Renato Gaúcho antes de Fluminense X Chelsea: ‘Viemos para fazer história’
Técnico concedeu coletiva nesta segunda-feira (7)
Lance|Do R7

NOVA JERSEY (EUA) — O técnico Renato Gaúcho concedeu coletiva de imprensa nesta segunda-feira (7), um dia antes do jogo entre Fluminense e Chelsea, no MetLife Stadium, em Nova Jersey (EUA), pela semifinal do Mundial de Clubes. Ao ser questionado sobre a “mística tricolor” e as primeiras passagens no clube, o treinador revelou o que o Time de Guerreiros representa para ele.
— Eu acho que 2008 foi uma infelicidade muito grande a gente ter perdido aquela Libertadores para a LDU. São coisas da vida, no momento que você faz uma final, ou você vai ser vencedor, ou você vai perder. Não tem meio tempo. Nós fizemos tudo certo, infelizmente nós perdemos. Sempre que eu trabalho no clube, hoje no Fluminense, como foi naquela época, eu trabalho o meu grupo sempre para vencer, para ganhar. Estou tendo mais essa oportunidade aqui. O Fluminense está fazendo uma grande Copa do Mundo, está sendo um privilégio estar à frente desse grupo, estar à frente desse clube. Mas a gente veio para fazer história. Eu do início falei, a gente precisa acreditar na gente, a gente precisa acreditar no nosso trabalho. Vamos sempre respeitar nossos adversários, são poderosos, financeiramente são bem melhores do que a gente. Agora o futebol é decidido dentro do campo. Com esse pensamento, sempre respeitando o adversário, ter entrado. E o que mais tem me deixado satisfeito no meu grupo são as atitudes, a entrega deles dentro do campo e os resultados que estão aí.
— O que significa para mim estar aqui em uma Copa do Mundo? Eu já falei uma vez e volto a repetir, é um privilégio muito grande, só para poucos. Eu não sei quando vou ter uma outra oportunidade, estar à frente de um clube e ir disputando uma Copa do Mundo. Então, mais uma vez, eu estou tendo esse privilégio, estou tendo essa felicidade para mim e para o meu currículo sem palavras. Estou muito feliz com isso e muito feliz também com o sucesso que a gente vem fazendo nessa Copa do Mundo. Porque, como eu falei, a gente não veio aqui somente para participar, a gente veio para vencer. Então, deixando, degrau a degrau, estamos numa semifinal situação onde muita gente não acreditava na gente. Estou feliz, feliz por tudo, pela minha profissão, pelo meu grupo, pela torcida. Enfim, como eu falei, não sei quando vou ter essa outra oportunidade. Então, eu tenho que viver esse momento, o meu grupo tem que viver esse momento e a gente tem que continuar fazendo história. Já fizemos até aqui, estamos felizes, estamos representando bem o nosso clube, sim, mas a gente quer mais. Nós respeitamos muito o Chelsea, tem um grande time também, sem dúvida alguma, até porque não é à toa que está numa semifinal também. Vai ter sempre o nosso respeito, mas o nosso objetivo é fazermos a final. Então, nós temos aí esse adversário poderoso, amanhã pela frente. Vamos ir lá e vamos ver no que vai dar no final.
Outras respostas de Renato Gaúcho em coletiva antes de Fluminense x Chelsea
Variações táticas do Fluminense no Mundial
— Bom, depende muito do estilo de jogo também do adversário. Depende dos atacantes que eles têm em campo. Depende da maneira que eu coloco o meu time em campo. Porque muitas vezes quando você joga com três zagueiros, o adversário também tem dois atacantes. Então sempre fica na sobra e é importante que os outros dois saiam na caça. Porque não adianta no momento que um atacante do adversário sai para receber essa bola. Se o meu zagueiro não sair com ele, ele vai receber essa bola, vai virar e aí com certeza vai trazer problemas para a gente. Então muitas vezes é essencial isso. No momento que você tem esse esquema com três zagueiros, é natural que um dos zagueiros do lado saia na caça. Justamente porque ele sabe que tem a sobra. Então por isso que eu falo, depende muito também do esquema do adversário. E eu tenho visto também exatamente isso nessa Copa do Mundo, duelos individuais. Porque são jogadores com uma capacidade muito alta que você tem que evitar ao máximo de dar espaço para eles, para que eles possam pensar.
Renato sobre “não ser um técnico estudioso” e sucesso do Fluminense no Mundial
— O resultado seu é tão bom hoje? Bom, aí depende do ponto de vista de cada um. Alguns enxergavam, alguns não queriam enxergar. E alguns enxergavam, mas não queriam elogiar. Aí eu respeito a opinião de cada um. Aí cada um tem que saber o seu patamar, onde ele se encaixa nesses três itens que eu falei. Eu não conquistei vários títulos como treinador comprando os títulos. Eu conquistei vários títulos como treinador trabalhando, implementando. No Grêmio mesmo, por exemplo, teve anos que eu implementei três, quatro esquemas de jogo que deram certo. Nessa Copa do Mundo, mudei o esquema por duas vezes, deu certo. A gente está conseguindo os resultados devido ao nosso trabalho. Então, no momento que eu assisto aos jogos, assisto o meu próximo adversário, estudo eles, preparo o meu time na parte tática, faço o que eles fazem exatamente, que é pedido nas pré-eleições e nos treinamentos, e tem dado certo, acho que isso é memorável. Isso é um treinador que enxerga o jogo. Muita gente, às vezes, gosta de criticar, gosta de falar de parte tática.
