ANÁLISE: Luxemburgo cai em armadilha, e Botafogo expõe momento mais vulnerável do Corinthians no ano
Passividade da defesa corintiana foi consequência de um problema tático da equipe
Futebol|Do R7
Não raramente, costumamos definir o jogo de futebol como um duelo de '11 contra 11', como se as individualidades fossem o fator mais importante para definir o vencedor de uma partida. Vanderlei Luxemburgo, técnico do Corinthians, é adepto dessa tese e defende que o jogador deve solucionar problemas em campo sozinho, através do improviso.
A derrota do Timão por 3 a 0 para o Botafogo, porém, deixa uma importante lição para o técnico, que sofre neste início de trabalho à frente da equipe. Diante de um time cujo ataque se baseia em movimentos coletivos, como a equipe de Luis Castro, a defesa corintiana sofreu e passou a sensação de passividade. O buraco, no entanto, é mais embaixo.
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Marcando por encaixes individuais, o popular 'cada um pega o seu', a defesa corintiana foi facilmente envolvida pela saída de bola do Botafogo, que montou uma armadilha simples e eficiente para superar o 4-1-4-1 de Luxemburgo: atrair a marcação e passar a bola no espaço vazio.
O Botafogo construía seus ataques com zagueiros e laterais praticamente alinhados, além de um primeiro volante como opção de passe mais à frente. O segundo volante, se posicionava atrás da marcação de Yuri Alberto, que apenas fazia 'sombra'. Gabriel Pires e Marlon Freitas se alternavam na função, o que também confundiu a marcação alvinegra.Neste exemplo, Gabriel Pires (segundo volante) aproxima da bola para atrair a marcação de Matheus Araújo (Arte: LANCE!)
A ideia era atrair a marcação 'individual' de Maycon ou Matheus Araújo com o segundo volante, que aproximava da bola como uma 'isca'. O passe seria colocado pelos zagueiros e laterais no espaço deixado pelo marcador corintiano, para o primeiro volante que se deslocava para o ataque.
A sensação de passividade na defesa não foi a causa da desorganização, e sim consequência: o meio-campo, que deveria estar postado, sempre encontrava um espaço provocado pelos volantes do Botafogo. Até identificar e cobrir esse buraco, o time adversário já infiltrava com o primeiro volante recebendo o passe à frente. Não tinha como corrigir isso dentro de campo, de maneira 'empírica', como Luxemburgo prega. Maycon se preocupa com a cobertura de Araújo e libera espaço para a infiltração de Marlon Freitas (primeiro volante), que recebe no vazio às costas de Yuri Alberto (Arte: LANCE!)
Luxa ainda chegou a afirmar na coletiva que não há problema com a defesa corintiana, já que dois gols sofridos foram de bola parada e um foi em transição ofensiva.
O discurso do treinador, fora da realidade, expõe a falta de planejamento da diretoria e evidencia a crise física, tática e mental da equipe, que vê a luta contra o rebaixamento no Brasileirão cada vez mais real.