É guerra! Declarações, histórico e provocações ditam clima tenso para Corinthians e Grêmio
Possibilidade de vingança corintiana contra os gremistas anima Fiel Torcida. Há 14 anos, o Timão foi rebaixado para a Série B após um empate contra o Tricolor Gaúcho
Futebol|Do R7
Corinthians e Grêmio se enfrentam na tarde deste domingo (5), às 16h, na Neo Química Arena, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. A partida tem tônica decisiva para ambas as equipes. Do lado corintiano, uma vitória coloca a equipe de vez na fase de grupos da fase de grupos da Libertadores do ano que vem, enquanto para os gremistas o descenso pode significar no rebaixamento à Série B da próxima temporada.
Apenas esses fatores já seriam o suficiente para dar ao duelo deste fim de semana cara de decisão. Mas, na verdade, o que tem cercado os dias que antecedem o confronto é um clima de guerra, que se explica pelo histórico recente do clássico interestadual.
REBAIXAMENTO CORINTIANO
No dia 2 de dezembro de 2007, o Corinthians foi rebaixado pela única vez na história à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. O jogo que confirmou a queda foi justamente contra o Grêmio, no estádio Olímpico, em Porto Alegre.
O Timão precisava vencer a partida, mas empatou em 1 a 1 e a vitória do Goiás por 2 a 1 sobre o Internacional, em Goiânia, confirmou o descenso do clube do Parque São Jorge.
E se a vingança é um prato que se como frio, o trocedor corintiano estaria com a refeição no congelador pela simples oportunidade de dar o troco e rebaixar os gremistas 14 anos depois.
PROVOCAÇÃO GREMISTA
Mas a rivalidade aumenta quando lembramos que após o apito final em 2017 foram vistos muitos torcedores do Tricolor Gaúcho carregando caixões com o símbolo corintiano e até mesmo uma música foi entoada nas arquibancadas satirizando o rebaixamento do adversário.
"Hoje é uma noite especial, você não pode perder, Corinthians Série B, Corinthians Série B", cantaram os gremistas ao fim da parida que decretou a queda do Corinthians à Série B de 2008.
Os gremistas tripudiaram sobre o rebaixamento corintiano em 2007 (Foto: Reprodução/Twitter)
Mas como mundo, como a bola de futebol, é redondo e da voltas, a oportunidade do Timão dessa vez ser o algoz do rebaixamento gremista já alvorossou a Fiel Torcida Corintiana que fez a sua versão da mesma música que embalou as provocações da galera do Grêmio há 14 anos.
"O Coringão vai jogar, e a Fiel vai estar lá, você não pode perder, o Grêmio na Série B", foi a música cantada por parte dos torcedores alvinegros já na partida contra o Athletico-PR, no último domingo (28), na Neo Química Arena, onde o clube do Parque São Jorge confirmou a sua presença na Libertadores do ano que vem, ainda que, por enquanto, na fase prévia a competição continental.
Caixões com o símbolo do Grêmio também são preparados pela torcida corintiana às vésperas do duelo deste fim de semana.
Torcida corintiana prepara caixões e coroas de flores para celebrar rebaixamento do Grêmio (Reprodução/Twitter Marco Bello)
CARTA DA GAVIÕES
Em tom de apoio aos jogadores corintianos pela temporada, a Gaviões da Fiel, principal torcida uniformizada do Timão, publicou um carta aberta aos atletas na última quarta-feira (1º).
Mas no texto o organizada relembra os episódios de 2007 e dá aos atletas ar de obrigação de rebaixar o Tricolor Gaúcho.
- Essa despedida guarda um desses enredos que alimentam o torcedor. No dia mais triste de nossas vidas, estávamos diante desse mesmo adversário - que participou, se orgulhou e tripudiou de nossa tragédia. Assim é o futebol, mas o mundo gira, não é mesmo? Girou! - destacam os Gaviões.
- É por isso que a gente conta com vocês para lavarem a nossa alma. Para entrarem em campo com o espírito de luta habitual do corinthiano. Não se trata de uma vingança barata, mas queremos nos mostrar que estamos aqui, mais fortes do que nunca, e que esse passado trágico ficou para trás. NINGUÉM ZOMBA DO ALVINEGRO DO PARQUE SÃO JORGE! - acrescenta.
Atletas como o zagueiro Raul Gustavo e os meias Gabriel, que está suspenso no confronto, e Du Queiroz comentaram a publicação reforçando o incentivo da torcida.
DECLARAÇÕES RECENTES
E se não bastasse tudo o que está em disputa na partida deste domingo (5) e o histórico de rivalidade entre Corinthians e Grêmio, declarações do técnico Vagner Mancini, que hoje defende o Tricolor Gaúcho, mas no primeiro semestre treinou o Timão inflamaram mais o jogo.
Além da declaração de que a partida será uma guerra, minimizada pelo atacante Róger Guedes em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (3), o comandante gremista afirmou que torcida não entra em campo quando questionado sobre a força da torcida corintiana.
- Os mais apaixonados óbvio que vão querer retaliações por aquilo que já aconteceu no passado. Temos que pensar de forma diferente, somos profissionais. A gente enxerga um jogo de futebol, 90 minutos, em que aquele que for melhor tem grandes chances de sair vencedor. Vamos até São Paulo enfrentar o Corinthians e a torcida do Corinthians. Mas a torcida do Corinthians não vai jogar - disse Mancini após a vitória do Grêmio por 3 a 0 sobre o São Paulo, em Porto Alegre, na última quinta-feira (2).
A Fiel Torcida promete lotar a Neo Química Arena, com mais de 40 mil torcedores, superando os 43.583 que estiveram no clássico contra o Santos, no último dia 21 de novembro, maior público do estádio desde o retorno do público.
Em sete jogos desde a volta da nação corintiana à Arena o Corinthians venceu todos os jogos. Foram sete partidas no período e 100% de aproveitamento para o clube do Parque São Jorge.
Por outro lado, o goleiro reserva do Timão, Carlos Miguel, através das suas redes sociais, deu um ar de provocação aos gremistas publicando um link com a música 'Arerê', da cantora Ivete Sangalo. A canção é utilizada pela torcida dos clubes brasileiros quando um rival está caminhando para o rebaixamento.
No caso do Grêmio, o refrão tem se transformado em 'Arerê, o Grêmio vai jogar a Sèrie B', no lugar do original 'Arerê, um lobby, um hobby, um love com você'.
Carlos é cria das categorias de base do Internacional, arquirrival do Grêmio. No segundo semestre deste ano chegou ao Timão, mas ainda não teve chances em campo.