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BRASILEIRO 2022
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Uma vitória em 19 jogos e luta contra o rebaixamento: o que explica a crise do Santos?

Pelo terceiro ano seguido, o Peixe briga para não cair para no Brasileirão e foi eliminado de todas as competições que disputou

Futebol|Pietro Otsuka, do R7


Santos só tem uma vitória nos últimos 19 jogos
Santos só tem uma vitória nos últimos 19 jogos

Quando Andrés Rueda assumiu como presidente do Santos, o cenário era caótico. Dívidas a curto prazo estrangulavam o Peixe e o mandatário logo aplicou medidas de austeridade, renegociando compromissos financeiros e se desfazendo do time vice-campeão da Libertadores de 2020. Nos dois anos seguintes, o clube lutou contra o rebaixamento e foi eliminado precocemente de todas as competições que disputou. Para 2023, veio a promessa de contratações impactantes e melhor desempenho esportivo. Não foi o que aconteceu. 

Oito meses se passaram e o cenário se repete. O Santos luta mais uma vez contra o rebaixamento no Brasileirão, caiu na primeira fase do Paulistão e foi eliminado precocemente da Copa do Brasil e da Sul-Americana.

Pra piorar, nos últimos 19 jogos, o Peixe conquistou apenas uma vitória, contra o Goiás, por 4 a 3, na 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. No último jogo, o time foi goleado por 4 a 0 pelo Fortaleza, no Castelão, e entrou no Z4, na 17ª posição, com apenas 18 pontos conquistados, a mesma pontuação do Bahia, o 16º, mas que tem maior saldo de gols. 

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"Falta profissionalismo no que tange ao futebol, à administração esportiva do Santos. Eu penso que o presidente Rueda até tentou fazer uma administração boa na organização do clube, finanças, tirar o time do transfer ban, diminuir custos. Mas, por outro lado, o investimento feito no futebol, nas contratações, a maioria não deu certo. Os resultados comprovam a incapacidade, a incompetência do departamento de futebol do Santos", analisa Robert, ex-meia do Peixe. 

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A culpa é do Rueda?

Rueda é presidente do Santos desde 2021
Rueda é presidente do Santos desde 2021

Presidente do Santos, Andrés Rueda é apontado pela ampla maioria dos torcedores santistas como principal culpado pelo momento do time. Isso porque o mandatário prometeu inúmeras vezes que, em 2023, a situação seria diferente, com investimentos mais robustos em jogadores que pudessem elevar o patamar do time e brigar por títulos nas principais competições. 

Neste ano, o Peixe foi o 4º time que mais investiu em contratações, gastando R$ 106,3 milhões, segundo levantamento da"Pluri Consultoria". Em 2021, foram R$ 11 milhões investidos e, em 2022, o valor total gasto com transferências foi de aproximadamente R$ 63 milhões. No entanto, o ponto principal de críticas a Rueda, além das contratações em si, foram as escolhas de quem iria decidir para onde iria esse dinheiro em 2023. 

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Odair Hellmann e Paulo Roberto Falcão foram contratados para serem treinador e coordenador técnico do Santos no último ano da gestão Rueda.

Mendoza e Messias, rebaixados com o Ceará, João Lucas e Joaquim, vindo do Cuiabá, Dodi, que estava no futebol japonês, e Vladimir, rebaixado com o Avaí, foram as contratações da janela de transferências do começo do ano (Lucas Lima chegou durante o Paulistão). Os nomes, além de não empolgarem a torcida, também não foram capazes de elevar o nível do time. 

"Muitos contratações baseadas no 'bom e barato'. Ao invés de contratar jogador de peso, de qualidade, que joga em time grande, contrataram apostas na maioria das vezes. Terminou o primeiro turno vencendo só quatro jogos, só time da parte de baixo: Goiás, Bahia, Vasco e América-MG. É um campeonato pra lutar pra não cair. E isso tem as digitais do departamento de futebol, que contrata mal, não foi feliz com os treinadores. E sem qualidade, é dificil", diz Robert. 

O presidente Rueda%2C comandante disso tudo%2C leva a maior responsabilidade nisso. Se por um lado ele tentou enxugar as dívidas do Santos%2C por outro ele gastou muito mal nos reforços%2C compra jogador e empresta de graça. Gasta 10%2C 12 milhões em jogador de nível baixíssimo. E no frigir dos ovos%2C a divida só aumenta. É uma gestão pra se esquecer

(Robert, campeão brasileiro com o Santos em 2002)

Após a eliminação no Paulista, perdendo de 3 a 0 para o Ituano na última rodada da fase de grupos, a pressão para demitir Odair e Falcão foi grande, mas o presidente bancou suas escolhas. Na época, o time teria 40 dias de intertemporada e a aposta era de que a equipe melhorasse sua performance com tempo de treinamento e mais reforços. 

