Torcida promete resgatar mística da seleção brasileira
Movimento Verde Amarelo fez sucesso na Copa da Rússia, prepara novidades para a Copa América e estará no Mundial de futebol feminino
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
Crise no País. Falta de ousadia dos técnicos. Perda de jovens jogadores para o Exterior. Guerra de interesses, clubismo, violência. Globalização. Perda de identidade. Muitos fatores têm contribuído com o momento difícil pelo qual passa o futebol brasileiro. Inclusive a torcida.
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Ciente disso, uma associação de torcedores, chamada de Movimento Verde Amarelo, se formou em 2008, na tentativa de resgatar a paixão e o interesse do brasileiro pela sua seleção.
O grupo tem ramificações em vários esportes. Irá acompanhar a seleção no próximo Mundial de futebol feminino. E, como ocorreu na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, terá uma vertente ligada à ação social, chamada "Torcedores da Alegria", que, com técnicas dos "Doutores da Alegria", irá a hospitais para colaborar no tratamento de crianças.
Para a Copa América, seus líderes já pensam em algumas novidades, como trazer ônibus com ex-jogadores, campeões pelo Brasil em outras Copas, para a concentração da seleção, ajudando a levantar a torcida.
Outra iniciativa deve ser a criação de cãnticos especiais para cada jogador da seleção. Além de novas músicas ao estilo "ÔÔÔÔ, 58 foi Pelé... Em 62 foi o Mané.. Em 70 o esquadrão...", cantada com sucesso na Copa de 2018, na Rússia.
A paixão pela seleção brasileira ainda é forte, mas está adormecida, como o gigante futebol brasileiro, conforme afirma Luiz Carvalho, o Vasco, um dos fundadores do grupo.
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"A torcida pela seleção vive algo como uma demanda reprimida nos últimos anos. Nosso objetivo é justamente resgatar essa paixão e potencializá-la, com músicas vibrantes que elevem a seleção e sua história. Ligada a símbolos, à glória da camisa amarela, a torcida da seleção, de um país inteiro, atinge patamares inigualáveis no mundo."
Jogadores empolgados
Tem sido comum alguns torcedores, nesta fase de ceticismo, falarem com certa ironia da seleção brasileira. Isso é uma consequência e uma causa do problema pelo qual passa o futebol no País.
Na Copa da Rússia, o grupo criou slogans cantados que fizeram o torcedor redescobrir sua paixão pela seleção. Empolgou não só o público, mas os próprios jogadores, que gesticulavam emocionados durante os "esquenta" em frente ao ônibus, à concentração e nas caminhadas pelas ruas das cidades russas, antes e depois dos jogos.
"A torcida do Brasil, de uns tempos para cá, era menos estruturada, mas, no Mundial da Rússia, isso mudou, com músicas e iniciativas do grupo. O estilo de torcer ficou mais similar ao dos jogos de clubes. E na seleção isso fica ainda mais forte, por englobar todo o País. Foi um divisor de águas."
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Segundo Carvalho, os membros do grupo compram os ingressos individualmente, em lugares próximos, para se ajeitar durante os jogos. A organização tem cerca de 89 mil seguidores no WhatsApp e aglutina pessoas em vários locais, a partir de um núcleo de cerca de 70 torcedores. Na Rússia, em torno de 3 mil pessoas se juntou à torcida em diversas ocasiões.
Seleção acima de tudo
Agora, na Copa América, de 14 de junho a 7 de julho, no Brasil, o Movimento Verde Amarelo, que terá embaixadas com representantes em todas as cidades com jogos do Brasil, pretende ajudar a transformar a história da torcida pela seleção. Trazendo inclusive o púbico jovem, que tem se empolgado com essa iniciativa de resgatar valores históricos do chamado escrete nacional.
"A questão das músicas faz muita diferença. Com instrumentos, ritmo, a energia é contagiante. Colocamos cerca de 3 mil pessoas cantando pela seleção na Rússia. Na Copa América, no Brasil, é possível que 50, 60 mil torcedores se unam nas caminhadas e encham as ruas com vibração e cânticos. É uma oportunidade única da torcida fazer história. Isso após termos perdido a Copa do Mundo de 2014, um fiasco também em termos de torcida."
O próprio apelido de Carvalho, Vasco, vem do fato dele torcer pelo clube carioca. Mas ele usa o apelido para fomentar ainda mais seu vínculo com a seleção.
"É bom, porque mostra como os torcedores dos clubes devem se engajar pela seleção. No nosso grupo há absolutamente de tudo: tricolores, corintianos, flamenguistas...Orientamos para que nos jogos do Brasil ninguém vista camisa de clube. O que importa é torcer pelo Brasil. Seleção brasileira acima de tudo."
Neste sentido, para o futebol brasileiro voltar a brilhar, junto com a seleção, muitas coisas têm de ser feitas. Mas torcer a favor é o começo de tudo. Ou melhor, o recomeço.
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