A vítima, que decidiu permanecer no anonimato, prestou depoimento logo após o ocorrido - fato capturado pelas câmeras de um policial que prestou socorro. Em nenhum momento a vítima se contradisse. Além disso, a Espanha é um dos países mais avançados do mundo no que diz respeito ao combate à violência de gênero, com a criação de um Ministério Público da Mulher, entre outras coisas. Dessa forma, a justiça do país dá crédito ao depoimento da vítima, que serve como base para a investigação.
2. Depoimento - e contradições - de Daniel Alves
Da mesma forma que a vítima deu sua versão, Daniel Alves também descreveu o ocorrido e suas falas também são levadas em consideração no processo. A primeira declaração do jogador sobre o caso aconteceu em vídeo enviado para a emissora espanhola de televisão 'Antena 3'. Na ocasião, o jogador afirmou que nunca se encontrou com a moça. Entretanto, em depoimento à justiça espanhola, Daniel mudou sua versão e afirmou que teve relações consensuais com a jovem. Para efeitos de julgamento, apenas o depoimento concedido nos tribunais é considerado, mas as contradições prejudicam a credibilidade de suas falas.
3. Relatório Médico
Os seguranças da boate 'Sutton', onde a moça foi violentada, chamaram uma ambulância para atendimento da vítima. Ela foi encaminhada a um hospital de Barcelona e realizou exames médicos, que constataram marcas comuns em casos de abuso sexual quando a vítima tenta se desvencilhar do agressor. O relatório médico foi utilizado pela mulher no ato da denuncia.
5. O vestido
O fato de a vítima ter sido socorrida ainda na boate fez com que todo e qualquer tipo de vestígio fosse colhido pouco tempo depois do crime. Dentro dessa lógica, uma das peças chave na investigação é o vestido, que não foi lavado após o ato. Nele podem conter amostras biológicas que ajudem a reconstituir o caso.
4. Amostras biológicas
Além do vestido, o banheiro onde ocorreu a violência foi outra fonte de coleta de amostras biológicas, como fluidos, fios de cabelo, impressões digitais, ou qualquer outra coisa que torne possível a identificação do agressor. No caso de Daniel, as amostras coletadas não servirão para identificar o agressor - a vítima já o fez - e sim para apontar se Daniel cometeu ou não o crime.
6. Câmeras da boate
As câmeras da casa noturna registraram boa parte dos fatos relatados pela vítima, com exceção dos acontecimentos no banheiro - onde teria ocorrido o estupro. As imagens vão ao encontro do que a vítima relatou: na área VIP da festa, Daniel teria começado o assédio contra a garota pegando sua mão e levando às partes íntimas dele; na sequência, o jogador teria apontado para uma porta e insistido para que a garota o acompanhasse; ao atravessar a porta, a vitima percebeu que se tratava de um banheiro e tentou fugir, mas Daniel teria fechado a porta, n momento que iniciou o 'combate' entre a vítima e o agressor; depois de 15 minutos, Daniel sai do banheiro, antes da moça.
7. Câmeras dos policiais
Recentemente, mais um elemento foi adicionado ao caso: a câmera acoplada ao corpo de um dos policiais que ajudaram no atendimento à vítima flagrou o momento em que ela prestava depoimento ainda na balada. O relato do momento confere com o depoimento da vítima prestado à justiça espanhola, além de registrar o abalo da jovem após a violência.
8. Depoimento das testemunhas
As testemunhas ouvidas pela justiça espanhola também corroboram com a versão da vítima. O gerente da boate, por exemplo, foi quem chamou a polícia para o atendimento à moça. O segurança que prestou o primeiro auxílio à jovem relatou a ansiedade da moça após sair do banheiro. Outro depoimento relevante é o de uma amiga da vitima, que relatou também ter sido apalpada por Daniel Alves, de forma semelhante ao relato da vítima.
9. Tatuagem (foto: Centro Penitenciário de Brians 2, local onde Daniel está preso)
Um dos pontos mais delicados no depoimento da vítima foi a descrição de uma tatuagem íntima que Daniel Alves possui. Essa tatuagem teria sido um dos principais motivos para que a justiça espanhola decretasse a prisão preventiva do lateral. Na versão do jogador, ele estava sentado em uma cabine quando a moça abriu a porta e sentou em seu colo. No entanto, essa tatuagem só poderia ser vista caso Daniel estivesse de pé. Quando questionado sobre a descrição feita pela moça, Daniel mudou sua versão e afirmou que levantou no momento em que a porta foi aberta, permitindo que a tatuagem fosse vista. (foto: Centro Penitenciário de Brians 2, local onde Daniel está preso)
10. O garcom (foto: Centro Penitenciário de Brians 2, local onde Daniel está preso)
Por fim, um outro depoimento chave na investigação será o de um garçom que trabalhou na boate durante aquela noite. Segundo o depoimento da vítima e das testemunhas, este garçom teria convencido as moças para que se sentassem na mesa de Daniel Alves, na área VIP da casa noturna. Como foi a abordagem deste garçom? Por que tanta insistência? (foto: Centro Penitenciário de Brians 2, local onde Daniel está preso)
Daniel Alves está preso desde a última sexta-feira (27), quando prestou depoimento à justiça espanhola. Não havia mandato de prisão contra o atleta, que foi detido preventivamente. Atualmente, o jogador se encontra no Centro Penitenciário de Brians 2 (foto).
