São Paulo vence o São Bento com gol de Ceni em noite de protesto da torcida

A vitória por 1 a 0 sobre o São Bento, pelo Campeonato Paulista, nesta quinta (12), com gol de pênalti marcado por Rogério Ceni, salvou noite infeliz do São Paulo, mas o resultado foi o menos importante. O mais preocupante é o momento do clube e do time.

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O Tricolor atual não representa seu torcedor e não o contrário, que fique claro. Não há relação quando uma das partes sente-se abandonada. O abandono geral é apenas consequência. A temporada já está a pleno vapor e o Tricolor não sabe como jogar. Muricy Ramalho mudou seis peças da formação que perdeu para o Corinthians por 1 a 0, no último domingo. De nada adiantou. O São Paulo atual é apenas uma reunião de bons jogadores. Sem alma.

O jogo ruim apenas refletiu o ambiente. Não surpreendeu, mas impressionou desde o início o clima que nada lembrou uma partida de futebol, de um clube grande. Morumbi vazio, torcedores fazendo questão de dizer que ficariam fora do estádio. Protesto: "Venho, mas não entro" era a faixa exibida por fãs do lado de fora.

A reclamação passa por preço dos ingressos, mau futebol apresentado pelo time, incompetência e irresponsabilidade de quem comanda o clube. O São Paulo atual é um reflexo de sua diretoria, que bate cabeça com declarações bizarras e inverte uma ordem que deveria ser sagrada no futebol: não é o torcedor que tem de se adaptar ao clube, é o clube que tem de se adaptar ao torcedor.

A insatisfação na arquibancada gerou cenas bizarras. O São Paulo deu o pontapé inicial quando nem as torcidas organizadas estavam ainda no Morumbi. Escalação cantada dos jogadores? Hino de início, tradição no estádio? Nada. Até a já famosa Hells Bells, do AC/DC, foi abolida pelo clube e fez da noite ainda mais estranha.

É bom que se diga que o São Bento nada tem a ver com isso. E se aproveitou como pôde da fase são-paulina. Foi para cima, criou boas chances e poderia ter aberto o placar a qualquer momento. Ouve até gritos da torcida visitante. Ficou de bom tamanho.

Voltando ao São Paulo, apenas Michel Bastos e Hudson apresentaram um futebol digno. Ambos foram protagonistas nas chances criadas no sacrifício. Daí surgiu uma cabeçada de Centurión na trave e outros dois bons chutes de Michel de fora da área, além do pênalti e uma infiltração do volante, que entrou no segundo tempo.

Na arquibancada, a torcida organizada protestou de maneira mais acintosa e pediu a cabeça do vice-presidente de futebol Ataide Gil Guerreiro. O dirigente disse após o Majestoso que o Corinthians estava se acostumando a jogar com portões fechados. Zombou de seus próprios torcedores. E corre o risco de ver seu time jogar sempre de "portões fechados", caso não tome providências urgentes. Sobrou também para Muricy: "Ô, ô, ô, queremos trabalho!", cantaram os torcedores, seguido de "olê, olê, olê, Telê! Telê".

A "guerra" entra as partes gerou mais situações bizarras. Com 0 a 0 no placar, no segundo tempo, os torcedores gritavam "olé", "é campeão!" e "o campeão voltou!". A ironia incomum só foi aliviada com o gol de Rogério Ceni. Aos 28 minutos, Hudson sofreu pênalti - só podia ser assim - e o goleiro bateu bem, se redimindo da chance desperdiçada contra o Corinthians, quando parou em Cássio.

O São Paulo está a menos de uma semana de uma decisão na Libertadores, contra o San Lorenzo (ARG), também no Morumbi. A quarta-feira que vem é determinante para o futuro do clube na temporada e o cenário é o pior possível. Não há nenhum indício de reação. Será uma surpresa se o time apresentar aquele futebol que todos esperavam dele no começo da temporada.

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FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO 1 X 0 SÃO BENTO

Local: Morumbi, em São Paulo (SP)

Data/Hora: 12/3/2015 – 19h30

Árbitro: José Cláudio Rocha Filho (SP)

Auxiliares: Alberto Poletto Masseira e Eduardo Vequi Marciano (ambos de SP)

Público/Renda: 4.507 pagantes/R$ 119.375,00

Cartões Amarelos: Denilson e Thiago Mendes (SAO); Marcelo Cordeiro (SBO)

Cartão Vermelho: Eder Correia (SBO)

GOLS: Rogério Ceni, aos 28'/2ºT (1-0)

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Auro, Lucão, Edson Silva e Carlinhos; Denilson, Thiago Mendes (Hudson - Intervalo), Michel Bastos e Centurión (Boschilia, aos 20'/2ºT); Alexandre Pato e Alan Kardec (Ewandro, aos 40'/2ºT). Técnico: Muricy Ramalho

SÃO BENTO: Henal; Alex Reinaldo, Wanderson, João Paulo e Marcelo Cordeiro; Eder Correia, Renan (Éder, aos 32'/2ºT), Sergio e Giovanni (Diego Barbosa, aos 22'/2ºT); Renan Mota (Chico, aos 37'/2ºT) e Romário. Técnico: Paulo Roberto Santos