Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Esporte - Notícias sobre Futebol, Vôlei, Fórmula 1 e mais

Líder do Movimento Vitória SAF confirma contato com investidores do PSG: 'Viagem marcada'

Em entrevista ao Lance!, Antônio Melhor faz panorama sobre possível SAF

Lance

Lance|Do R7

Antônio Melhor, um dos líderes do Movimento Vitória SAF, em entrevista ao Lance! (Foto: reprodução) Antônio Melhor, um dos líderes do Movimento Vitória SAF, em entrevista ao Lance! (Foto: reprodução)

Um dos assuntos que mais agitaram os bastidores do Vitória nas últimas semanas foi a possibilidade de negociação com a Qatar Sports Investments (QSI), fundo do governo do Catar que administra o PSG, para futuros investimentos na SAF do Rubro-Negro baiano. Tudo isso surgiu em meio ao avanço do clube rumo ao modelo empresarial, proposta defendida e propagada pelo Movimento Vitória SAF.

Clique aqui e siga o canal do Leão no WhatsApp para ficar por dentro das últimas notícias

Um dos líderes do grupo e figura ativa na política do Vitória, Antônio Melhor disse, em entrevista exclusiva ao Lance!, que já foram feitos contatos com o fundo catari por intermédio do deputado estadual e ex-jogador Marcone Amaral, que atuou no Oriente Médio durante boa parte da carreira.

— Quanto às especulações que surgiram nos últimos dias sobre o interesse do fundo catari QSI - o mesmo que administra o PSG -, o que podemos dizer é o seguinte: um dos integrantes do grupo sugeriu que Daniel [Barbosa, fundador do Movimento Vitória SAF] procurasse Marcone, ex-jogador da base do Vitória, que jogou 11 anos no Catar, se naturalizou catari e até defendeu a seleção local. Daniel fez esse contato e Marcone confirmou que existe, sim, a possibilidade de intermediar uma conversa com investidores do Catar. Inclusive, Marcone declarou publicamente que, devido à disputa geopolítica da região, existe um grande interesse dos cataris em investir no Brasil, principalmente após o grupo City adquirir o Bahia — iniciou Antônio.


A QSI foi criada em 2004 e tem investimentos em diversos setores do esporte, do automobilismo ao futebol. Um dos cases de sucesso do grupo é justamente o PSG, clube francês campeão da Champions League depois de bilhões de reais injetados pelo fundo catari. O time tem como CEO Nasser Al-Khelaifi, presidente da QSI.

Em conversa com o Lance!, Antônio também explicou a atuação do movimento junto à diretoria para viabilizar a SAF no Vitória, contou a história do coletivo de torcedores do qual hoje é líder e destacou o potencial do Vitória para atrair investimentos.


Leia abaixo a entrevista na íntegra com um dos líderes do Movimento Vitória SAF

L!: Por que um fundo como a QSI, que administra o PSG, investiria na SAF do Vitória?


Antônio Melhor: O Vitória tem muitos atrativos para qualquer investidor. Tem um terreno enorme em Salvador, no bairro de Canabrava, onde está localizado o Barradão, além de centro de treinamento próprio, estádio, estrutura e, principalmente, uma torcida apaixonada e fiel. Além disso, a divisão de base do Vitória já foi referência mundial. Chegou a ser tão reconhecida que, em determinado momento, diziam que a marca Vitória era mais conhecida no exterior do que a do Flamengo — não sei se é verdade ou exagero, mas isso mostra a força que o clube já teve e pode voltar a ter.

L!: Qual a sua história com o Vitória e como entrou no movimento?

Antônio: eu já milito há bastante tempo nas questões políticas do clube. Participei ativamente da luta pelas eleições diretas no Vitória, através de um movimento chamado Vitória Livre, que, na época, conseguiu reunir quase mil assinaturas de sócios para tentar convocar uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) visando a implantação das eleições diretas. Embora não tenha dado certo naquele momento, a mobilização ganhou a opinião pública e o clube se tornou mais democrático. O Vitória, hoje, talvez seja o clube mais democrático do país. Elegemos e destituímos três presidentes, o que mostra que esse espírito de participação está no DNA da torcida.

