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BRASILEIRO 2022

Canhão de Nazaré vive entre perigo e amor pelo surfe de ondas grandes

Paredões de até 30 metros de altura, como o que matou surfista brasileiro, começam a se formar em cânions submersos

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Ondas gigantes em Nazaré, em Portugal, são formadas em cânions submersos
Ondas gigantes em Nazaré, em Portugal, são formadas em cânions submersos

Uma vila portuguesa ao norte de Lisboa se torna o maior palco das ondas gigantes com a chegada do inverno no hemisfério norte. Nazaré convive com a paixão pelo surfe e o perigo que matou o brasileiro Márcio Freire na última quinta-feira (5), justamente quando praticava o esporte que mais amava.

O surfista, de 47 anos, tinha muita experiência em ondas daquele porte. Na década de 1990, no Havaí, quando surfistas passavam a usar a moto aquática para ganhar velocidade e conseguir acompanhar a onda na descida, ele e os demais "Mad Dogs" (Cachorros Loucos em tradução livre), junto com Yuri Soledade e Danilo Couto se utilizavam da força dos braços apenas, tornando tudo ainda mais desafiador.

Em Nazaré, Freire estava acompanhado de amigos e pessoal que auxiliava na entrada e saída das ondas. Segundo o relato do videomaker Bred Oliveira, no fim da tarde sirene das ambulâncias e salva-vidas ecoaram por toda a praia do Norte e, após inúmeras tentativas de reanimar Freire, o surfista perdeu a vida.

“Já era tarde e eu já estava quase guardando os equipamentos, quando de repente ouvimos a sirene. Demoramos um pouco para entender o que estava acontecendo. Minutos depois, recebemos a triste notícia que era o Márcio. Foram feitas incansáveis tentativas de reanimação, mas sem sucesso”, disse Bred.


Ondas na praia do Norte, em Nazaré, podem chegar até 30 metros de altura
Ondas na praia do Norte, em Nazaré, podem chegar até 30 metros de altura

A praia recebe essas ondulações gigantes que são formadas ainda embaixo da superfície, geradas por tempestades do oceano Atlântico que acontecem a centenas de quilômetros dali. Uma diferença de altura, causada pelo encontro de placas tectônicas, impulsiona a formação dos paredões.

A “plataforma continental” e a “planície abissal” formam então os cânions submersos ou, na linguagem dos surfistas, os “canhões” de até 30 metros de altura, o equivalente a um prédio de oito a dez andares por exemplo.


"Nazaré é uma força da natureza descomunal. Aquele canhão realmente atrai toda a força do Oceano Atlântico, e joga exatamente ali em Nazaré. E por ser um fundo de areia, onde existe o forte, a ponta da outra baía, e onde converge muita água, muita força do oceano, isso faz com que tenham correntes muito fortes. Eu acho que isso aí é uma das coisas que realmente dificulta bastante quando você cai da prancha", explica Yuri Soledade, amigo de Freire, em entrevista ao R7. 

"Quando você tá ali naquele redemoinho, a espuma é muito grande, então mesmo com colete de flutuação, não dá para chegar na superfície. É como se a gente tivesse flutuando numa bolha de espuma. E ao invés de a gente ficar na superfície, a gente está abaixo, então, realmente é um perigo muito grande quando você cai ali", completa Soledade. 


Freire sofreu uma queda em uma dessas ondas e, como consequência, uma parada cardiorrespiratória. De acordo com a Autoridade Marítima de Portugal, já foi retirado da água sem vida.

“Após várias tentativas, não foi possível reverter a situação, tendo o óbito sido declarado no local pelos elementos do Inem”, diz o texto.

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