Treinadora, Marina Danzini projeta grande 2024 para tênis feminino brasileiro
Danzini já esteve com Pigossi, Bia Maia e Stefani
Lance|Do R7
Marina Danzini formada em Educação Física e pós graduada em Gestão do Esporte, hoje é treinadora de tênis em São Paulo, assistente técnica direta de um dos mais experientes técnicos brasileiros, além de ter sido atleta juvenil e profissional de tênis.
Marina hoje é co-responsável pelos programas de treinamento do Club Athletico Paulistano, Tênis Clube Paulista e Academia Paulistana de tênis.
Como atleta foi campeã brasileira juvenil e apesar de haver passado rapidamente pelo profissionalismo possui ótimos resultados como o vice-campeonato de duplas em Quito, no Equador.
Marina foi parceira de treinos da melhor tenista brasileira da atualidade e uma das melhores de todos os tempos, Beatriz Haddad Maia quando treinavam com Carlos Omaki e também se enfrentaram no circuito profissional de simples e duplas.
Foi parceira de equipes da medalhista olímpica e Pan-Americana Luísa Stefani, representando o Paulistano e parceira e adversária da tenista Laura Pigossi também medalhista olímpica e campeã pan-americana, no juvenil e profissional.
Hoje a treinadora e Coach, Marina faz comparações , análises e comentários das melhores atletas do tênis brasileiro, das novas gerações e da diferença de estar de um lado e do outro da quadra como atleta e treinadora de alto rendimento.
Lance -Marina como é o seu relacionamento com as melhores tenistas brasileiras da atualidade ?
Marina Danzini - Tenho ótimo relacionamento com todas elas, Bia, Luísa, Laura, crescemos juntas e temos recordações marcantes. Muitas histórias e jogos que ficam na memória. A Laura apesar de ser atleta do Paulistano, que é o clube que eu sempre defendi também, temos menos contato mas tenho muito carinho por ela.
Lance - Como você descreveria cada uma delas ?
MD - A Bia tem inúmeras qualidades, por sua capacidade muito positiva emocionalmente, tem uma auto confiança e auto estima de se admirar. Algumas barreiras em sua carreira mostraram para todos e principalmente para ela mesma a sua força de superação e sua vontade em seguir evoluindo com os pés no chão.
A Luísa é destemida, com auto-controle e muita tranquilidade, não importa a situação ela encara com maestria. A Laura é a super guerreira com sua determinação , valentia e disciplina ela já conquistou o Brasil e o mundo e sem dúvidas está firme e forte para continuar seguindo seus objetivos.
Lance - Quais os pontos fortes que você vê no jogo delas?
MD - A Bia , com 1,85m , toda sua envergadura e ótimo preparo físico, tem uma potência enorme. Com golpes limpos, eficientes e precisos ela dificulta bastante o tempo de reação de suas adversárias. Além, de sua confiança e disciplina para usar suas melhores armas nos momentos exatos.
A Luísa tem uma leitura de jogo muito eficiente. Com seu controle emocional é capaz de achar “buracos” em partidas duríssimas. Ela tem ótimo reflexo e é muito ágil. Características relevantes para ótimas duplistas.
E a Laura tem características também muito importantes, com um preparo físico impecável, ela tem garra, joga com intensidade o jogo todo e é muito resiliente. Ela entra em quadra para deixar tudo que tem, joga além de seus golpes, com seu coração enorme.
Lance - O que você espera para elas em 2024 ?
MD - Confesso que estou curiosa para iniciar a temporada de 2024, as meninas tiveram um
ano de muitas conquistas e acredito que todas estejam empenhadas para seguir na busca de novos grandes feitos.
A maior torcida é para que a Bia ganhe um Grand Slam e continue fazendo história para o nosso esporte. Sigo também de olho na Luisa . Ela sempre tem chances de ótimos resultados nos Grand Slams e além disso, acredito muito que possa chegar ao posto de número 1 do mundo nas duplas.
Com certeza a Laura deve surpreender a todos, muito trabalhadora, já deve estar com suas metas definidas e seguirá subindo no ranking de simples , que nesse momento parece ser seu foco.
