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Entenda como a criação da Premier League revolucionou futebol inglês

Ex-craque John Barnes conta como campeonato passou por mudanças para ter, hoje, as equipes mais fortes do mundo 

Lance|

Futebol inglês mudou dentro e fora do campo
Futebol inglês mudou dentro e fora do campo Futebol inglês mudou dentro e fora do campo

Criada em 1992, a Premier League significou uma série de mudanças que acarretaram na total transformação do futebol na Inglaterra. Desde imposições à padrões no estádio e em torcedores até as diferenças dentro de campo, o futebol inglês mudou completamente. À reportagem, o ex-camisa dez do Liverpool, John Barnes, falou sobre as modificações no berço do futebol.

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FUTEBOL DA AGRESSÃO

Antes do início da Premier League, a agressão era um fator predominante no cenário do futebol inglês, sendo vista dentro e fora de campo. O hooliganismo estava presente, e desastres como a 'Tragédia de Bradford' e o 'Desastre de Hillsborough' que, juntas, somam 152 mortes e 1022 feridos.

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Dentro de campo, o futebol também não era feito para valorizar técnica, capacidade tática ou a arte do drible, mas sim para exaltar força e agressão. John Barnes, ex-jogador do Liverpool, conhecido por ter sido um camisa 10 de muita capacidade técnica e habilidade nos anos 80 e 90, falou à reportagem sobre o futebol de sua época.

- Naquela época, o futebol inglês era sobre luta, não sobre técnica, não sobre habilidade. O futebol inglês era uma questão de agressão, força e luta. Glenn Hoddle, Chris Waddle, Paul Gascoigne, a maioria dos jogadores ingleses eram apenas jogadores físicos fortes - disse John Barnes.

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A Copa do Mundo de 1990, a segunda da carreira de Barnes, serviu para mostrar ao mundo que o futebol inglês tinha espaço no futebol europeu, visto que os clubes ingleses estavam fora de competições internacionais por cinco anos por conta da 'Tragédia de Heysel', ocorrida em 1985 na final da Champions League entre Liverpool e Juventus, quando os hooligans ingleses foram responsabilizados por 39 mortes.

SURGE A PREMIER LEAGUE

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Após tantos desastres e punições, algo foi feito para mudar o futebol inglês e, em 1992, a Premier League foi criada seguindo regras como o 'Taylor Report', dizendo que os estádios deveriam ser compostos de forma integral por assentos, sem espaço para torcedores ficarem em pé, ainda dando recomendações sobre a venda de bebidas alcoólicas e o preço dos ingressos nos estádios.

Aos poucos, o futebol foi mudando na Inglaterra. Completamente dominante na Inglaterra antes da Premier League e sob comando de Kenny Dalglish, o Liverpool perdeu a sua força nos anos seguintes. Nos anos 80, a equipe dos Reds apresentava um toque diferente do restante da Liga.

- Naquela época, o futebol inglês não era uma questão de técnica e manter a posse para criar chances. Tratava-se de pegar a bola, ser agressivo, bolas longas, lutar, mas o Liverpool não jogava assim. O Liverpool jogou um futebol que me agradou. Passávamos, mantivemos a posse, mudávamos de posição, fazíamos rodízio de posições, fazíamos passes curtos, mas o futebol inglês não era assim - falou John Barnes.

Após a saída de Dalglish em 1991, o Liverpool perdeu o seu domínio no futebol inglês, e a força que chegou nos primeiros anos de Premier League foi o Manchester United, treinado pelo escocês Alex Ferguson.

Ferguson iniciou a sua passagem pelo Manchester United em 1986, e foi o treinador que soube se adaptar melhor às mudanças que a Premier League implementou no futebol inglês até o final de sua carreira, em 2013. Neste período, o treinador, que ganhou o título de 'Sir' pela Coroa Inglesa, foi campeão da Inglaterra em treze oportunidades.

Junto de Sir Alex Ferguson, o francês Arsène Wenger, que assumiu o Arsenal em 1996, também serviu para elevar o nível existente no futebol da Inglaterra. Dessa forma, Red Devills e Gunners protagonizaram as grandes disputas no final da década de 90 e início dos anos 2000 até a chegada de investimentos nos cofres dos clubes ingleses.

