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Opinião: Salvem o Corinthians do Andrés. Antes que seja tarde demais

Apesar da complicada situação financeira do clube, com dívidas quase impagáveis, presidente se mostra aberto a fazer novas contratações

Futebol|Do R7

Andrés vem sendo muito criticado por sua administração no Corinthians
Andrés vem sendo muito criticado por sua administração no Corinthians

Salários atrasados, uma dívida praticamente impagável herdada da construção da Arena de Itaquera, com dificuldades de pagar até a conta de luz da sede social e em vias de ser punido pela Fifa por atraso no pagamento de parcelas da compra dos direitos de Bruno Méndez do uruguaio Montevideo Wanderers. Esse é o Corinthians dos últimos tempos, mas que apesar de tudo isso ainda pensa em gastar. Parece coisa de maluco!

E é pura maluquice mesmo.

O Timão negocia a contratação de Jô, fecha com uma jovem promessa são-paulina, o atacante Léo Natel, conversa com Romarinho e se diz de portas abertas para repatriar brasileiros que possam ter problema de voltar para o futebol chinês. Quem ouve as entrevistas de Andrés Sanchez tem a impressão de que o presidente vive em um outro planeta. O discurso de que Jô e Romarinho, por exemplo, são “grandes corintianos” e que isso representa 70% de chances de que voltem a vestir a camisa do Timão é patético. Como se salários pudessem ser pagos com paixão.

O que acontece com o Corinthians, contudo, não é uma exceção. Muito ao contrário, é algo bem próximo da realidade de boa parte dos clubes pelo Brasil. O Santos e o Cruzeiro, por exemplo, já sofrem com punições impostas pela Fifa como a que agora ameaça o Timão. O Peixe está proibido de registrar novos jogadores, nacionais ou importados, por até três janelas de transferências, enquanto não quitar uma dívida com o Hamburgo, da Alemanha, pela contratação de Cléber Reis. A Raposa, ainda mais grave, perdeu seis pontos antes da Série B começar, também por atrasar pagamentos, e vai ter de correr atrás do prejuízo para conseguir voltar à elite em 2021.


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É evidente que a pandemia de covid-19 trouxe efeitos devastadores para o futebol, assim como para quase todos os setores da economia no Brasil e no mundo. Poucos são os clubes que atravessam tamanha crise sem ter de promover cortes profundos em suas despesas, seja com a redução de salários de jogadores e funcionários, seja com a venda de atletas – como o Corinthians fez com Pedrinho - ou a suspensão de investimentos que vinham sendo realizados, especialmente nas categorias de base e no futebol feminino. As perdas, além da quebra da receita com a paralisação dos campeonatos, passam pelo rompimento ou renegociação de contratos de patrocínio e pela redução das cotas pagas pelos detentores de direitos de transmissão de TV.

Tudo isso é fato, seja aqui ou na Inglaterra, na Espanha ou na Alemanha.


Mas há algo que é uma exclusividade brasileira. Sejamos realistas: tem muito cartola por aí usando o discurso da pandemia para justificar seu próprio fracasso, sua incompetência e/ou irresponsabilidade na forma de agir. Para essa gente, o coronavírus veio a calhar – era o pretexto de precisavam para desviar o foco de problemas muito anteriores à doença se espalhar pelo planeta. Só que não! Felizmente, e muito também por conta dos efeitos da pandemia, cada vez haverá menos espaço para esses enganadores e fanfarrões acostumados a administrar com a saliva muito mais do que com a cabeça.

Mas por que eles se tornarão uma espécie em extinção?


Ainda que com boa dose de otimismo, a explicação é simples. O abismo, daqui para frente, só vai aumentar entre os clubes que decidirem trilhar o caminho da profissionalização e da responsabilidade financeira (ainda que longe de uma gestão empresarial necessária) e aqueles que continuarem entregues ao amadorismo, à politicagem e ao perigoso entrelace de interesses pessoais e coletivos. É esse abismo que vai provocar a depuração. Será uma questão de sobrevivência. Não haverá, na reconstrução do mundo que vem por aí, espaço para aventureiros, para apaixonados e suas gestões temerárias. Não haverá espaço para clubes que insistirem com essa gente. Pode não ser em seis meses, ou em seis anos, mas é um cenário irreversível que quem viver verá!

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