Judoca fluminense disputa torneio internacional inclusivo na Holanda
Matheus Moreira, de 18 anos, que tem síndrome de Down, revelou sonho de ser faixa-preta no esporte que conquistou a família dele
Esportes|Bruna Oliveira, do R7
O judoca Matheus Moreira, de 18 anos, que tem síndrome de Down, começa, nesta quarta-feira (12), a caminhada em busca de conquistar um dos mais importantes torneios inclusivos, os Jogos Mundiais de Judô para Necessidades Especiais, na Holanda.
Natural de Petrópolis, na região serrana do Rio, Matheus participa pela segunda vez da competição internacional — em 2018, aos 13 anos, ele ficou em terceiro lugar. Faixa-verde no judô, o jovem pratica o esporte desde a infância e já participou de 33 competições oficiais de federações.
Antes de embarcar para Amsterdã, ele contou que o coração estava "batendo forte" na expectativa pelo torneio e revelou que um dos grandes sonhos é alcançar a maior graduação da modalidade.
Na torcida em casa, André Moreira, pai de Matheus, detalhou como foi o treinamento do filho para o torneio: "A gente sente que ele está bem preparado e focado na competição. Ele teve uma carga de treinamento muito forte, como nunca teve. E foi em duas etapas: uma na academia com sensei dele, Adriano Vorique, que foi o primeiro professor, e também um amigo da família que fazia um treinamento mais tático e técnico com ele".
Mãe do judoca, Valéria Moreira viajou com o filho para acompanhá-lo na Holanda, após a família ter levantado fundos e conseguido o patrocínio do projeto social Brasil Sem Alergia.
Com a chegada na última terça (11), a expectativa é de que, nesta quarta, Matheus passe por treinos específicos em uma escola especializada para PCD (Pessoas com Deficiência), com outras delegações. São eles que vão definir o chaveamento para as disputas marcadas para o fim de semana.
O judô conquistou o coração da família
A família contou que Matheus sempre teve um perfil competidor. Antes do judô, ele fez natação e jogou futebol. Mas foi nos tatames, por volta dos 9 anos, que o atleta se encontrou.
"Ele já tinha uma força muito grande e se adaptou muito por ser um esporte individual", disse o pai.
Além disso, Matheus também tinha a referência dentro de casa do irmão mais velho, que é faixa-preta e professor de judô.
Mas, com o passar dos anos, o esporte foi conquistando o coração de toda a família do jovem atleta.
"Minha esposa foi a última [a entrar para o judô], depois da pandemia. Tinha pouca gente treinando, e ela começou para fazer número e ajudar o Matheus nos treinamentos. Em 2014, senti necessidade de entrar não só para fazer uma atividade física, mas para não ficar para trás deles. Vi que estava tendo uma evolução bacana, e eu precisaria assessorar, ir nas competições e já tinha envolvimento na academia. Outros dois irmãos [de Matheus] pararam [ao longo dos anos] por causa dos estudos. Mas o Matheus nunca parou. O judô é o esporte do coração", contou André Moreira.
Para a mãe de Matheus, a prática esportiva também proporciona muitos benefícios para o filho.
"O esporte é importante para todos, mas, no caso do Matheus, trouxe muito conhecimento e disciplina. Ele traz muita coisa que aprendeu dentro do judô para a vida particular. Meu filho gosta muito de rotina e de acordar cedo. Eu entendo que isso vem também do esporte, a disciplina da parte oriental. E sem contar o conhecimento da língua, todos os golpes são em japonês, e ele sabe contar de 1 a 10, o que eu tenho muita dificuldade, mas ele faz numa boa. Ainda tem a parte física. Matheus ficou com um porte atlético muito bacana", disse Valéria.