Crítica de Renato Gaúcho à imprensa
— Mas a pergunta que eu faço para vocês também, de vez em quando, é, claro que não são todos, mas quantos de vocês entendem de parte tática para criticar os treinadores? Será que vocês entendem tanto assim de tática? Será que vocês entendem mais que um treinador de tática? Que a gente convive com jogadores quase que 24 horas por dia? Então, essa pergunta vocês têm que fazer também, porque é muito fácil criticar. Muitos de vocês têm que, no momento que vem uma escalação, dar opinião antes de começar o jogo. Ah, não vai dar certo por isso, isso, isso, isso. Porque é muito fácil. Eu costumo falar, engenheiros de obra pronta. Terminou o jogo, ganhou. Ah, mas ele acertou na escalação. O esquema foi muito bom. Perdeu o jogo. Ah, mas errou no esquema. Escalou mal. Aí fica muito fácil. Fica muito fácil. E aí, quando vocês falam de parte tática com um ou outro treinador, é muito fácil falar de parte tática. Será que se a gente pegar alguns de vocês e pegar 4, 5 treinadores ao vivo e discutir parte tática, e nós treinadores, nós treinadores, perguntar para vocês sobre parte tática, será que vocês se garantem? E vocês gostam de criticar os treinadores. Eu respeito a opinião de vocês. E não são todos, obviamente. Muitos de vocês entendem. Mas muitos não entendem e querem criticar o treinador.
— Hoje, os treinadores brasileiros, acredito, pelo menos na minha opinião, estão mais valorizados pelo trabalho que eu venho fazendo aqui, pelo trabalho, querendo ou não, a opinião de vocês, do Abel, do Felipe e do Renato. Porque eu acho que os clubes brasileiros fizeram um grande mundial. Infelizmente, a gente enfrenta esses poderosos e alguém tem que passar. Eles voltaram, mas eles fizeram um bom trabalho aqui também. E da mesma forma que o Fluminense. Então, eu espero que os próprios treinadores brasileiros sejam mais valorizados. Eu acho que esse mundial aqui, principalmente com o Fluminense, nós estamos resgatando aqui na Europa, como é que eu posso falar? Eu respeito pelo futebol brasileiro. Eu respeito pelos treinadores brasileiros. Porque muito se fala, e eu concordo, dos treinadores aqui fora. Mas aí também tem outra diferença que eu costumo falar. Os treinadores aqui fora praticamente montam seus plantéis fortíssimos. Em todas as situações. Tem dois, três grandes jogadores para cada posição. E aí é vantagem que eles levam sobre o futebol brasileiro. Mas em termos de esquema, fica mais fácil trabalhar com jogadores acima do nível. Acima da média. Então é por isso que nós viemos aqui e estamos fazendo a grande Copa do Mundo sem ter esse poder aquisitivo dos clubes europeus. E aí, sem dúvida alguma, é o trabalho destacado dos treinadores.
O que chama mais atenção no Chelsea
— Sem dúvida alguma, eles têm um ataque muito poderoso. Em síntese, todo time deles é muito bom. Mas eu destaco o ataque deles. Tem dois atacantes muito rápidos, de um para um, que eu gosto muito, pelos lados. Tem o João Pedro, que é um grande atacante. Tem um meio que pensa muito o jogo, então o ataque deles é muito poderoso. Tem muita qualidade com a bola nos pés e muita velocidade. Procurei analisar bem a equipe do Chelsea novamente. Não foi uma vez só, foram três, quatro vezes. Conversei com o meu grupo, preparei o meu grupo taticamente, para que a gente possa neutralizar as principais jogadas do Chelsea, que não são fáceis de serem neutralizadas. Mas é o que eu sempre falo, a gente sempre procura tirar as jogadas principais do adversário, mas com a bola a gente vai jogar. É o que a gente tem feito nesse Mundial. Eu não posso tirar de maneira alguma a confiança que eu passo para o meu grupo. Gosto da posse de bola, gosto que meus jogadores sejam objetivos, obviamente respeitando o adversário. A gente vai respeitar o Chelsea, mas podem ter certeza que a gente vai jogar. É o que temos feito nessa Copa do Mundo.
