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Lateral da Bélgica critica Fifa por proibição de protesto anti-discriminação na Copa do Mundo

Thomas Meunier, do Borussia Dortmund, reclamou da decisão em entrevista coletiva

Lance

Lance|Do R7

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Meunier concedeu entrevista coletiva nesta segunda em Doha (Foto: JACK GUEZ / AFP)

Uma das grandes polêmicas dos primeiros dias de Copa do Mundo é sobre um item um tanto quanto banal: a braçadeira de capitão. Isto porque os capitães de seleções europeias como Alemanha, Dinamarca, Holanda, Inglaterra, País de Gales, Suíça e Bélgica usariam uma braçadeira com os dizeres 'One-Love' (um-amor, em inglês), com as cores do arco-íris, em um ato de protesto anti-discriminação no Qatar.

Nesta segunda-feira, a Fifa determinou a proibição dos atos de protesto e informou que, caso os jogadores usassem as braçadeiras com o símbolo da campanha 'One-Love', os árbitros poderiam ser autorizados a punir esportivamente esses atletas com cartões amarelos. As seleções, em comunicado, decidiram por recuar e não usar as braçadeiras em protesto.

Thomas Meunier, lateral-direito da Bélgica, criticou a decisão da Fifa em entrevista coletiva. O jogador afirmou que entende a cultura do Qatar, mas que a demora na decisão da entidade máxima do futebol mostra certa 'hiprocrisia'. A própria Bélgica, inclusive, foi proibida de utilizar sua segunda camisa por conta do uso da palavra 'love' na gola em alusão aos direitos LGBTQIA+.

- Conversamos sobre isso entre nós e chegamos à conclusão de não usar essa braçadeira. É uma pena. Todos nós sabemos como é aqui no Qatar do ponto de vista dos direitos humanos e de outros direitos. Há muitas diferenças entre aqui e a cultura europeia. Ao mesmo tempo, também conhecemos as regras da Fifa. Temos que aceitá-lo. Catar e Fifa trabalham juntos e aplicam as regras que querem. Não há muito mais a fazer. Honestamente, se quiséssemos fazer as coisas direito, não viajaríamos para o Qatar - destacou Meunier, antes de completar:


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- Mas é muito tarde. Você tem que aceitar as regras. Queríamos usar esta braçadeira, mas é uma pena. Todos nós aceitamos. É tarde demais. Queríamos agir para defender certas causas. O problema é que tudo está sujeito a sanção e suspensão. Se usássemos a braçadeira, receberíamos o cartão amarelo. O que ainda podemos fazer neste momento? Há meses, o Qatar tem sido tema de discussão. Mas é muito tarde. Mas a certa altura é melhor ficarmos calados e focarmos melhor no futebol - pontuou.


Meunier - Bélgica
Meunier - Bélgica

Meunier em entrevista coletiva nesta segunda (Foto: JACK GUEZ / AFP)

Meunier também acrescentou mais uma opinião sobre um possível boicote a Copa no Qatar, muito por conta da relação próxima do país com seu ex-clube, o PSG.


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- Ficaria em uma posição delicada. Pessoalmente, não poderia boicotar esta Copa do Mundo depois de jogar quatro anos pelo PSG. Hoje, não posso cuspir no prato que comi dizendo que os qataris são “bastardos”. Não tenho condições de me posicionar porque quando assinei já sabia o que estava acontecendo aqui e já sabia que um estado era dono de um clube europeu. Você poderia ter dito na época que eu apoiei o que estava acontecendo no Qatar enquanto jogava pelo PSG - disse.

O lateral-direito de 31 anos é um dos jogadore mais experientes da equipe e esteve em campo na campanha histórica da Bélgica em 2018, onde a seleção conseguiu um inédito terceiro lugar. Para esta edição, Meunier afirmou que sente um tanto de pessimismo da imprensa belga, que diz que a Copa de 2022 será 'muito difícil' e que os jornais locais emanam muita negatividade, algo que pode acabar 'contagiando' os torcedores.

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- Vocês, jornalistas, são o principal elo entre a seleção e os torcedores. Então, quando criticam e repetem sem parar que a Copa do Mundo vai ser difícil, isso contagia as pessoas. Vou comparar a situação com a Holanda: nos jornais há muito otimismo, mas em nenhum caso os coloco como campeões mundiais. No entanto, eles todos acreditam nisso. O mesmo na Inglaterra durante o Euro com seu 'It's coming home”. Deveria acontecer uma "vibração" positiva. Não vejo isso na Bélgica. É bom falar sobre o derrota contra o Egito nos jornais e na televisão. Há coisas para analisar e nem tudo são flores, mas em termos de comunicação, a imprensa tem um papel a desempenhar junto do grande público. Meus amigos são influenciados pela análise da mídia. É aqui que devemos falar com um pouco mais de otimismo sobre a seleção nacional antes de jogar partidas da Copa do Mundo para enviar vibrações positivas e garantir que seja um bom torneio - finalizou.

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