De olho no bi, Espanha entre dúvidas e certezas antes da Copa

Após escrever o nome na história do futebol mundial com as seguidas conquistas da Eurocopa-2008/Mundial-2010/Eurocopa-2012, a 'Roja' prepara a defesa do título mundial com tantas dúvidas quanto certezas, a seis meses da Copa do Mundo do Brasil-2014.

A seleção líder do ranking da Fifa segue sendo um gigante planetário, com uma identidade do jogo definida, jogadores técnicos e experientes e categorias de base talentosas, capaz de trazer sangue novo à equipe principal.

Mas uma campanha sem brilho nas eliminatórias europeias e a derrota na final da Copa das Confederações para o Brasil (3-0), em julho passado, alimentaram dúvidas a respeito do elenco espanhol.

Há também uma evidente falta de criatividade no ataque, além de um desconforto com a situação do capitão Iker Casillas, que se tornou reserva no Real Madrid.

Apesar da Espanha se manter como séria candidata ao bi mundial e ser uma das cabeças de chave do sorteio dos grupos desta sexta-feira, os apostadores consideram que Brasil, Alemanha e Argentina têm as mesmas chances de conquistar o cobiçado troféu no ano que vem.

Dentro de campo, o risco de uma posse de bola estéril é sempre uma ameaça ao jogo da 'Roja', que não consegue mais surpreender os rivais com o famoso estilo de toques, após seis anos de domínio no futebol mundial.

"Temos uma qualidade, que é ter paciência para ficar com a bola. Não vamos chamar isso agora de defeito", minimizou o treinador da seleção espanhola, Vicente del Bosque, em outubro.

O fato é que há um debate na Espanha sobre quem deve ser o centroavante da equipe, muito em função das estrelas mais tradicionais não estarem passando por grande fase.

David Villa está voltando pouco a pouco ao seu melhor nível, após ficar afastado dos gramados por um longo tempo em função de uma grave lesão que o tirou da Eurocopa-2012, enquanto Fernando Torres já não é mais o jogador explosivo que marcou o gol da conquista da Euro-2008.

Apesar de Álvaro Negredo, autor de quatro gols com a seleção espanhola desde agosto, e o famoso "falso 9" Cesc Fábregas serem possíveis candidatos, as esperanças da 'Roja' parecem depositar-se brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa, que fez 15 gols em 15 jogos no Campeonato Espanhol nesta temporada com o Atlético de Madri.

Diego Costa vai ter que justificar a confiança de Del Bosque, que declarou se sentir "um pouco obrigado" a convocar o atacante para Mundial brasileiro do ano que vem por causa da renuncia do jogador em defender a seleção brasileira. Porém, Fernando Llorente, Roberto Soldado e Michu também entregaram seus currículos ao treinador, mas, até o momento, ninguém assumiu a posição de titular indiscutível.

A outra grande incógnita encontra-se na outra extremidade do campo, no gol, onde Iker Casillas (32 anos) é reserva no Real Madrid e seu substituto natural, o goleiro do Barcelona Víctor Valdés (31 anos), se lesionou e ficará de fora por várias semanas.

Já o meio de campo, ponto forte da equipe, poderá contar mais uma vez com os veteranos Xavi Hernández (33 anos), Xabi Alonso (32 anos) e Andrés Iniesta (29 anos), que talvez não tenham substitutos à altura.

"Temos ótimos jogadores para defender o título de 2010, mas não podemos deixar a humildade de lado", alertou Del Bosque.

Felizmente para o treinador, ele tem também uma defesa sólida, a melhor das eliminatórias europeias, e uma nova geração talentosa e vencedora chegando, campeã da Eurocopa Sub-21 em junho deste ano com as promessas Isco, Koke e Thiago Alcântara.

Outra boa notícia é a renovação do contrato de Del Bosque (62 anos) até a Eurocopa de 2016 na França, o que dá tranquilidade para o técnico preparar a 'Roja' para o Mundial brasileiro, que pode ser mais um marco na história do futebol mundial.

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