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Inglaterra e Estados Unidos: um encontro que traz muitas histórias fora de campo

Seleções se encaram nesta sexta-feira (25) pela segunda rodada da Copa. Mas, longe dos gramados, são marcados por sucessivas guinadas econômicas e históricas

Lance

Lance|Do R7

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Estados Unidos e Inglaterra empataram em 1 a 1 na Copa de 2010 (Foto: Hoang Dinh Nam/AFP)

Inglaterra e Estados Unidos se enfrentam pela segunda rodada do Grupo B da Copa do Mundo nesta sexta-feira (25), às 16h (de Brasília), no Estádio Al Bayt. No entanto, este encontro dos países resgata histórias de uma relação que é relevante em outros campos e contribui para ditar os rumos do Ocidente.

NAÇÃO QUE 'NASCE' EM 4 DE JULHO

A expansão marítima da Inglaterra a levou a desembarcar na América do Norte em 1607, em Virgínia. Com o decorrer do século XVII, a Grã-Bretanha (formada por Inglaterra e Escócia) estendeu seu domínio e passou a administrar as Treze Colônias Norte-Americanas.

Contudo, o fato da Inglaterra decidir aumentar os impostos gerou a insatisfação dos colonos. Houve determinações como a Lei do Açúcar, a Lei da Moeda e a Lei do Selo. As reações desencadearam a proclamação da independência dos Estados Unidos em 4 de julho de 1776. Os ingleses a reconheceram em 1783.


Professor de Relações Internacionais da Uerj, Paulo Velasco detalhou que as relações entre americanos e ingleses foi se ajustando com o tempo.

- Há momentos de tensão no final do século XVIII, pois temos o contexto da luta pela independência das Treze Colônias em relação aos britânicos, no lugar onde mais tarde se tornaram os Estados Unidos. Mas, passado o período de tensão e guerras, houve uma tendência em geral à convergência - disse ao LANCE!.


Velasco frisou que logo os americanos se mostraram com condições de crescer aos olhos do mundo.

- No final do século XIX, os Estados Unidos já se assumem como uma grande potência. Claro, com uma proeminência sobretudo no continente americano e mantendo um relacionamento importante com Londres - disse.


Aos seus olhos, há uma nova mudança de panorama já início do século XX.

- O momento mais chamativo talvez tenha sido a entrada tardia na Primeira Guerra Mundial, mas foi determinante justamente para ajudar os aliados europeus. Notadamente os bretões e franceses na luta contra o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano e a Alemanha já unificada - afirmou.

GUINADA À AMERICANA

George Marshall
George Marshall

George Marshall, criador do plano econômico que ajudou os Estados Unidos para reconstrução dos países aliados da Europa na Segunda Guerra (Reprodução/Youtube Lion Hearts FilmWorks)

A Segunda Guerra Mundial se tornou crucial para que Inglaterra e Estados Unidos vissem uma mudança de seus respectivos valores aos olhos do mundo. Os americanos ajudam a Grã-Bretanha e a França a combater o Nazi-Fascismo. O pós-guerra foi definitivo.

- É uma inversão de lideranças. O bloco ocidental passa a ter nos Estados Unidos um grande pilar até no ambito financeiro. Há substituição da libra como moeda de refêrencia pelo dólar. Há uma passagem de bastão dessa liderança ocidental de Londres para Washington. Até então, o reino unido mantinha uma grande proeminência no Ocidente, mesmo diante da pujança dos Estados Unidos. A partir da Segunda Guerra, os americanos se tornam protagonistas e o Reino Unido se coloca como um fiel escudeiro - afirmou o professor de Relações Internacionais da Uerj, recordando:

- Há esta percepção já na criação da Otan, em 1949. A Europa se ressente muito dessa relação "atlântica", como se diz, entre Londres e Washington. Os europeus têm um certo ciume. por isso a frança de Charles de Gaulle nos anos 1960 barrou a entrada do Reino Unido da Comunidade Econômica Europeia (em vigor em 1958, era mercado comum europeu, em formato semelhante à atual União Europeia) - disse Velasco.

A proximidade entre os países também contribuiu para que o Ocidente tomasse alguns rumos políticos e econômicos.

- O relacionamento seguiu convergente nos governos de Ronald Reagan e Margaret Thatcher, que tinham uma postura mais neoliberal. Por exemplo, o Reino Unido apoiou momentos controversos, como a invasão no Iraque. É claro que há uma ou outra desavença, mas hoje são pontuais - afirmou Paulo Velasco.

A MUDANÇA DE OLHAR ECONÔMICO

Montagem Libra x Dolar
Montagem Libra x Dolar

Libra e dólar: valores em jogo (Chris Ratcliffe/AFP - AFP

O encontro entre Inglaterra e Estados Unidos também coloca em campo duas das economias que são marcadas como referências de negócios pelo mundo.

- A gente pensa no século XIX e recorda-se do Reino Unido. Afinal, o que ancorava o mundo era a libra. Tratava-se da moeda que era fonte de estabilidade, confiabilidade para os estados. No fim da Segunda Guerra Mundial, passa a ser evidentemente o dólar e cria-se o sistema multilateral de comércio, chamado de GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) em 1947, que é o antecessor da OMC (Organização Mundial do Comércio, de 1995). A passagem de bastão natural da moeda de referência graças aos acordos de Bretton Woods - destaca Velasco.

Em campo, Inglaterra e Estados Unidos medem forças com outras ambições. Os ingleses tentam se classificar às oitavas e voltar às conquistas. Já os americanos tentam, enfim, comprovar que podem se consolidar no futebol.

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