Odair e Falcão decepcionam

Os nomes trazidos, novamente, decepcionaram, assim como a continuidade de Odair e Falcão. O Peixe trouxe três jogadores do vice-campeão paulista Água Santa: Luan Dias, Bruno Mezenga e Gabriel Inocêncio. Além deles, chegaram ainda Alisson, que estava sem clube, e Daniel Ruíz, do Millonarios-COL, que inclusive teve seu empréstimo encerrado e foi devolvido ao time colombiano pouco tempo depois. 

Após apenas 11 rodadas no Brasileirão e eliminações na Copa do Brasil e Sul-Americana, Odair foi demitido, depois de derrota por 2 a 0 para o Corinthians, em plena Vila Belmiro. Ao todo, foram 34 partidas, com 12 empates, 11 derrotas e apenas 11 vitórias. 

Após a derrota para o Timão, o Santos ainda foi punido com oito jogos de portões fechados — que viraram quatro, depois de recurso apresentado pelo clube no STJD — após a torcida santista atirar rojões e bombas no gramado do estádio, como forma de protesto.

Falcão, no entanto, ficou, e trouxe Paulo Turra, recém demitido do Athletico-PR, para assumir a vaga de Odair. Com o time em claro declínio, o Santos mais uma vez se voltou ao mercado para se reforçar, mas logo após a chegada de Turra, veio a notícia do afastamento de Soteldo, principal jogador do time, por questões de indisciplina.

Para Robert e muitos torcedores nas redes sociais, a falta de comando refletiu em questões disciplinares também. "Falcão não acrescentou nada ao Santos. Pelo contrário, saiu de um jeito que a gente nem gostaria, com uma denúncia, mas como profissional foi pífio, péssimo, um trabalho inexistente, cometendo várias gafes", diz o ex-meia santista. 

Turra foi ainda pior que Odair Hellmann e caiu após apenas sete jogos, com três empates, três derrotas e apenas uma vitória. Falcão, que bancava a permanência do técnico, pediu demissão dias antes após ser acusado de importunação sexual por uma funcionária do hotel em que estava hospedado na cidade litorânea.

Mais uma vez, a diretoria santista mostrou falta de planejamento, já que orientou todos os esforços em contratações baseada na opinião de profissionais que deixaram o clube dias depois. Ainda assim, chegaram o voante Jean Lucas, o zagueiro João Basso, o meia Nonato, o lateral Dodô, o atacante Julio Furch e o volante Tomás Rincón.

Outros nomes, antes descartados por Turra, voltaram ao radar do clube, como o meia Alan Soñora. O Santos também tenta trazer Roberto Pereyra e Alexis Sánchez, ambos sem clube, mas que só podem ser inscritos no Brasileirão se estivem no BID até 25 de agosto.

Dá pro Santos se salvar?

Diego Aguirre foi o escolhido para substituir Turra
Diego Aguirre foi o escolhido para substituir Turra

Para o lugar de Turra, o Santos foi ágil e logo contratou Diego Aguirre, apesar da ampla maioria da torcida santista reprovar a chegada do técnico uruguaio. Soteldo, afastado por Turra, foi reintegrado. No entanto, a estreia de Aguirre foi das piores possíves, perdendo de 4 a 0 para o Fortaleza, no Castelão. 

"Eu não vejo times nesse Brasileiro jogando pior que o Santos. Até os times que estão atrás, como América e Vasco, jogam melhor. O Santos não pode tomar um gol que desaba. Esse Santos atual, quando toma um gol, parece que acaba o jogo. Os caras desabam, travam, começam a trotar, olhar o adversário, aí entra o segundo, terceiro gol", diz Robert

"A única alternativa seria realmente contratar jogadores de peso. Jogadores de calibre alto, que possam fazer a diferença tecnicamente, que podem agregar na parte emocional, jogadores que vão realmente ajudar os outros a se desenvolver, a ter mais confiança. E se mobilizar lá dentro pra fazer um trabalho psicológico, trabalhar a parte técnica, torcer pro Aguirre fazer uma equipe de verdade, pra ser competitiva e não cair", completa. 

A primeira oportunidade para o Santos dar a volta por cima é neste domingo (20), diante do Grêmio, na Vila Belmiro, pela 20ª rodada. Na partida, além de todos os reforços a disposição, o Peixe terá também o retorno da torcida. 

Confira a seleção do primeiro turno do Brasileirão escolhida pela equipe do R7

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