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BRASILEIRO 2022

Rojas mostra mágoa por não ter sido convidado para despedida de Ceni

Ex-goleiro, preparador e técnico, El Condor quer voltar ao futebol

Futebol|André Avelar, do R7

Rogério Ceni foi treinado por Roberto Rojas por mais de dez anos no São Paulo
Rogério Ceni foi treinado por Roberto Rojas por mais de dez anos no São Paulo

Quem lutou pela vida dificilmente tem tempo para grandes lamentações. Mesmo assim, Roberto Rojas deixou escapar uma pontinha de mágoa com alguém que conviveu por mais de uma década. O ex-goleiro, preparador e técnico do São Paulo lamentou não ter sido convidado para a despedida de Rogério Ceni. Recuperado de um transplante de fígado, uma rara deficiência no pulmão e demais complicações de saúde, o chileno planeja voltar a trabalhar com o futebol.

Depois de boas atuações pelo Colo Colo contra o próprio São Paulo na Libertadores de 1987, o goleiro foi convocado para a Copa América daquele ano e contratado pelo Tricolor para disputar posição com Gilmar Rinaldi. Até que em 1989, em uma armação junto com Fernando Astengo, El Condor aceitou esconder uma lâmina de barbear na luva e se cortar durante a partida entre Brasil e Chile, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, no episódio que ficou conhecido pela “Fogueteira do Maracanã”.

Rojas chegou a ser técnico do São Paulo em 2003
Rojas chegou a ser técnico do São Paulo em 2003

A intensão chilena era se aproveitar de um sinalizador que foi jogado em campo para simular que havia sido atingido e assim suspender a partida, que já estava 1 a 0 para o Brasil, aos 24 minutos do segundo tempo. Rojas foi levado ao vestiário pelos próprios companheiros, mas os médicos que o examinaram encontraram só uma corte superficial, sem vestígios de pólvora. Mais tarde, o Chile foi impedido de disputar jogos oficiais e o ótimo goleiro foi banido do esporte.

Foi no próprio São Paulo que sentiu novamente o cheiro da grama. Em 1996, começou a trabalhar como preparador e goleiros e, claro, treinar diariamente com um já obstinado Rogério Ceni. Permaneceu na função até 2003 com o goleiro já titular, capitão e mito, como se orgulham de dizer os torcedores. No momento em que o time precisou, aceitou “quebrar o galho” e substituiu Oswaldo de Oliveira como técnico. Em 52 jogos, obteve 28 vitórias, 13 empates e sofreu 11 derrotas.


El Condor quase trabalhou com Sierra no Colo Colo
El Condor quase trabalhou com Sierra no Colo Colo

Quando estava perto de dirigir o time na cobiçada Libertadores, foi estranhamente substituído pelo técnico Cuca em 2004. Sem nenhuma atenção da diretoria, voltou para a função de preparador de goleiros e permaneceu no clube por mais dois anos até se aventurar como treinador em outras bandas.

“No São Paulo, faz muito tempo que não vou. A última vez que fui lá, foi na despedida do Rogério, mas não fui na despedida. Não [sei se gosta] muito porque ele não me convidou [para a despedida dele]. Não sei se ele gosta de mim, mas eu gosto dele. Eu convidaria ele para a minha festa, mas ele não me convidou para a dele. Não sei se ele gosta, mas tudo bem”, disse Rojas, em encontro com a reportagem durante exatamente um Brasil e Chile, desta vez, claro, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.


Em 2009, veio a dor maior que qualquer banimento do esporte. O agora treinador havia acabado de deixar o Sport quando teve diagnosticada hepatite C. Logo para quem nunca bebeu, nunca fumou, nunca se drogou, teve severas complicações com a doença e chegou a ficar com apenas 20% do fígado funcionando. Foi transplantado. Em 2014, depois de sucessivas infecções urinárias, encontrou uma rara torção no pulmão. Como se não bastasse, sofreu com tragédias familiares. Agora, está melhor. Mais do que isso, quer voltar a trabalhar.

“Estou bem. A cirurgia foi muito boa e agora estamos aí continuando o tratamento com remédios e os cuidados que a gente tem que ter”, disse Rojas que, ao lado da mulher Viviane e dos filhos, segue morando no Brasil e não demonstra ter derrubado uma lágrima sequer. “Gostaria de voltar a trabalhar com o futebol. Na TV, no rádio, eu quero estar trabalhando. Poderia ser um aporte parte de uma comissão.”


Aos 60 anos, Rojas sabe que a rotina de um time de futebol é pesada mas, apesar de parecer apenas frase de auto-ajuda, nada torna-se impossível para quem passou por cima de tanta coisa. No ano passado, o chileno esteve perto de voltar a trabalhar no Colo Colo, com o técnico José Luís Sierra, outro chileno que também encantou o Morumbi. Os contatos foram bons, mas não foram adiante.

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Procurado, Rogério Ceni não foi encontrado para comentar a relação com Rojas. Ainda na época da despedida dos gramados, em dezembro de 2015, o camisa 01 justificou dizendo que deixou sim antigos companheiros de fora, mas porque havia selecionado jogadores da equipe “com mais talento” que viu jogar (campeões mundiais de 1993) e “com mais alma” (campeões mundiais de 2005).

Se vai voltar ao Morumbi? Rojas responde com a mesma força de sempre:

“Um dia, um dia.”

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