Tchê Tchê revela que sofreu depressão antes de chegar ao Botafogo
Em depoimento forte, jogador conta como conseguiu 'sair do abismo' para viver sua melhor versão no clube carioca
Futebol|Do Live Futebol BR
Anunciado em abril deste ano como reforço do Botafogo para a temporada, o meio-campista Tchê Tchê revelou que sofreu depressão antes de chegar ao clube carioca.
Em texto publicado no The Players Tribune, portal especializado em relatos de atletas em primeira pessoa, o jogador de 30 anos contou que, em 2019, quando estava no São Paulo, começou a sentir dores no estômago.
“Começou com uma dor de estômago. Fiz uma endoscopia e os médicos viram que estava tudo vermelho, bem mal. Uma gastrite nervosa, nervosíssima. Na sequência foi chegando uma tristeza esquisita, meio fora de hora e de lugar. Eu me sentia pra baixo, mas, como não tinha motivo nenhum praquilo, deixava pra lá achando que logo ia melhorar. Não melhorou. A tristeza me engoliu”, desabafou o jogador.
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“Eu levantava de manhã pra ir treinar, mas não tinha vontade. Nem de treinar, nem de jogar, tá ligado? Fui ficando sem ânimo pra fazer as coisas, não queria sair de casa. O sofá e o colchão da cama me sugavam como se fossem areia movediça. Eu só afundava e chorava. Chorava o tempo todo”, continuou.
Segundo seu relato, Tchê Tchê optou por não contar a ninguém do clube à época. O jogador também escreveu que sua passagem Dynamo Kiev, da Ucrânia, onde se lesionou e ficou distante da família e amigos, pode ter influenciado sobre seu estado psicológico.
“Depois de cinco meses só saindo de casa pra treinar e jogar, um dia fui ao cinema com a minha esposa. Foi difícil e estranho estar no meio das pessoas. Eu achava que me olhavam, sabiam que eu sofria de depressão e pensavam ‘mas que frescura’. Tem muita gente que acha que depressão é frescura. Não é. A galera olha pra gente, jogador profissional, e só enxerga o carro, a casa, o salário, as taças.”
Tem muita gente que acha que depressão é frescura. Não é
Tchê Tchê buscou ajuda profissional somente depois de ter superado a pior parte da depressão. Ele contou que conseguiu superar com a ajuda de médicos e sua família.
“'Só depois que o pior passou eu procurei a psicóloga do São Paulo. Ela disse que eu tinha sido muito forte de ter conseguido atravessar uma depressão sem ajuda especializada. Mas não foi porque eu quis, foi porque eu não consegui gritar socorro. Foi assim que, com a ajuda da minha esposa, do meu filho e dos meus pais, eu agarrei a corda e aos poucos fui voltando do abismo”.
Danilo das Neves Pinheiro, o Tchê Tchê, ganhou destaque no Audax em 2016. Assinou com o Palmeiras, ficou até 2018 e foi para a Ucrânia. Voltou para o Brasil para defender o São Paulo em 2019, onde ficou até se transferir para o Atlético-MG em 2021 e, neste ano, assinar com o Botafogo.
“Agora no Botafogo, sou de novo a melhor versão de mim”, completou.
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