ANÁLISE: Ferrari precisa replicar modelo de trabalho que fez com Schumacher, caso queira sair da fila com Hamilton
Ferrari precisa entregar as chaves da fábrica para o inglês e não cometer erros passados para sair da fila
Lance|Do R7
De malas prontas para a Ferrari, Lewis Hamilton é mais um multicampeão que vai correr pela equipe de Maranello. O piloto inglês terá a dura missão de tirar os italianos de uma fila de 16 anos e que já fritou outros campeões no passado. Porém, se seguir os passos de outro heptacampeão, poderá ter sucesso.
Se a Ferrari quiser ter sucesso neste casamento com Lewis, os italianos precisam fazer o mesmo que fizeram com Schumacher e ouvir as ideias do piloto. A equipe de Maranello não pode cometer os erros que custaram campeonatos mundiais com Fernando Alonso e Sebastian Vettel.
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Desde de 2007 sem conquistar o mundial de pilotos e sem vencer o campeonato de equipes desde 2008, a Ferrari vem batendo cabeça nos últimos anos, mas isso não é de hoje. Antes do atual jejum, a equipe italiana viveu uma grande seca de 1979 até 2000.
Em 1990, 11 anos do título de Jody Scheckter, a Ferrari contratou Alain Prost para tirar a equipe de Maranello da fila. O casamento não durou muito tempo, mesmo com um bom início em no primeiro ano, em que disputou o título até a última corrida, o ano seguinte não correu nada bem. O ex-piloto francês foi demitido no meio da temporada de 1991 após criticar o carro publicamente, não agradando a chefia italiana e tornando Prost a primeira vítima da cadeira elétirca ferrarista.
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Cinco anos depois, em 1996, a Ferrari contratou o recém coroado bicampeão mundial, Michael Schumacher, mas o alemão não era a primeira escolha dos italianos, e sim, Ayrton Senna da Silva. Mas com a morte do brasileiro em 1994, as atenções da diretoria ferrarista foram para o piloto da Benetton.
Com Schumacher na equipe, o alemão teve carta branca para indicar engenheiros e projetistas de confiança e montar uma dinastia na Fórmula 1. O piloto alemão trouxe da Benetton o chief designer, Rory Byrne, e o engenheiro, Ross Brawn. Algo que precisa acontecer com Lewis Hamilton caso a Ferrari queira ser levada a sério neste projeto.
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Em 1996, o carro da Ferrari foi projetado pelo corpo técnico antigo e não competiu pelo título, mas no ano seguinte Schumacher disputou o título até a última corrida, mas foi derrotado por Jacques Villenueve na polêmica decisão em Jerez de la Frontera, em que o piloto alemão foi desqualificado do campeonato mundial por ter sido considerado culpado por tentar tirar Villenueve da prova e se tornar campeão.
Sem chances em 1998 contra a McLaren de Häkkinen, em 1999, quando se completava 20 anos do jejum da Ferrari, era a chance perfeita de Schumacher ser campeão. Porém, um acidente feio no GP da Inglaterra o tirou de ação por várias provas e teve o sonho adiado e viu o Mika faturar o bicampeonato.
Mas em 2000, não teve acidente e nem desclassificação e Michael Schumacher venceu o campeonato mundial, tirando a Ferrari de um jejum de 21 anos, o maior de sua história. Depois do primeiro, a equipe italiana virou uma máquina de títulos e marcou a manhã de vários torcedores que se acostumaram a escutar o hino da Alemanha seguido do italiano. De 2000 até 2004, só deu Schumacher, que se tornou, na época, o maior vencedor de grandes prêmios e de campeonatos mundiais.
Com a queda da dinastia da Ferrari em 2005 e 2006, com os títulos da Renault de Fernando Alonso. O principais nomes da equipe italiana saíram, Ross Brawn foi para a Honda, o chefe de equipe, Jean Todt, se desligou do cargo e se tornou presidente da FIA e Michael Schumacher se aposentou. Mesmo sem eles, a Ferrari conseguiu se manter competitiva e venceu o título de 2007 com Kimi Räikkönen e o de construtores em 2008, mas desde então, nunca mais.
Mesmo contratando Fernando Alonso, em 2010, e Sebastian Vettel, em 2015, para conquistar títulos e construir uma nova dinastia, a Ferrari não deu a mesma liberdade para os pilotos, como deu para Schumacher e o resultado foi o pior possível. Ambos amargaram dois vices-campeonatos cada e foram completamente fritados dentro da hierarquia ferrarista, que não conseguia manter um padrão de trabalho.
Caso a Ferrari queira acabar com o jejum e não superar a seca dos anos passados, precisa urgentemente entregar as chaves de Maranello para Lewis Hamilton. Com a vasta experiência que tem, colocará a equipe italiana de volta nos eixos e quem sabe, construir mais uma dinastia, que pode perdurar após uma aposentadoria do inglês, já que os ferraristas contam com o talento de Charles Leclerc.