Santos corta refeições da base enquanto sonha com milhões do atacante Gabriel
Clube é acusado de deixar meninos com fome, apesar de ganhar muito na negociação de craques
Futebol|Do R7
De um lado, o Santos estipula uma multa contratual milionária, de cerca de R$ 150 milhões, em caso de saída do jovem Gabigol para equipes de outros países. Nesta terça-feira (16), a diretoria anunciou que este valor foi estendido junto com o contrato do jogador, que passou a ter duração de cinco anos.
De outro, o corte de custos e até denúncias de que as categorias de base do clube pararam de servir refeições aos jogadores nos finais de semana. O que teria a ver um fato com o outro?
A relação entre as duas situações é básica: no Santos, todo o dinheiro que entra vai embora com a mesma rapidez. Desde 2005, somente com a venda de quatro jogadores - Robinho, Diego, Neymar e Ganso - o clube ganhou cerca de R$ 160 milhões.
Isso sem contar todas as outras negociações, como a de Bruno Peres com o Torino, que está para pagar uma parcela de R$ 2,9 milhões pela transferência do lateral. No entanto, não tem adiantado acumular milhões e milhões de reais com a negociação de jogadores se, meses depois, o clube não tem dinheiro nem para pagar salários.
O déficit nos primeiros seis meses de 2014 foi de cerca de R$ 7 milhões. Os dirigentes continuam acreditando que as grandes quantias obtidas com a ida das revelações para o exterior irão sanear as finanças. Mas os valores se diluem rapidamente e a agremiação se depara com situações patéticas de tempos em tempos. Atrasa o pagamento dos funcionários e corta custos justamente no setor que mais poderia render reais dividendos ao clube, se bem capitalizado: o de revelação de promessas.
O Santos nega que deixou de dar alimentação aos jovens aos sábados e domingos. Diz, em nota oficial, procedimento que o presidente Odílio Rodrigues tem utilizado para não dar entrevistas, que as refeições só deixaram de ser fornacidas nos dias 7 e 8 de setembro, por ser tratarem de feriados.
Empresários e familiares dos jogadores, porém, contestam a informação e garantem que, para economizar, o clube passou a dar alimentação, inclusive aos jovens que estão alojados no Centro de Treinamento, somente de segunda a sexta-feira.
Torcida do Santos coloca presidente Odílio Rodrigues à venda na internet
Além disso, o time profissional está sem os 17 últimos pagamentos de bicho. E o clube não forneceu internet sem fio aos jornalistas durante o jogo contra o Coritiba, alegando que o departamento de tecnologia está passando por uma reestruturação.
O corte de gastos também fez com que as dançarinas que se apresentam antes dos jogos e no intervalo tivessem suas performances canceladas. Do jeito que está, se houver a debandada de atletas por falta de infraestrutura, nem mais o dinheiro com a venda de talentos estará garantido.
Em vez de evoluir e administrar melhor as potencialidades da base, o clube estará retrocedendo. Entrará em um ciclo de problemas que precisarão de soluções cada vez mais insuficientes, como empréstimos e aumento das dívidas. E não terá mais recursos para planejar o próprio futuro do clube. Além da fome de recursos, o Santos poderá ter sede de talentos.