Boxeadora alvo de preconceito de gênero na Olimpíada se manifesta: ‘Fere a dignidade’
Pugilista Imane Khelif se manifestou sobre as ofensas em entrevista à emissora de TV e comentou sobre sua trajetória nos Jogos Olímpicos...
Jogada 10|Do R7
A boxeadora Imane Khelif é uma das principais personagens da edição de Paris da Olimpíada. Tanto pelo seu desempenho na competição como também por questões externas. Isso porque ela é vítima de declarações preconceituosas e divulgação de informações falsas em relação ao gênero. Assim, em entrevista à emissora “SNTV”, no último domingo (4), parceira de vídeos esportivos da Associated Pressa, a pugilista comentou sobre sua trajetória nos Jogos Olímpicos. Ela desabafou que este cenário a abalou. Algo claro em sua comemoração, após vencer a luta das quartas de final.
“Eu não conseguia controlar meus nervos. Depois da vitória houve um misto de alegria e ao mesmo tempo fiquei muito emocionada, porque sinceramente não foi nada fácil de passar. Foi algo que fere a dignidade humana. Esta questão envolve a dignidade e a honra de cada mulher”, confessou.
Em seguida, pediu um basta nestes ataques preconceituosos.
“Envio uma mensagem a todas as pessoas do mundo para defenderem os princípios olímpicos. Para se absterem de intimidar os atletas, porque isso tem efeitos, efeitos enormes. Isso pode destruir pessoas, pode matar os pensamentos, o espírito e a mente das pessoas. Isso pode dividir as pessoas. E por causa disso, peço-lhes que evitem esse assédio moral”, complementou Khelif.
Foco na medalha de ouro na Olimpíada
Mesmo com todo este cenário externo controverso, Imane assegurou que sua prioridade continua sendo o lugar mais alto no pódio.
“Vim aqui por uma medalha e para disputar uma medalha. Com certeza estarei competindo para melhorar e ser melhor. Se Deus quiser vou melhorar, como qualquer outro atleta”, projetou a boxeadora argelina.
Além disso, ela declarou que evita entrar nas redes sociais para não afetar seu desempenho na fase decisiva da Olimpíada. A propósito, afirmou estar preocupada com a sua família devido aos comentários preconceituosos.
“Estou em contato com minha família dois dias por semana. Espero que eles não tenham sido profundamente afetados. Eles estão preocupados comigo. Se Deus quiser, esta crise culminará numa medalha de ouro. Essa seria a melhor resposta”, acrescentou Khelif.
Ela venceu a húngara Anna Luca Hamori por decisão unânime nas quartas de final, no último sábado (3). Assim, já com a classificação para as semifinais, já garantiu, pelo menos, uma medalha de bronze. Isso porque o boxe não conta com disputa de terceiro lugar na Olimpíada, na categoria 66kg.
Imane retorna ao ringue, nesta terça-feira (6), quando enfrentará a tailandesa Janjaem Suwannapheng. Caso consiga mais um triunfo vai para a final, que ocorre na próxima sexta-feira (9).
Relembre o caso
A boxeada Imane Khelif é alvo de ataques transfóbicos na Olimpíada de Paris após vencer a italiana Angela Carini. A situação ocorre devido a alegações de uma força da argelina acima do padrão feminino. Ainda argumentaram que teria sido o motivo principal para sua oponente desistir da luta depois de somente 46 segundos. Alguns internautas até recuperaram uma reprovação da atleta em um teste polêmico de gênero. Apesar da desaprovação, ela recebeu a liberação do Comitê Olímpico Internacional (COI) para disputar a principal competição esportiva do mundo.
Mesmo com todas essas teorias, Imane nasceu mulher e também se identifica como uma. Ou seja, se classifica como uma pessoa cisgênera. O questionamento envolvendo a identidade de gênero da pugilista teve início no ano passado. Exatamente quando ela teve que passar por um teste questionável, pois mede níveis de testosterona e analisa o material genético.
Assim, Khelif recebeu a desaprovação exatamente por conter níveis elevados de testosterona. A boxeadora tem Doenças do Desenvolvimento Sexual (DSD). Além da elevação no nível hormonal, também apresentam cromossomos XY. Por conta da reprovação, a argelina foi desclassificada do Campeonato Mundial Feminino de 2023. Apesar de toda a polêmica, a italiana esclareceu que o motivo para sua desistência do combate foram dores intensas no nariz.
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