Um duelo entre Davi e Golias pela glória do futebol europeu
Futebol|Do R7
A final da Liga dos Campeões deste sábado terá o duelo entre dois clubes de uma mesma cidade, Real Madrid e Atlético de Madri, em um clássico entre dois mundos, duas filosofias e duas trajetórias históricas quase antagônicas.
De um lado está o Real Madrid, dono do estádio Santiago Bernabéu, localizado na avenida Paseo de la Castellana, num bairro nobre da cidade, com hotéis de luxo, grandes prédios e sedes de importantes empresas.
Do outro, o Atlético e seu Vicente Calderón, junto ao rio Manzanares, num bairro mais popular.
Menos de dez quilômetros separam os dois estádios, numa cidade que parece ter espaço para os dois clubes, com um Real Madrid aristocrático e vencedor, adornado por seus nove títulos europeus, e um Atlético acostumado a ser o "primo pobre", que nunca conseguiu levantar a 'taça orelhuda' da 'Champions'.
Aproveitando essa imagem de trabalhador humilde, o técnico do Atlético, o argentino Diego Simeone, não cansa de repetir que "a autêntica pressão é sentida de verdade pelas pessoas que lutam para dar o que comer aos filhos no fim do mês".
Mas seria simplificar demais dizer que o Real Madrid é o clube da classe alta e o Atlético, o clube dos menos abastados, já que ambos contam com torcedores em todas as classes.
O que é certo de fato é que o Real Madrid é o clube de maior torcida e o que movimenta mais dinheiro. O Atlético tem um orçamento quatro vezes menor do que o do rival, mas, nesta temporada, isso não foi empecilho para que o clube conquistasse o Campeonato Espanhol pela primeira vez em 18 anos, frustrando os poderosos Barcelona e Real.
Na verdade, o que difere mesmo Real e Atlético é a concepção de futebol de cada clube.
Os valores de compromisso, combate e sacrifício são repetidos como sermões que marcam a identidade de um Atlético que, historicamente, precisou remar contra a corrente.
"Ser torcedor do Atlético é ter orgulho dos jogadores, porque dão tudo de si quando estão em campo. Isso é a única coisa que nossa torcida exige", resume o meia Jorge Resurrección 'Koke'.
No Bernabéu, existem outros valores que também são vistos como importantes traços da personalidade do clube, como a elegância e a grandeza de uma história gloriosa.
Enquanto o Atlético geralmente precisa vender suas maiores estrelas para as contas baterem no final da temporada, o Real Madrid é, antes de tudo, um clube comprador e, com isso, formou sua constelação de 'galáticos' nos últimos anos.
"A história, a tradição deste clube é o jogo ofensivo, o jogo espetacular, e vamos trabalhar para poder mostrar um futebol que deixe nossos torcedores satisfeitos", resumiu o técnico italiano do Real, Carlo Ancelotti, no dia em que assumiu o cargo, no ano passado.
Os dois clubes foram fundados com um ano de diferença (Real em 1902, Atlético em 1903), mas uma visita às salas de troféus de ambos mostra uma indiscutível superioridade dos 'Merengues', com novo títulos europeus, duas Copas da Uefa (atual Liga Europa) e 32 títulos do Campeonato Espanhol.
Os 'Colchoneros' contam com duas Ligas Europa recentes (2010, 2012), mas perderam a única final de Liga dos Campeões que disputaram, em 1974 para o Bayern de Munique (1-1 após a prorrogação, 4-0 na partida de desempate). Isso contribuiu para fomentar a imagem de "Pupas", um termo usado na Espanha para definir um perdedor, alguém que sempre morre na praia.
Mas, pouco a pouco, a equipe vem desprendendo-se desse pessimismo crônico e a conquista da décima Liga Espanhola de sua história, no último sábado, contribuiu nesse sentido.
Vença quem vencer a final, o centro de Madri verá uma grande festa no sábado, seja na Fonte de Neptuno, onde normalmente comemoram os 'Colchoneros', ou a 500 metros de lá, na Praça de Cibeles, onde reúnem-se os 'Merengues' a cada título. Tão próximos e, ao mesmo tempo, tão distantes.
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