Teremos em 2024 os Jogos Olímpicos na França e depois da grande conquista em Tóquio da Luísa e da Laura com bronze nas duplas, agora as expectativas aumentam para que o Brasil consiga novamente medalhas.
2024 teremos a oportunidade de mais uma vez, torcer pela equipe do Brasil que contou esse ano (2023) com a Bia, Luísa, Laura, Carol Meligeni e Ingrid Martins, e assistir o duelo que será em casa contra a Alemanha na Billie Jean King Cup.
A Ingrid e a Carol também estão na luta para brigarem por ótimos resultados. A Ingrid com parceira nova para a temporada da Austrália também pode nos surpreender e subir ainda mais no ranking de duplas, podendo entrar para o Top 20 até o final do ano. A Carol dará início defendendo o Brasil na United Cup, na Austrália, ela que também entra para o quadro das guerreiras do tênis feminino, esforçada , trabalhadora e determinada, veste a camisa do nosso país com todo orgulho, honra e coloca em quadra tudo que pode com muita garra.
Acredito que será mais um ano muito positivo para o tênis feminino do Brasil. Não só com as profissionais mas também com a nova geração que esta com os melhores exemplos em ação.
Lance - Se você tivesse que escolher uma delas para ser o exemplo para suas atletas, quem seria?
MD - A Laura. Eu e o Carlos Omaki usamos muito ela como exemplo para os atletas e especialmente para as meninas.
Lance - O que você destacaria nela para isso?
MD - A Bia desde pequena já se destacava nas competições, campeã desde cedo.
A Laura se fez campeã, se transformou em vencedora. Ela mostrou não só para o Brasil mas para o mundo que com muito trabalho, determinação, disciplina, foco e vontade de seguir evoluindo você pode atingir seus objetivos.
Ela tem uma força interior muito grande em seguir seu caminho acreditando sempre que o melhor “ainda” está por vir. Mesmo com todos os grandes títulos já conquistados, ela segue seus objetivos e trilha voos cada vez mais altos. Acredito ainda permanecerá na ativa por mais tempo.
Lance - Qual fator que você acha que diferenciou essas meninas em meio as outras de suas gerações ?
MD - O apoio familiar sem dúvidas. São 3 meninas que tiveram no apoio dos pais o maior trunfo de todas. Não importa em que momento, nas vitórias e nas derrotas, em todos os momentos elas puderam acreditar e seguir em frente com apoio incondicional.
Lance - Como grande treinadora que você é agora, qual o conselho que você daria para as tenistas mais jovens baseadas nos exemplos de Bia, Laura e Luisa ?
MD - Que acreditem, que ninguém precisa ser super homem ou super mulher para conseguir vencer. Que o trabalho, a determinação , a disciplina, a resiliência e a vontade de vencer superam qualquer dificuldade.
Vivemos em um país fantasioso que vende a ideia de que os gênios nascem prontos, porque se nascem de nada adianta sem muito trabalho e esforço.
Que pessoas normais, com vidas normais, sentimentos normais, que tem medos, inseguranças, dúvidas e fraquezas, podem vencer tudo isso e atingir os objetivos mais difíceis.
Não deixem que te digam onde você pode ou não chegar. Sonhe grande e vá atrás dos seus sonhos. Isso é o que procuramos incutir em nossos jogadores.
Lance - Qual o seu sonho no momento como treinadora ?
MD - Hoje meu sonho é me tornar uma das melhores treinadoras do país e do mundo. Ser capitã da Billie Jean King Cup no futuro e treinar uma Top 10 com certeza.
Lance - Qual a maior lição que você aprendeu com o seu treinador e hoje coordenador ?
MD - Algumas lições marcam bastante a gente. Não desistir nunca dos meus sonhos, para isso preciso ter a coragem de me dedicar de corpo e alma para realizá-los.
Saber que pressão é um privilégio.
E que muitas vezes os nossos desejos e vontades não acontecem no momento exato que a gente quer, mas é preciso estar preparada porque se batalhamos por isso, irá acontecer.
Tenho a oportunidade de seguir aprendendo com ele todos os dias.