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BRASILEIRO 2022

Várzea? ‘Liga’ do futebol amador desembolsa R$ 1,5 milhão em 2018

Entre premiações, pacotes de arbitragem e outros valores, organização com dez das principais copas da Grande São Paulo eleva várzea à 'era profissional'

Futebol|Cesar Sacheto e Guilherme Padin, do R7

Na 11ª Copa da Paz, Pionneer levou R$ 30 mil, troféu e medalhas pelo título
Na 11ª Copa da Paz, Pionneer levou R$ 30 mil, troféu e medalhas pelo título

Os terrões deram lugar aos campos de futebol society, o amor à camisa que representa um bairro agora se divide com a possibilidade de viver com os ganhos na várzea, e as brigas se tornaram raras. A versão cada vez menos amadora do esporte mais popular do país movimenta quantias extravagantes de dinheiro.

Chamada de “O organizador” — grupo com dez das principais copas de São Paulo —, a "liga" desembolsou R$ 1,5 milhão apenas em 2018.

Em contato com os organizadores das competições, a reportagem do R7 apurou e calculou os valores para custear cada uma das dez copas. Dos gastos, foram considerados premiações, pacotes de arbitragem, manutenção dos campos e outras despesas relativas aos torneios.

Os desejados prêmios, que vão de valores em dinheiro a troféus, medalhas e até um ônibus — sendo este último um caso específico da Copa do Busão —, vão de R$ 20 mil até R$ 85 mil.


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Para pagar os árbitros, que atuam por empresas especializadas, os preços também batem a casa das dezenas de milhares de reais. O pagamento aos homens do apito pode ser feito por jogo ou em pacotes por campeonato.


A organização da Super Copa Pioneer, uma das maiores competições de São Paulo, gastou, em 2018, R$ 80 mil pelos serviços da empresa WD Arbitragem para os 196 jogos disputados na competição. 

As premiações e os pacotes de arbitragem, porém, não são os únicos gastos de um campeonato na várzea.


Saiba mais sobre o futebol de várzea em São Paulo

“No nosso caso, [pagamos] manutenção dos campos, vestiários com mictórios, banheiro para cadeirante, colocamos iluminação. Também temos gastos com água, luz, alimentação dos colaboradores — são 90 que nos ajudam gratuitamente”, acrescenta Sérgio ‘Pioneer’, organizador da copa apelidada de ‘Liga dos Campeões da Várzea’.

Sérgio afirma que há ainda um congresso técnico anual para a realização do campeonato. O evento para a edição de 2018, realizado em um ‘buffet’ no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo, teve custo acima dos R$ 20 mil.

Como sobrevivem os campeonatos

Com preços tão salgados, as competições se sustentam de taxas de inscrição — times pagam, em média, de R$ 1.500 a R$ 3.500 para participar de cada uma das grandes copas — e patrocínios, provenientes de pequenas e médias empresas, em maioria, a companhias de grande porte.

Entre os exemplos, destaca-se uma operadora de celular: ao observar um ambiente com potencial, a companhia latino-americana no ramo de telecomunicações decidiu apostar no futebol amador.

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A empresa apoiou a Super Copa Pioneer de 2018 e ainda fez ações na final da última edição da Copa da Paz, uma das mais tradicionais competições do futebol amador no Estado.

Times de várzea têm folhas salariais de gente grande

Se as grandes copas paulistanas de futebol amador movimentam cada vez mais dinheiro, os times não ficam para trás.

Segundo a reportagem do R7 apurou, uma equipe que participa das principais competições tem gastos que vão de R$ 15 mil a R$ 20 mil em um mês. Apenas um grande jogo, por exemplo, pode custar até R$ 8.000 aos cofres de um time que disputa a elite da várzea paulistana.

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Organizador da Copa da Paz — um dos mais importantes torneios da várzea — e diretor do tradicional Palmeirinha de Paraisópolis (zona sul de São Paulo), Bruno Melo diz quais são os custos de um clube no futebol amador:

“Transporte para jogadores e torcida, lanche, água, pagamentos dos jogadores. Tem taxa de arbitragem, inscrição da Copa... Tem quem ajude os gandulas e ainda há quem dê um auxílio na gasolina para os jogadores que vão de carro. Tem time que chega a gastar, por jogo, entre R$ 6.000 e R$ 8.000”.

Amor à camisa x ganha-pão

A profissionalização também atingiu a realidade dos jogadores do esporte amador. Se antes os atletas defendiam as cores dos times de suas comunidades por amor, hoje são seduzidos pelos cachês oferecidos pelas equipes de elite.

“Hoje em dia, com a várzea virando profissional e os times de ponta pagando bem, você vê um jogador de uma zona da cidade jogando em times de outras [zonas]”, diz Eduardo Lima, blogueiro do Futebol da Quebrada (site especializado no futebol amador) e jogador da várzea por 14 anos — até 2011.

“Antes, [jogar na várzea] era mais por amor à camisa, à sua comunidade", diz Bruno Melo. "Hoje, é mais pelo dinheiro. Tem cara que, se a mãe dele fizer um time e ela não pagar, ele não joga. Eu acho isso ruim.”

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