Defesa de Andrés Sanchez cita promotor corintiano e Gaviões da Fiel contra denúncia do MP
Advogados questionam imparcialidade do processo e exposição excessiva da divulgação das investigações
Lance|Do R7
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A defesa do ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, por meio do advogado Fernando José da Costa, fez uma solicitação à Justiça que não acate a denúncia do MP que o acusa de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e crime tributário.
Segundo o documento, o pedido se baseia na forma como as provas foram obtidas, questionando a legalidade e a validade dos documentos apresentados no processo.
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O LANCE! teve acesso ao documento enviado à juíza da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital/SP.
Segundo a defesa de Andrés Sanchez, a denúncia apresenta uma série de irregularidades que comprometem o devido processo legal.
A primeira delas é a intensa espetacularização midiática das investigações, com cada diligência transformada em episódio público, detalhadamente divulgado à imprensa, muitas vezes antes mesmo de a defesa ter acesso às medidas, expondo os investigados de forma prematura.
Outro ponto destacado é a possível parcialidade do promotor responsável pelo caso.
De acordo com a defesa, ele é torcedor assíduo do Corinthians e adotou desde o início uma narrativa de “farra com o dinheiro dos associados”, o que poderia caracterizar interesse pessoal na causa e comprometer a impessoalidade exigida do órgão acusador, atraindo suspeição.
A situação se agrava com a presença de membros da torcida organizada Gaviões da Fiel nos eventos investigados. Para a defesa, a participação de torcedores, somada à ampla cobertura da mídia, aumentou a repercussão social do caso, elevando os riscos de exposição indevida e de pré-julgamento do acusado, ferindo princípios básicos do direito de ampla defesa.
A defesa também questiona a legalidade das provas apresentadas na denúncia.
Parte significativa do processo teria sido instruída com dados sigilosos, como extratos bancários, obtidos diretamente pelo Ministério Público sem a necessária submissão à reserva de jurisdição, configurando, segundo os advogados, prova obtida de forma ilícita.
Por fim, entre os argumentos apresentados, Fernando José da Costa, advogado de Andrés Sanchez, destaca que parte das provas que embasam a denúncia não teriam sido obtidas por vias legais.
Inicialmente, informações financeiras do ex-presidente do Corinthians surgiram em vazamentos nas redes sociais, incluindo perfis no Twitter/X, antes mesmo de qualquer medida formal do Ministério Público.
Embora o clube tenha posteriormente fornecido documentos ao órgão, a defesa sustenta que a sequência dos fatos compromete a legalidade das provas e pede, por esse motivo, a anulação de parte do processo.
Veja abaixo trechos do documento
Espetacularização midiática
Feita essa breve síntese, causa perplexidade a forma como as investigações que ensejaram a presente denúncia foram conduzidas sob intensa espetacularização midiática, convertendo cada diligência em episódio público, exposto detalhadamente à imprensa, sem qualquer resguardo à discrição que se exige de procedimentos de natureza criminal. O curso da apuração, passo a passo, foi divulgado em tempo real – muitas vezes, antes mesmo de a defesa ter acesso às medidas – promovendo-se verdadeiro roteiro de exposição dos investigados.
Promotor corintiano
É exatamente o que se projeta neste caso, pois o próprio acusador, publicamente identificado como torcedor assíduo e, sendo assim, possivelmente associado do SCCP, adotou desde o início a matriz retórica da “farra com o dinheiro dos associados”. Em outras palavras, não se trata apenas de identificação afetiva com o clube, mas de potencial condição de cointeressado/vítima na própria causa, o que rompe a impessoalidade exigida do órgão acusador e atrai a suspeição.
Presença Gaviões
A gravidade do episódio se acentua ao se constatar que, para além de ampla cobertura da mídia, o evento contou ainda com a participação de membros de torcidas organizadas — em especial da Gaviões da Fiel —, ampliando a repercussão social e potencializando os riscos de exposição indevida e de pré-julgamento do acusado.
Provas vazadas
Primeiro, porque a denúncia se apoia em prova obtida de forma ilícita — notadamente por estar instruída, em grande parte, com dados sigilosos (extratos bancários) obtidos mediante requisição direta do Ministério Público, sem a necessária submissão à reserva de jurisdição.