Tragédia da Chape inspirou livros e até filme não autorizado
Acidente aéreo foi base para três obras literárias e um documentário
Futebol|Leonardo Vallejo, do R7*
A Chapecoense viveu momentos distintos em 2016 e foi de sensação do futebol brasileiro e finalista da Copa Sul-Americana a segundo time no coração de todos. Não pelo título, conquistado sem entrar em campo, mas por uma tragédia que vitimou 71 pessoas e deixou seis sobreviventes com uma história de superação digna de cinema. E de livros.
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Um ano após a queda do avião, a Chapecoense vive um processo de reconstrução. Durante esse período, não faltaram homenagens de todos os cantos do mundo. Em 2017, o Verdão do Oeste foi convidado para jogar o tradicional torneio de pré-temporada Joan Gamper, diante do todo-poderoso Barcelona, como forma de homenagear as vítimas que se foram. E a história extraordinária de dor e superação foi traduzida em livros e até em filme, barrado pela Justiça por não ter sido autorizado pelo clube.
Histórias comoventes imortalizadas em livros
Os sobreviventes encontraram uma forma de compartilhar os momentos de agonia que passaram na madrugada de 28 para 29 de novembro do ano passado e estão tentando seguir adiante: publicaram livros contando suas experiências com a tragédia.
Rafael Henzel, com a obra Viva como se estivesse de partida, foi o primeiro. Em seu livro, o jornalista de 44 anos conta bastidores de horas que antecederam a tragédia, além do momento do acidente e sua recuperação.
"A todas as vítimas do voo da LaMia e seus familiares e a todos pessoas mundo afora que oraram por esses amigos que nos deram grandes alegrias", disse Henzel em passagem do Livro.
O narrador ainda agradeceu as pessoas que se solidarizaram com a situação: "Dedico essa obra também a todos aqueles que, numa rede infinita de solidariedade, me deram a oportunidade de levar a mensagem de que muitas vezes o impossível é possível".
O zagueiro Neto, último sobrevivente a ser encontrado pelas equipes de resgate, também jogou para as páginas de um livro as lembranças da quase morte.
Ele ficou por mais de seis horas entre as ferragens do avião. Em sua obra, intitulada, Posso crer no amanhã, Neto revelou momentos íntimos sobre a gravidez de sua esposa, sua relação com os filhos Helan e Helem e o começo de carreira difícil, quando teve que sair cedo de casa para tentar a sorte no futebol.
Ainda falou tudo sobre a experiência que adquiriu com a tragédia, os momentos que antecederam o caso e toda repercussão que gerou comoção mundial com queda do avião.
Além deles, a aeromoça que também sobreviveu a catástrofe, Ximena Suárez, lançou o livro Voltar aos céus. A obra conta a história da tragédia pela visão da comissária. Ela agradeceu a todos e deixou um recado para os outros cinco sobreviventes: "Dedico este livro a Deus, pela sua bondade infinita, aos meus familiares, meus filhos, aos sobreviventes, meus irmãos como assim eu os chamo, Erwin Tumiri, Alan Ruschel, Helio Neto, Jakson Follmann e Rafael Henzel", disse na cerimonia de lançamento do livro.
Até quem não viveu in loco os momentos de pânico quis registrar a experiência. Foi o caso de Yaneth Molina, controladora de voo que foi responsável por guiar o LaMia 2933. O livro Eu também sobrevivi contará o trágico acidente pela perspectiva de Yaneth, além de revelar aspectos técnicos que poderiam ter ocasionado a queda. A obra está sendo escrita pela mulher e seu marido, o também controlador de voo Carlos Acosta García.
A profissional de aviação conta como foi pressionada pelo acidente, os momentos de tensão, as ameaças que sofreu e a investigação de culminou na inocência dela sobre a tragédia. O livro ainda deve ser lançado e o lançamento no Brasil ainda não foi divulgado.
Filme barrado na Justiça
Marcado para estrear em 30 de novembro de 2017, O milagre de Chapecó conta a ascensão meteórica do clube alviverde no futebol brasileiro, passando pelo episódio trágico que deixou manchas de sangue na história do clube.
Apesar de estar pronto, o documentário foi impedido de ser exibido pela Justiça. A Chapecoense entrou com uma ação contra os produtores do filme alegando quebra de contrato, e a 3ª Vara Cível de Chapecó concedeu limiar ao clube que impede qualquer divulgação das filmagens.
*Sob supervisão de Paulo Amaral