mais longe possível.
"A maior responsabilidade de Neymar não é só na criação, mas também no contra-ataque, no improviso, fazendo coisas que os outros não fazem", explicou Scolari, após a convocação.
Hoje, Felipão não fala mais em "família", como a equipe campeã do mundo em 2002, optando por um bom "ambiente" para que a equipe tenha harmonia. Conversas com ex-campeões do mundo e palestras de especialistas estão previstas para dar mais ânimo e confiança ao grupo.
Esta convocação não teve grande surpresa. Em 2002, Felipão precisou peitar a ira da torcida ao não convocar Romário. Agora, 12 anos depois, o hoje deputado federal não guarda rancor e até aplaude as opções do treinador brasileiro.
Os jogadores da seleção de Felipão representam o que o Brasil tem de melhor, mas, tecnicamente, estão longe do time de 2002, que contava com Ronaldo 'Fenômeno' e Rivaldo, ambos vencedores do prêmio de melhor jogador do mundo, além de um jovem Ronaldinho Gaúcho e dos sólidos veteranos Cafu e Roberto Carlos, entre outros.
Zico, em entrevista à AFP em fevereiro, afirmou que a equipe que conquistou o penta foi a última seleção a jogar um futebol bonito.
Muito observadores, porém, voltam muito mais atrás, sentenciando a morte do futebol arte justamente na Copa de 1982, quando o 'galinho de Quintino' encantou o mundo ao lado de Sócrates, Falcão e Cerezo, mas acabou sendo vítima da retranca armada pela Itália de Paolo Rossi.
Pelé também acredita no trabalho de Felipão e elogiou a convocação, mas admitiu que gostaria que Robinho e Kaká fossem chamados.
Com o triunfo na Copa das Confederações, Felipão ganhou a confiança da torcida brasileira, que não dava nada pela seleção, mas, enquanto as manifestações contra a corrupção e os gastos públicos na Copa se multiplicavam nas ruas do Brasil, aplaudia o time por onde ele passava. Será que a história se repetirá?
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