Força defensiva e mudanças no Fluminense
— Depende muito do adversário, depende do esquema tático do adversário que a gente vai enfrentar. Eu procurei treinar na parte tática, justamente para isso que eu acabei de falar, neutralizar as principais jogadas do adversário, que são pelos lados, pela habilidade, pela velocidade dos seus jogadores, por isso que eles constroem muito durante os jogos, por isso que eles fazem muitos gols. Eu treinei para que a gente possa neutralizar esse tipo de jogada. Sobre eu estar aqui em uma semifinal com o Fluminense, me sinto um cara privilegiado, muito feliz pelo trabalho que eu venho realizando aqui com o meu grupo. Muita gente não acreditava na gente quando nós saímos do Brasil, mas estamos fazendo uma grande Copa do Mundo e eu espero que amanhã também, com todo o respeito do nosso adversário. O nosso objetivo mesmo do Chelsea, sem dúvida alguma, de chegar numa final. Então a gente vai procurar trabalhar bastante para que a gente consiga esse nosso objetivo para fazermos a final no próximo domingo.
Renato exalta Thiago Silva no Fluminense
— O Thiago Silva tem sido fundamental pra gente. É um monstro jogando, dispensa comentários sobre o futebol dele. E volto a repetir, na minha simples opinião, é um jogador de Copa do Mundo, mas aí já é um problema do Ancelotti. É um cara que tem nos ajudado bastante, conhece muito o futebol europeu, conhece muito bem da maneira que o Chelsea e joga, troquei bastante ideias com ele. Ele é praticamente o treinador dentro do campo, pela experiência dele, por ter jogado Copas do Mundo, por ter jogado muito tempo aqui fora, a experiência dele tem sido fundamental. Logicamente, junto com o futebol dele. É um cara que procura conversar bastante com os companheiros, orientá-los porque, muitas vezes, o treinador está longe, não consegue manda uma orientação e ele faz o papel em campo, de treinador. Principalmente nesses jogos grandes como a gente tem feito aqui fora, contra grandes clubes poderosos, e amanhã é mais um deles, o futebol e a experiência dele são fundamentais.
Favorito ao título do Mundial
— Sobre o favoritismo, eu tenho uma tese, é lógico que tanto o Chelsea, o Real Madrid e o PSG são poderosíssimos. E o Fluminense, a gente tem um sonho de chegarmos à final. Sabemos que é uma partida muito difícil amanhã, mas como falei, nós estamos trabalhando seriamente. Estou confiando muito no meu grupo, para que a gente possa fazer mais uma vez uma grande partida e conseguir o nosso objetivo de chegarmos à final, com todo respeito ao Chelsea. Aí você pergunta qual é o favorito para ganhar um título? Eu acho que, no momento, o que eu tenho que falar do Chelsea, que é uma partida muito difícil. Não dá para você pensar em quem é o favorito.
— Se esses quatro clubes chegaram, qualquer um deles pode ser o campeão. Mas para você ser campeão, você tem que chegar numa final, e para você chegar numa final, amanhã nós temos o nosso adversário, que é o Chelsea, da mesma forma do outro lado. Então, acho que no momento a gente só fala nessa semifinal. Vamos trabalhar para tentar conseguir o nosso objetivo, e aí sim depois a gente fala em final. Mas no momento que os quatro grandes chegam, qualquer um deles tem condições de ganhar essa Copa do Mundo.
Relação de treinador com jogadores
— Eu acho que é fundamental, pelo menos essa minha opinião como treinador, o relacionamento do treinador com o grupo. Eu comparo o relacionamento de um pai com os filhos. Você tem que conversar, você tem que aconselhar, você tem que mostrar o melhor caminho, você tem que ensinar a parte física, a parte técnica, a parte tática. Da mesma forma que você ensina o teu filho, dá liberdade para os jogadores. É dessa forma que eu costumo trabalhar. Eu não sou aquele treinador que eu determino. A última palavra, lógico, é sempre a minha. Eu sou um cara do diálogo porque muitas vezes eu aprendo com os jogadores também, muitas vezes não estou vendo alguma coisa e os jogadores podem me ensinar, pode me mostrar, como aconteceu no jogo com o Thiago Silva. Então, essa liberdade que dou para o meu grupo é fundamental. Eles sabem muito bem que a última palavra é minha, mas eu converso, troco ideias, valorizo o meu grupo em todos os sentidos. É sempre bom trocar ideias para que o jogador se sinta valorizado também. É dessa forma, dessa liberdade que eu gosto de trabalhar com o meu grupo.
Trabalho emocional para o jogo contra o Chelsea
— Três em um: o esquema, o time, será só na hora do jogo. Marcação especial (em Cole Palmer) não, só na hora do jogo. Agora, a parte psicológica eu trabalhei bastante meu grupo nessa Copa do Mundo. E, sem dúvida alguma, tem sido importante, inclusive, o próprio Thiago Silva. A experiência dele perante o grupo, o Fábio... A gente procura conversar, principalmente, com os jogadores mais jovens e colocar na cabeça deles todos que se a gente chegou até aqui, é porque temos condições. Vamos enfrentar um adversário muito poderoso, nós sabemos disso. Mas, pode ter certeza que na parte psicológica do meu grupo, meu time está bem preparado.