Montanhistas com desvio de septo possuem mais dificuldades na altitude?
Já foi abordado aqui na Revista Blog de Escalada alguns temas sobre condições físicas particulares, como anemia falciforme, que impactam
Blog de Escalada|Do R7
Já foi abordado aqui na Revista Blog de Escalada alguns temas sobre condições físicas particulares, como anemia falciforme, que impactam no rendimento e saúde dos montanhistas. O objetivo destes artigos não são para excluir ninguém na prática do esporte, mas para que todos conheçam os limites que o próprio corpo possui.
Um exame médico completo, além de treinamento adequado com preparadores físicos especializados, é imprescindível. Por mais romântico que possa parecer, praticar montanhismo não é apenas colocar uma mochila nas costas e subir montanhas.
Todo montanhista que acredita que basta apenas atitude, acima de qualidade de equipamento ou mesmo saúde, é forte candidato a ser notícia de resgate emergencial, ou mesmo óbito, na montanha. Quanto mais habilidoso é um montanhista, maior é sua noção de responsabilidade a respeito de vários aspectos que cercam a atividade. Uma análise mais detalhada de seu físico, não somente de seu preparo atlético, é importante para voltar somente com boas lembranças na mochila de uma atividade na montanha.
Uma das questões que poucas pessoas procuram saber antes de pensar em praticar montanhismo, é se possui, ou não, desvio de septo. O desvio de septo nasal é uma das causas mais comuns de obstrução do nariz. Não é um problema físico sério, que compromete o seu dia a dia, pois em muitos casos, pode não haver sintomas. Vivendo em cidades que estão no nível do mar, ou mesmo sem ultrapassar os 1.000 metros de altitude, apenas se manifestam como narina congestionada, hemorragias nasais e respiração ruidosa durante o sono.
Desvio de septo e montanhismo
O desvio de septo ocorre quando a estrutura óssea do nariz, que separa as duas narinas, não é reta. Esta deformação é uma condição relativamente comum que pode ser congênita ou adquirida ao longo da vida. A obstrução nasal (dificuldade de respirar pelas narinas) costuma ser um dos principais sintomas do desvio de septo.
Esta condição particular é que pode limitar o rendimento do montanhista quando estiver em um ambiente de ar rarefeito. Pois quando estiver na altitude, quando o ar é rarefeito, uma pessoa com desvio de septo sentirá mais dificuldade ainda de respirar.
Muitas pessoas só percebem a condição de desvio de septo, quando os sinais aparecem durante resfriados ou outras infecções das vias aéreas. Viver em uma cidade com qualidade do ar ruim, como as grandes metrópoles, pode disfarçar o desvio de septo. Isso porque frequentemente as pessoas possuem nariz entupido e dificuldade de respirar.
Em outras palavras, quem vive constantemente em cidades com qualidade do ar ruim, é frequentemente atacado por sinusite, que é a inflamação dos seios paranasais, produzindo muco espesso, nariz entupido e dor na face. Alguém que não possui desvio de septo, pode ter sinusite. Mas o desvio de septo também pode contribuir para sinusites recorrentes (dependendo da localização e severidade).
Foto: http://smithsonianmag.com
Uma outra constante reclamação de quem vive em cidades grandes, é a enxaqueca. Quem possui desvio de septo, pode acabar possuindo cefaleia rinogênica, ou seja, dores de cabeça recorrentes que podem ser confundidas com enxaqueca ou sinusite. Cefaleia rinogênica é um incômodo decorrente de ponto de contato do septo com a concha nasal.
Portanto, da mesma maneira que se procura um cardiologista e um ortopedista para começar a praticar alta montanha, quem planeja praticar montanhismo, é recomendado procurar um otorrinolaringologista para uma análise do nariz e da possibilidade de possuir desvio de septo. A correção do desvio de septo é relativamente simples, bastando uma operação chamada septoplastia .
Na septoplastia é realizado um corte na mucosa que recobre o septo nasal e está dentro do nariz. Após o corte, é realizado o descolamento da mucosa dos dois lados. Geralmente o paciente recebe alta no dia seguinte e o repouso pós-operatório é de geralmente de uma semana, no próprio domicílio. A recuperação completa acontece, na média, de 15 a 30 dias. O tempo de recuperação depende de cada caso.