Público em estádios no Brasil é o quarto que mais cresce no mundo
Mas, pelo fato de processo de profissionalização da gestão ser recente, o Brasil está apenas em 13º lugar entre as melhores médias do planeta
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
O público em estádios de futebol no Brasil aumentou 27% nos últimos 15 anos, conforme apontou o 44º Relatório Mensal do CIES Football Observatory, entidade especializada em estatísticas esportivas sediada em Neuchatel, na Suíça.
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Pela pesquisa do CIES, o crescimento da média de público no futebol brasileiro na primeira divisão é o quarto maior entre as 26 ligas analisadas.
Para Denis Rappaport, economista formado pela Fundação Getúlio Vargas, especializado em esportes, um fato que merece destaque é que o público no Brasil tem aumentado mesmo em quadro econômico adverso no país.
Isso decorre, segundo ele, de um processo de profissionalização da gestão esportiva brasileira, ainda recente.
"Menos violência (dentro do estádio), mais conforto nos estádios (muitos deles, arenas), mais facilidade para a compra de ingressos (programas sócio-torcedor e internet) e um esquema inteligente de determinação de preços foram determinantes para esse crescimento", diz.
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Entre 51 ligas analisadas, incluindo algumas da segunda divisão, a média de público brasileira, porém, ainda fica ausente do top 10: é apenas a 13ª colocada. A melhor é a da primeira divisão na Alemanha, a Bundesliga, que tem média de 43.302 pagantes por jogo.
Pelo fato de o processo ser recente, no entanto, o Brasil se mantém em uma posição apenas intermediária, em relação a outras ligas, segundo Rappaport.
"Por anos e anos, o Brasil sofreu com uma administração amadora do produto ( futebol ao vivo), que só recentemente passou a ser profissionalizada."
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Potencial de crescimento
O economista considera ser importante o incremento cada vez maior de uma política de preços, que segundo ele já se iniciou.
"Não faz nenhum sentido cobrar o mesmo preço para a final da Libertadores e para um jogo de fase preliminar de Estadual", ressalta.
Segundo ele, recentemente os clubes adotaram "softwares" inteligentes que calibram o preço dos ingressos de acordo com a atratividade das partidas.
"E isso melhorou muito o público. Se nossa renda é mais baixa, nossos ingressos têm que ser mais baratos. Essa profissionalização da politica de preços de ingressos é recente no Brasil."
O especialista acredita que haja muito potencial de crescimento a ser explorado.
"Com a continua profisssionalização da administração do futebol é provável que o público possa continuar aumentando, se aproximando de níveis europeus", comenta.
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Megaeventos impulsionam
No estudo da CIES, a liga que mais apontou crescimento foi a polonesa, com 47% de avanço em 15 anos, muito em função do estímulo decorrente da realização da Euro 2012 também no país.
Já a liga americana, a MLS (Major League Soccer), teve a segunda maior alta, com 34%. Segundo Rappaport, o futebol nos Estados Unidos é um case a ser seguido.
"O sucesso de ligas novas como a MLS mostra que uma política interessante de marketing e investimento na qualidade do produto são suficientes para a ampliação da demanda de público por futebol ao vivo. Ou seja, futebol é paixão. Mas cabe ao marketing esportivo estimular e rentabilizar essa paixão", conclui.
Melhores médias
Entre as melhores médias verificadas nas 51 ligas, o crescimento das que se mantiveram em primeiro não foi tão intenso, devido aos altos índices já alcaçados por estas há algum tempo.
É o caso da Bundesliga, primeira divisão alemã. Em 2003, a média de público local era de 39.078 pessoas. Em 2018, subiu para 43.302, um aumento de 11%.
A Premier League, da Inglaterra, vem em segundo lugar, com média de 36.675 pessoas. Em terceiro está a liga principal da Espanha, a La Liga, com média de 27.381 pessoas.
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Na quarta posição fica a liga mexicana, com média de 25.582, acima até da antes badalada liga italiana, hoje com 22.967 de média. O Campeonato Mexicano é o primeiro em média de público fora da Europa.
O principal campeonato da Itália foi um dos que registraram queda nos últimos cinco anos, já que, em 2013, a média era de 23.245, ou 1% a menos, mesmo percentual de queda do Campeonato Russo.
A J-League, do Japão, também apontou baixa, de 3%, indo de 18.880 em 2003 para 18.227 em 2018. Veja as principais listas das médias de público nos gráficos abaixo.
Nenhum clube brasileiro
Em relação aos clubes, o Brasil não teve nenhum representante entre as 51 melhores médias de público.
Impulsionado pela organização do futebol alemão, pelo tamanho de seu estádio e pelo crescimento nos últimos anos, o Borussia Dortmund é o clube com maior média de público no mundo: 80.230.
Depois vêm o Manchester United, com 75.218; o Barcelona, com 74.876; o Bayern de Munique, com 73.881 e o Real Madrid, com a média de 69.822 pessoas em cada jogo.
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