Se Vini Jr ficar no Real por dinheiro, será uma derrota na luta contra o racismo dos torcedores espanhóis

Todos já sabemos as questões gravíssimas que explodiram desde domingo (21) com as manifestações de racismo sofridas pelo jogador Vinícius Jr. E de como a imprensa espanhola fez de conta que a vítima era a culpada pelo escândalo que tomou as manchetes esportivas do mundo todo — para a vergonha do país europeu.

E, por fim, a forma tardia (e, aceitemos, covarde) como o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, decidiu vir finalmente a público defender seu jogador — agredido e humilhado há meses pela horda racista que frequenta as arquibancadas, da Andaluzia a Bilbao.

Em um vídeo de apoio, Pérez mostrou-se tão indignado com o sofrimento do atleta quanto oportunista em proteger a imagem de um país já rotulado como racista, deseducado e atrasado em criar leis que punam humanos que se comportam como animais enjaulados em estádios de futebol.

Mais do que a própria nação, o presidente do clube madrilenho deixou escapar que sua prioridade é dinheiro. Foi o que ele deixou entender nas entrelinhas de seus compromissos assumidos em defesa de Vini. A promessa de renovação de um contrato bilionário, com uma multa astronômica, vinda do cartola (em castelhano, “sombrero de copa”, vejam só), é de um cinismo e uma burrice exemplares.

Se houver gente decente ao lado de Vini, que lhe deem um conselho (não cobrarei royalties): que o jovem e talentoso craque deixe claríssimo que permanecerá no Real Madrid por coragem, decência, vergonha na cara e orgulho de sua negritude. E não por dinheiro.