Entrevista de ex-auxiliar de Felipão causa estranheza no Palmeiras
Paulo Turra afirmou que a comissão técnica não participou da definição de contratações nesta temporada, mas diretoria fala em aval e indicações do grupo que antecedeu Mano
Lance|Do R7
A saída de Luiz Felipe Scolari do Palmeiras, há quase dois meses, ainda causa repercussões no clube. Na última sexta-feira, Paulo Turra, que atuou no Verdão como zagueiro nos anos 2000 e foi auxiliar de Felipão na última passagem do técnico, afirmou que, no planejamento para esta temporada, a definição de contratações foi feita pelo diretor de futebol Alexandre Mattos. Declarações que geraram estranheza e incômodo no departamento de futebol.
- Em dezembro, depois do título, fizemos uma reunião na qual soubemos pelo diretor de futebol que viriam alguns jogadores. Não participamos das contratações desses nomes - disse Paulo Turra em participação no programa Resenha, da ESPN, exibido de forma inédita na sexta-feira.
O Palmeiras não vai se posicionar oficialmente a respeito das declarações do ex-zagueiro, mas dirigentes se incomodaram com o que ouviram. O LANCE! apurou que um dos principais pontos de irritação é que Turra não participava de reuniões, sendo Scolari frequentemente o único do grupo a lidar com a diretoria - o técnico sempre deixou claro que preparava o auxiliar para uma carreira solo como treinador.
Fontes do clube informam que essa reunião de planejamento, apontada por Turra, ocorreu pouco depois da confirmação do título brasileiro, em 25 de novembro. Para manter o ambiente do elenco, Felipão teria solicitado a renovação dos contratos dos goleiros Fernando Prass e Jailson, do zagueiro Edu Dracena e do volante Jean, e foi atendido.
Ao mesmo tempo, Felipão apontou a necessidade de ter jogadores de velocidade e, segundo pessoas próximas ao departamento de futebol, surgiram os nomes de Carlos Eduardo, comprado por mais de R$ 23 milhões do Pyramids, do Egito, e de Felipe Pires, emprestado pelo Hoffenheim, da Alemanha - já foi repassado ao Fortaleza. A comissão técnica buscou informações e deu aval às contratações, como o próprio Scolari admitiu em entrevista coletiva em janeiro, citando Felipe Pires. Havia até uma expectativa de que ambos conseguissem reduzir a dependência do time de Dudu, inclusive podendo abrir espaço para aceitar uma oferta vantajosa pelo camisa 7.
Ainda na definição do elenco da temporada, o meia Zé Rafael e o atacante Arthur Cabral já tinham sido contratados de Bahia e Ceará, respectivamente, com aval de Roger Machado, trocado por Felipão em julho. Scolari também teria recomendado os empréstimos do meia-atacante Artur, hoje no Bahia, e do zagueiro Pedrão, no América-MG, para que ganhassem experiência.
Dirigentes consultados pelo LANCE! indicam que o grande mérito de Felipão no Brasileiro de 2018 foi melhorar o ambiente de um time que já vinha sendo bem treinado por Roger. Turra sempre participou ativamente dos treinamentos e, na avaliação de dirigentes, o trabalho técnico caiu de produção a partir de 2019. Há relatos ainda de que o relacionamento de membros da comissão técnica de Scolari se desgastou dentro da Academia de Futebol, e esse foi um ponto considerado para a troca de treinador, no começo de setembro.
Com Mano Menezes no comando, o Palmeiras enfrenta o Ceará às 19h deste sábado, no Allianz Parque. O confronto é válido pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro e mantém a caça da equipe ao Flamengo - o Verdão ocupa a segunda colocação, com 60 pontos, oito abaixo do líder.