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ANÁLISE: Em noite apagada de Ronaldo e erros iniciais, brilha a estrela de Roberto Martínez por Portugal

Treinador espanhol conduziu a Seleção das Quinas a uma emocionante virada sobre a República Tcheca, na estreia da Eurocopa

Lance

Lance|Do R7

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"Treinador ganha jogo". Uma das máximas mais difundidas do futebol ao longo dos anos. Entre os mestres e os menestréis da bola, passando pelos torcedores que amam fazer análises táticas em uma mesa de bar, há quem defenda a ideia e há quem apenas use a frase para contestá-la. Porém, na terça-feira (18), os apoiadores da concepção ganharam mais um argumento para a conversa.

Em um dia onde o poder decisivo de Cristiano Ronaldo não apareceu. Jogadores brilhantes como Bernardo Silva e Bruno Fernandes sucumbiram ao peso de uma estreia continental. A noite não trouxe a luz do luar em Leipzig, e sim uma chuva que parecia um recado aos lusitanos. No meio de todo o caos, refletiu a estrela de um subestimado: Roberto Martínez.

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O técnico de Portugal iniciou o embate com a República Tcheca fazendo escolhas minimamente contestáveis. No mesmo setor, jogavam Nuno Mendes, João Cancelo e Rafael Leão, três peças que andam lado a lado com a verticalidade e batiam cabeça na criação. Enfiado na ponta, Bernardo Silva não conseguia fazer seu jogo com Dalot - rivais de cidade na Inglaterra. Pelo meio, Bruno Fernandes não enxergava um Garnacho ou um Rashford infiltrando nas costas da defesa, e se deparava com um time que prezava por entrar na área tocando. Até demais.


Nem de longe, a Seleção das Quinas apresentou o mesmo futebol que se viu nos 100% de aproveitamento das Eliminatórias - dez vitórias em dez jogos. E muito por isso, foi castigada aos 17' do segundo tempo, com um chutaço de Provod, na primeira e única finalização da República Tcheca na direção da meta de Diogo Costa na partida.

Coletivo sem funcionamento, individual apagado. É nesta hora que entra em ação a figura de um técnico. Nos momentos de aperto da situação, a imaginação precisa aparecer. As ideias precisam fluir, mesmo que saiam do banco de reservas. E saíram.


Logo depois do gol, Martínez sacou Leão para a entrada de Diogo Jota. Isso significaria mais liberdade de criação no corredor para Nuno Mendes. E de um avanço do lateral para dentro da área, a cabeçada se transformaria em gol contra de Hranac. Bola no fundo da rede. De uma alteração, veio o respiro. Um ponto. Mas para a estreia ser perfeita, faltavam os outros dois.

Gol anulado, excesso de cruzamentos e dificuldade para fazer a bola chegar em Cristiano Ronaldo. A escassez de repertório costuma ser atribuída sempre ao comandante da equipe. O que fazer? Fazer aparecer novas ideias. Entram Pedro Neto e Francisco Conceição, já nos minutos finais do embate. Jogada do primeiro, nova falha de Hranac, gol do segundo. O tento da virada.


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Se em campo o time não corresponde ao que se espera, o dedo do técnico é fundamental. Alguns com capacidade de ler o jogo ainda no primeiro tempo, corrigir o que está errado no vestiário e fazer a equipe voltar de cara nova para a metade final. Outros, insistindo naquilo que foi treinado. Um terceiro grupo, tendo humildade para entender que a insistência inicial não daria certo, e a correção do errado seria o ideal, mesmo que tardiamente. Mescla de ideias que também traz vitórias.

Para a sorte de Portugal, Roberto Martínez, apesar de pouco valorizado, precisa ser um pouco mais respeitado pela estrela que tem. Assumir uma equipe cheia de estrelas e que estava em baixa após uma bagunça generalizada implantada por Fernando Santos não é um trabalho simples. Fazê-las recuperar a moral, menos ainda.

O mesmo brilho que levou Ben Watson a aparecer na primeira trave, cabecear e dar ao Wigan sua primeira e única conquista de FA Cup aos 88' de uma final contra o já poderoso Manchester City. O mesmo brilho que levou a Bélgica a construir uma remontada histórica diante do Japão na Copa do Mundo de 2018 e superar o Brasil de Neymar e Tite. O mesmo brilho que devolveu a Cristiano sua paixão de defender a seleção portuguesa.

O segredo está na careca? Pep Guardiola, Zinédine Zidane... os exemplos são bons, mas nunca saberemos. O segredo está na nacionalidade espanhola? Repetir passos de nomes como José Villalonga, Luis Aragonés e Vicente del Bosque... talvez seja o objetivo, mas com uma outra nação. O segredo está em acreditar nos minutos finais? Mística que muitas vezes dá errado.

Não se sabe onde está o segredo de Roberto Martínez em Portugal. Mas sabe-se que vivemos em uma era onde o futebol está cada vez mais tático e dependente de um treinador qualificado no quesito, que consiga superar as estratégias adversárias via leitura e entendimento de jogo. Diante disso tudo, ver um técnico que tem a possibilidade e os atributos de atingir estas premissas, mas ao mesmo tempo contar com sua estrela e ser iluminado, ainda é tão especial quanto em outras eras do esporte.

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