Esporte global passa por pente fino enquanto destino da Rússia na Rio 2016 é decidido
Mais Esportes|Do R7
Por Christian Lowe e Aleksandar Vasovic
MOSCOU/BELGRADO (Reuters) - A decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) de permitir que federações esportivas individuais escolham se irão impedir atletas da Rússia de competir na Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016 por causa da prática de doping despertou suspeitas sobre os laços de Moscou com organismos administrativos esportivos.
No anúncio mais recente de um deles, o diretor da Federação Internacional de Judô disse à Reuters nesta terça-feira que irá permitir que a equipe russa participe. A federação lista o presidente russo, Vladimir Putin, faixa preta de judô, como seu presidente honorário. Um dos amigos mais próximos de Putin, seu colega de treino de judô, Arkady Rotenberg, é membro do comitê executivo da federação e chefia uma instituição de caridade que vem ajudando a financiá-la. O presidente da federação, o ex-competidor e treinador de origem romena Marius Vizer, negou haver um conflito de interesses e disse que as funções exercidas por Putin e Rotenberg não influenciaram sua decisão de permitir a atuação dos russos. Os 11 competidores da Rússia que se classificaram para os Jogos foram testados com frequência fora da Rússia desde setembro do ano passado, e seus exames não revelaram qualquer indício de doping, afirmou Vizer."A característica principal, e o valor principal do judô, é a honra. Honra, dignidade e respeito. E não o dizemos somente, falamos a sério." Mas críticos dizem que os organismos de governança terão que fazer mais para demonstrar que são capazes de tomar decisões independentemente da influência de autoridades e empresários russos que muitas vezes ocupam postos de liderança no esporte internacional. "Acho que se deveria perguntar a cada um deles: 'Como você lida com conflitos, como garantir ao resto do mundo, e especialmente a atletas de outros países que não a Rússia, que vocês irão tomar, e estão tomando, decisões de forma imparcial?'", afirmou Joseph de Pencier, executivo-chefe do Instituto de Organizações Nacionais Antidoping, que conta com 59 membros. Muitos esperavam que o COI banisse os competidores russos da Rio 2016 na semana passada depois que a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) concluiu que Moscou levou a cabo uma campanha de doping sistemático patrocinada pelo governo. Mas em vez de um impedimento generalizado, o COI colocou a decisão nas mãos de organismos administrativos de esportes individuais, dizendo que cada um tem suas regras e mecanismos para determinar se houve dopagem. Autoridades e empresários russos desempenham papéis importantes em várias destas federações.
Até agora, além do judô, tênis e tiro anunciaram que os esportistas russos não serão banidos dos Jogos. Pelo menos três modalidades –atletismo, natação e canoagem– barraram os russos. Autoridades da Rússia disseram que a representação do país em organismos administrativos esportivos de todo o mundo reflete seu papel como potência esportiva global e a filantropia particular de alguns de seus homens de negócios. (Reportagem adicional de Jack Stubbs, Anastasia Teterevleva e Gleb Stolyarov)