'Ancelottinho': saiba o que pensa sobre futebol possível novo técnico do Botafogo
Em entrevista, Davide Ancelotti afirmou já ter discordado muitas vezes do pai
Lance|Do R7

Natural de Parma, na Itália, Davide Ancelotti não sabe o que é viver fora do futebol. Quando nasceu, em 1989, seu pai ainda era jogador do Milan, vindo a se aposentar só três anos mais tarde. Hoje, com quase 36 anos, o filho de Carlo Ancelotti está muito próximo de ser anunciado pelo Botafogo, em sua primeira experiência como técnico. O Lance! levantou como "Ancelottinho" pensa o esporte e opinião de quem trabalhou com ele.
Davide até tentou seguir a carreira de atleta de meio campo, igual seu pai. Inicialmente, nas categoria de base do Milan; posteriormente, no Borgomanero, com 14 anos, até desistir para se dedicar aos estudos. Em 2012, iniciou sua carreira como preparador físico no Paris Saint-Germain, quando Ancelotti, o Carlo, lá estava como treinador da equipe francesa.
Na sequência, acompanhou o pai nos demais clubes que treinou: em 2013, ocupando a função de auxiliar da preparação física no Real Madrid. Em 2016, após concluir o curso da Licença Pro da Uefa, no ano anterior, iniciou a carreira de auxiliar técnico de Carlo, no Bayern de Munique. Fato que se repetiu em 2018 na Napoli; em 2019, no Everton, da Inglaterra; em 2021, no Real Madrid; e, por fim, na Seleção, tendo estreado no cargo na última partida contra o Paraguai, na Neo Química Arena, em junho.
Em entrevista recente ao jornal "Marca", da Espanha, o jovem (agora, treinador) italiano abordou como enxerga o jogo e o modelo que mais acredita, além da experiência de trabalhar com o pai, tido por muitos como um dos maiores técnicos da história.
— Meu pai me ensinou a ser flexível, a me adaptar, a ter ideias e maneiras diferentes de vencer. É importante para um time saber administrar as diferentes fases do jogo. Dito isso, cada um tem suas preferências, e eu prefiro um estilo de futebol um pouco mais vertical, mais ousado. Mas se eu tivesse que resumir minha ideia de futebol, diria que o importante é saber fazer muitas coisas em um nível muito alto — disse.
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Inclusive, a ideia de um futebol vertical é exatamente o que buscava John Textor, dono da SAF do Botafogo, para o cargo de treinador, uma vez que a motivação para a demissão de Renato Paiva, último ocupante do posto, tenha sido justamente a postura da equipe ante o Palmeiras, jogo que culminou com a eliminação da equipe do Mundial de Clubes.
Falando no torneio, ainda em entrevista ao periódico espanhol, Ancelotti, o filho, disse que se inspira em uma equipe que fora vencida pelo próprio Botafogo, ainda na fase de grupos.
— O time em melhor forma atualmente é o PSG, e eles sabem fazer muitas coisas: manter a bola, ser vertical, pressionar alto, defender dentro da área... Se você olhar para o desempenho deles contra o Liverpool nas oitavas de final (da Liga dos Campeões), eles mostraram grande habilidade defendendo em um bloco baixo. No futebol de hoje, você tem que saber fazer tudo. O que eu priorizo é que meus jogadores saibam fazer tudo e administrem da melhor maneira possível, de acordo com suas características — afirmou.
Atualmente, Davide estava com a mulher e os dois filhos na Espanha, algo que, segundo o próprio confidenciou, não conseguia curtir férias há 10 anos. Na entrevista dada ao "Marca" no fim de junho, ou seja, antes do contato para assumir o Alvinegro, visto que Paiva ainda estava no cargo, ele reafirmou o interesse de seguir carreira "solo".
— Minha ambição é treinar sozinho um dia. Isso é muito claro para mim, porque é meu objetivo de carreira. No final da temporada, meu pai me deu a oportunidade de continuar com ele na Seleção Brasileira, e pedi a ele um tempo para pensar e conversar com alguns clubes. Tive algumas oportunidades e, no final, sem entrar em detalhes das negociações, a melhor opção para mim foi aceitar o desafio de estar em uma Copa do Mundo, e fazê-lo com uma seleção que representa 200 milhões de pessoas. Então, sim, houve um momento de reflexão, mas depois de ponderar tudo, acho que ir à Copa do Mundo com o Brasil é a melhor decisão possível no momento — falou na oportunidade.
Ainda não está certo, contudo, caso assuma mesmo o Botafogo, se segue como auxiliar do pai na Amarelinha. Segundo o próprio "Marca" afirmou nesta segunda-feira (7), ele segue como auxiliar de Carlo, pelo menos, até a Copa de 2026, não estando necessariamente presente em todas as Datas Fifa.
Divergências com o pai
Apesar de ter no pai sua maior inspiração, o filho admitiu que "quase nunca concordou" com Ancelotti. O que para ele, na verdade, foi algo positivo para a carreira de ambos.
— 100% de discordância. Quer dizer, provavelmente houve mais vezes em que não concordamos. Acho que é isso que se espera de mim como auxiliar e também o que ele precisa. Digamos que essa tem sido a principal característica, não só minha, mas de todos os seus auxiliares, porque ele é um treinador muito experiente, com muitas certezas, e precisa de um ambiente desafiador. Talvez eu, no início da minha carreira, aos 35 anos, tenha muito mais dúvidas do que ele e precise de um ambiente que me aconselhe mais, que me dê mais certezas. E ele, ao contrário, precisa de pessoas que nem sempre concordam. Então, sempre com respeito e tendo em mente que a decisão final sempre foi e sempre será dele — concluiu.
Opinião de quem trabalhou
Davide Ancelotti é tido como bom de se trabalhar. E não é gente sem relevância que fala isso. Quando de seu período no Bayern de Munique, ele colaborava com o treinamento de grandes estrelas do clube da Bavária. Um deles, camisa 9 do time, à época, não poupou elogios ao auxiliar técnico.
— Trabalhar com o Davide é muito bom. Ambos se beneficiam. Ele é muito talentoso e consegue explicar tudo muito bem — afirmou o atacante polonês Robert Lewandowski.
Próximo compromisso: clássico contra o Vasco
Enquanto a diretoria finaliza os últimos detalhes da negociação, o elenco do Botafogo se reapresenta nesta segunda-feira (7), no CT Lonier. Os treinos ficarão sob a supervisão de Cláudio Caçapa, que é o auxiliar técnico da comissão permanente e atuará como interino até que um novo treinador seja definido.
O próximo desafio do Glorioso será o clássico contra o Vasco, marcado para sábado (12), às 16h30, no Mané Garrincha, em Brasília, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro.
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