L!: Qual a história do Movimento Vitória SAF?

Antônio: A entrada no movimento Vitória SAF aconteceu quando Daniel, de forma despretensiosa, mandou uma mensagem no WhatsApp para alguns amigos falando sobre a ideia de fazer uma ação no jogo contra o Vasco, no dia 10 de maio. Essa mensagem viralizou, chegou até mim e entrei em contato com ele, já que eu também tinha o desejo de fundar um grupo com esse objetivo. O grupo cresceu rapidamente: começou com 50, depois 100, 200, e hoje são cerca de 800 participantes entre sócios e torcedores nos nossos grupos. No Instagram, já passamos de seis mil seguidores, o que mostra claramente que a torcida do Vitória deseja a SAF. Esse desejo ficou ainda mais evidente agora, com o time não indo bem em campo e com a ascensão do nosso rival, que tem hoje uma das SAFs mais bem estruturadas do país. A saída de Daniel nos abalou, é claro, mas fizemos uma transição bem organizada na última terça-feira, em uma reunião onde ficou definido que eu, Ivo Cruz, Ney Campelo e Paulo Roberto seremos os responsáveis pela condução do movimento, emissão de comunicados, entre outras atribuições.

L!: Como funciona o contato e o trânsito do Movimento Vitória SAF com a diretoria do clube?

Antônio: Sobre a relação do movimento com a diretoria, sim, já tivemos uma reunião oficial. Ainda em maio, o próprio Vitória nos chamou para uma conversa, que contou com a participação de Daniel, Ney Campelo, Flávio Tanajura e Fernando, além de outros ex-jogadores. Nessa reunião, entregamos um documento chamado “Diálogo para o futuro — uma agenda para construção de uma SAF vitoriosa e atração de grandes investidores”, onde propomos cinco pontos principais:

  • Definição pública do modelo de SAF, envolvendo clube, conselho e torcida.
  • Criação de um time interno dedicado exclusivamente à negociação da SAF.
  • Manutenção do escritório CSMV, que já presta consultoria na estruturação da SAF.
  • Contratação de uma empresa de consultoria financeira.
  • Realização de um roadshow internacional, ou seja, uma apresentação estruturada do clube para investidores no exterior.

A diretoria acatou boa parte dessas sugestões, mas até agora não formalizou o convite para que um representante do nosso movimento participe do comitê que está sendo formado para acompanhar o processo. Seguimos aguardando e, claro, cobrando isso.

L!: Acha que a SAF é um destino inevitável para os clubes brasileiros?

Antônio: Sobre o futuro dos clubes brasileiros, eu acredito que, para times médios e pequenos, a SAF é o único caminho. Não há mais como sobreviver com o modelo associativo tradicional. É importante lembrar, no entanto, que SAF não é sinônimo de sucesso se não houver profissionalização. O exemplo de Palmeiras e Flamengo está aí, são clubes que não são SAF, mas profissionalizaram sua gestão e hoje são extremamente fortes. Por outro lado, clubes como Corinthians e São Paulo correm sérios riscos se não mudarem seu modelo de gestão.

L!: Qual a importância da participação de ex-jogadores no movimento e como eles contribuem?

Antônio: No nosso movimento, temos a participação de ex-jogadores como Flávio Tanajura e Fernando, que ajudam bastante. Eles são pontes importantes, têm acesso à mídia, a outros ex-atletas, ao próprio Marconi, e contribuem com ideias e sugestões. O motivo da participação deles acredito ser o mesmo de todos nós: amor ao Vitória, preocupação com o clube e desejo de vê-lo grande novamente. Ninguém aqui tem interesse político, financeiro ou pessoal no clube.

L!: Qual legado você quer deixar?

Antônio: Por fim, sobre o legado, eu acredito que ele já está sendo construído. Trouxemos o debate da SAF para dentro do clube e para a torcida. Deixamos de discutir apenas se o jogador A ou B é bom, e passamos a discutir gestão, modelo de negócio e futuro. Isso já é uma vitória. O grande objetivo, claro, é ver o Vitória se tornar uma SAF bem estruturada, profissionalizada e capaz de retomar seu lugar de protagonismo no futebol brasileiro e sul-americano.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.