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BRASILEIRO 2022

Anemia falciforme: Por que ela pode dificultar a vida de montanhistas?

Quando se pensa em atividades de alta montanha, a primeira coisa que é levantada é sobre o processo de aclimatação

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Blog de Escalada|Do R7

Quando se pensa em atividades de alta montanha, a primeira coisa que é levantada é sobre o processo de aclimatação e o mal de altura. Estes são dois assuntos recorrentes nas conversas com guias de montanha e montanhistas experientes. O motivo de existir este interesse tem uma justificativa: o ar fica rarefeito à medida que subimos uma montanha.

Portanto, quanto mais alta a montanha, mais rarefeito o ar vai ficando. Quando o ar começa a faltar em algumas pessoas, alguns sintomas começam a aparecer e são chamados de mal de altitude. O processo de acostumar com esta falta de ar, chama-se aclimatação.

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Foto: http://www.mochilea.info

Sabe-se que algumas pessoas sentem mais, ou menos, o mal de altura. Porém, para um tipo específico de pessoa, este ar rarefeito pode tornar-se fatal: indivíduos que possuem anemia falciforme.


A anemia é um termo genérico de uma série de condições que diminuem a concentração de hemoglobina (elemento do sangue que transporta oxigênio dos pulmões para nutrir células do organismo) ou na produção das hemácias (também conhecidas como glóbulos vermelhos, que transportam oxigênio dos pulmões aos tecidos). A hemoglobina, que constitui 95% das proteínas das hemácias é a responsável pelas funções de transportar oxigênio.

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O tratamento da anemia depende do diagnóstico. Usualmente, geralmente em regiões com poucos recursos, são ministrados suplementos com ferro e/ou vitamina B para suprir a deficiência deste mineral. Existem três tipos de anemia: agudas, crônicas e hereditária.


Anemia aguda: Quando há perda expressiva e acelerada de sangue. Esta perda pode acontecer em acidentes, atentados (tiros, facadas e ferimentos graves), cirurgias, sangramentos gastrintestinais, etc.Anemia crônica: São provocadas por doenças de base como doenças infecciosas, inflamatórias e neoplásicas. Também pode estar associada a outras condições, como trauma, diabetes melito, entre outras.Anemia hereditária: São nominadas em casos específicos, como talessemia (anemia do Mediterrâneo, apresentando palidez, icterícia, atraso no crescimento, abdômen desenvolvido, aumento do baço e alterações ósseas) e anemia falciforme (provocada por deformação dos glóbulos vermelhos)Anemia adquirida: É provocada por deficiência nutricional, durante a gestação, por deficiência de ferro (chamada de anemia ferropriva), por carência da vitamina B12 ou de ácido fólico.

Cada uma das classificações das anemias é feita de acordo com o volume corpuscular médio (VCM), pelo tamanho das hemácias (microcíticas, macrocíticas e normocíticas).


O que diz a ciência

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Como pode ser observado, a anemia e o mal de altura tem uma relação estreita e possui quase que o mesmo tratamento, com exceção da anemia hereditária. Especialmente a anemia falciforme. Por ser uma doença genética, normalmente o indivíduo já nasce com uma produção de anormal de hemoglobinas.

Sob determinadas condições de desoxigenação, como uma altitude, deforma as hemácias, fazendo com que elas assumam forma semelhante a foices (daí vem seu nome). Esta mudança da forma por causa da desoxigenação, causa deficiência no transporte de oxigênio e gás carbônico, entre outras complicações. Considera-se que cerca de 80% dos casos de anemia falciforme ocorram na África subsariana (parte do continente africano situada ao sul do Deserto do Saara).

Atualmente, é considerado como a única possibilidade de cura para a anemia falciforme o transplante de medula óssea. Porém, para ser portador da doença, é necessário que o gene alterado seja transmitido pelo pai e também pela mãe. Se for transmitido apenas por um dos progenitores, o filho terá o traço falciforme, que poderá passar para seus descendentes, mas não necessariamente a doença se manifesta.

No ocidente, a prevalência é de cerca de 1 em cada 5.000, mas em áreas endêmicas da Índia, Arabia Saudita e Nigéria a prevalência varia entre 2 e 22,2%.

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Um estudo publicado pelos médicos iranianos Shahram Habibzadeh e Nasrollah Maleki, relatou que um homem de 18 anos de idade, apresentou-se ao departamento de emergência do Hospital das Clínicas com dor grave no quadrante superior esquerdo e febre após praticar montanhismo. O estudo concluiu que os médicos devem considerar infarto esplênico (arritmia cardíaca) em pacientes que desenvolvem sintomas suspeitos após a exposição a um ambiente de alta altitude.

Por este motivo que muitas pessoas devem fazer um exame de sangue minucioso (especialmente o eletroforese de hemoglobina) antes de se aventurar a ir praticar alta montanha. Por sua origem ser da região da África subsariana e de vários lugares do oriente médio, muitos acreditam que seja uma condição genética de pessoas afrodescendentes. O que existe de concreto deste tipo de afirmação é que há a possibilidade de que possa existir uma predisposição de apresentar dificuldades em alta montanha.

No Brasil estudos comprovaram que 8% dos afrodescendentes apresentaram a doença. Mas, falando de cultura brasileira que há intensa miscigenação ocorrida no país ao longo de sua história, pode ser observada também em pessoas de raça branca ou parda. Mas é importante também fazer uma observação importante: não confundir anemia falciforme com ferroptiva. A anemia ferropriva é causada por deficiência de ferro na alimentação e estima-se que 90% das anemias apresentadas por pacientes seja por carência de Ferro.

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