EMPRESÁRIOS CRIAM GIGANTES

O século XXI introduziu um fator grande na mudança do futebol inglês: o dinheiro. De início, o Chelsea foi comprado pelo empresário russo Roman Abramovich, e os investimentos começaram de forma intensa, com 305 milhões de euros sendo investidos em contratações nas duas primeiras temporadas do magnata.

Para competir com o Manchester United de Ferguson e o Arsenal de Wenger, o Chelsea precisava de um grande treinador e, em 2004, o português José Mourinho, que havia acabado de vencer a Champions League pelo Porto, chegou em Londres para assinar com os Blues.

O objetivo de Roman Abramovich não era só o título inglês, mas também a Champions League. Alex Ferguson e o Manchester United já haviam vencido a competição em 1999, repetindo o feito em 2008, e o Arsenal de Wenger bateu na trave em 2006, quando o brasileiro Beletti deu a vitória para o Barcelona. O Liverpool, mesmo sem vencer na Inglaterra, conquistou a competição europeia em 2005, e foi vice em 2007.

Mesmo com Mourinho no comando, o Chelsea levou duas taças de Premier League, e pavimentou o caminho para vencer a Champions League em 2012, após ser vice em 2008 para o Manchester United.

O iminente crescimento do futebol inglês pela Europa tinha, obviamente, mudanças dentro de campo, e os jogadores já não apresentavam o estilo de força física e agressão, como existia nos anos 80 e 90.

- Isso mudou porque as leis do jogo mudaram. É claro que as leis do futebol agora dizem que você não pode ser tão agressivo. Então, os jogadores de futebol ingleses tiveram que se adaptar para tornarem-se muito mais técnicos e manterem-se atualizados com o resto do mundo - comentou John Barnes.

A formação de jogadores com capacidade técnica elevada na Inglaterra passou a ser vista nos gramados ingleses, e os grandes tinham exemplares consigo. Frank Lampard no Chelsea, Paul Scholes e David Beckham no Manchester United e Steven Gerrard no Liverpool eram alguns exemplos desta geração de ouro que futebol inglês passou a apresentar.

EVOLUÇÃO E INOVAÇÃO

Com o grande aumento do nível técnico das equipes, a chegada de investidores nos clubes e um grande pagamento nos direitos televisivos, a Premier League tornou-se sonho de jogadores e treinadores no mais alto nível, superando até mesmo a dupla Barcelona-Real Madrid.

O dinheiro do petróleo, investido pelo Sheikh Mansour, primeiro ministro dos Emirados Árabes Unidos, no Manchester City serviu para criar mais um gigante na Premier League. O projeto esportivo dos Citzens evoluiu desde a compra do clube, em 2008.

O clube optou por seguir o modelo do Barcelona, e muitos profissionais da equipe catalã mudaram-se para a Inglaterra. Para ter sucesso em seu projeto esportivo, dois nomes foram extremamente importantes para o Manchester City: Txiki Begiristain, ex-diretor do Barcelona, e Pep Guardiola, ex-treinador de Bayern de Munique e Barcelona.

Pep Guardiola e o seu jogo posicional, que é mais do que uma simples evolução do 'tiki-taka', passaram a enfrentar a concorrência de Jürgen Klopp no Liverpool com o seu 'Gegenpressing', um estilo de jogo baseado na pressão e no ataque constante. O City chegou ao recorde de pontos, e deixou o Liverpool para trás.

Sob comando de Jürgen Klopp, o Liverpool, após 30 anos, venceu novamente a Liga Inglesa. John Barnes, que esteve em campo em 1991 no último título dos Reds antes da grande seca, falou sobre o tema.

- Jurgen Klopp, em seus primeiros dois anos, eu não pensei que ganharíamos a Liga, e não foi até dois anos atrás, quando terminamos em segundo, que senti que tínhamos uma boa chance de vencer o liga. Então, não é como se em 1990 eu visse 2019 e pensasse que não ganharíamos a liga até então. Foi apenas nos primeiros quatro, cinco anos depois disso, que senti que tínhamos a chance de, depois de um tempo, saber que esse time não é bom o suficiente para ganhar o campeonato - disse.

O futebol inglês vive em constaste evolução, e o nível técnico da Premier League aumenta a cada temporada. Seus quase 30 anos mostram as mudanças vistas no campeonato, e como o mundo da bola é impactado positivamente por elas.

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