River x Boca em Madri envergonha a Argentina, diz psicólogo
Ele acredita que exista uma tentativa de esconder a realidade da atual crise de valores pela qual passa o país
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
Enquanto dirigentes de River Plate, Boca Juniors e da Conmebol continuam enaltecendo o superclássico argentino, a população argentina, em sua maioria, está envergonhada de tudo o que está acontecendo em relação a esta final da Libertadores de 2018, entre as duas equipes, neste domingo (9), às 17h30, em Madri, na opinião do psicólogo argentino Eduardo Sincofsky, formado pela Universidade de Buenos Aires.
Os arroubos dos presunçosos que elevam a final a patamares estratosféricos, colocando-a como a maior de todos os tempos, são uma tentativa de esconder uma realidade que, na opinião de Sincofsky, é evidente e reflete uma crise de valores pela qual passa o país. Em parte por culpa do atual governo.
"Esse jogo sendo realizado em Madri, mostra um sintoma de uma tragédia nacional. Sobre segurança, planejamento do Estado e sobre a cultura de se tirar vantagens acima do outro."
Estão incluídos nessa declaração vários pontos que, segundo ele, viraram assunto nos últimos dias no país. Um deles é a própria subserviência de parte das autoridades, inclusive do futebol, à violência das torcidas.
No país, se comenta que a agressão dos barra bravas do River, que apedrejaram o ônibus da delegação do Boca, antes da segunda partida, que seria disputada no Monumental de Nuñez (estádio do River), foi uma represália pelo fato de não terem recebido uma cota maior de ingressos.
River Plate x Boca Juniors irá gerar verdadeira bolada para Madri
Outro ponto mencionado pelo psicólogo, que é torcedor do San Lorenzo, diz respeito à própria incapacidade do governo em organizar a segurança nas cidades. E o terceiro fator foi a aceitação, por parte do Boca, de levar vantagem em não ter mais de jogar na casa do adversário, após tanto protestar em favor dos valores éticos no Esporte.
"O sentimento que prevalece no país é de tristeza e de vergonha. Fica a sensação de que acabou se tirando a vantagem de um time. E que se perdeu justamente o orgulho, fazendo a final da Copa Libertadores de América ser jogada na casa dos conquistadores."
Ele afirma que o desgosto foi tão grande que nenhum dos dois clubes conseguiu vender todos os ingressos disponibilizados na Argentina.
"O jogo em Madri favorece aos argentinos que moram no Exterior e vão à partida porque estão mais próximos."
Sincofsky cita o editorial da jornalista Cristina Cubero Alcalde, subdiretora do diário Mundo Deportivo, de Barcelona, que acredita que o jogo se tornou um instrumento político. Alcalde afirma:
"A culpa é de quem não entende que essa festa é uma chance de vida. A culpa é de Mauricio Macri por não impor que o jogo tem de ser realizado em Buenos Aires ou então não ser jogado. A culpa é dos presidentes do River e do Boca que não assumiram a responsabilidade. Porque eles têm a responsabilidade e o poder de fazê-lo. A Conmebol se vendeu porque fica melhor na foto fazer a final luxuosa e organizada no Santiago Bernabéu, o estádio em que vamos levar os ricos para ver um show artificial. Nós vamos continuar roubando. No futebol e até as almas deles ... "
Veja a galeria: Relembre 10 confusões na história do superclássico entre Boca e River