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BRASILEIRO 2022

Proibida de jogar futebol pela Fifa, seleção russa está em São Paulo para driblar sanção

Copa Brics sub-17 reúne grandes paulistas, times sem divisão, e Rússia e Zenit em 'partidas aleatórias'

Futebol|Gabriel Herbelha, do R7

Jogadores da seleção russa carregam bandeira do país em foto pré-jogo
Jogadores da seleção russa carregam bandeira do país em foto pré-jogo

Um torneio sub-17, disputado em estádios de bairro e em centros de treinamento na grande São Paulo e em horários pouco atrativos, em tese, não chamaria tanta atenção. Isso se não fosse a participação da seleção da Rússia, que desde o ano passado está proibida de disputar jogos oficiais da Fifa, por conta da invasão da Ucrânia.

A Copa Brics é uma iniciativa do fórum de municípios do bloco de cooperação econômica formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ela foi criada para estreitar laços entre os países, focado na esfera municipal.

Nesta edição piloto, Juventus da Mooca, Santos, Palmeiras e o Zenit de São Petersburgo (RUS) estão no grupo A, e Flamengo de Guarulhos, Nacional da Barra Funda, Corinthians e a seleção russa no grupo B. Os times se enfrentam em jogos que são verdadeiras “joias” para os fãs do futebol alternativo.

Disputada entre os dias 26 de maio a 2 de junho, os dois melhores de cada grupo avançam para as semifinais, que, assim como a grande decisão, será em jogo único.


“Estamos fazendo um experimento. Estive no ano passado na Rússia e falei com algumas pessoas interessadas, que não seria nada grande, uma coisa bem restrita, para a gente entender, e mandei um ofício. Veio a grata a notícia que tanto o Zenit como a Rússia se prontificaram a participar”, afirma Devanir Cavalcante, embaixador do fórum dos Municípios Brics.

Na última segunda-feira (29), os russos enfrentaram o Nacional, no histórico estádio Nicolau Alayon, localizado no bairro da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.


Nas grades que davam acesso às arquibancadas, um funcionário do Nacional informava que não estava autorizada a entrada de torcedores. A ordem teria partido da Federação Russa de Futebol.

Jogadores das duas equipes se cumprimentaram antes do jogo
Jogadores das duas equipes se cumprimentaram antes do jogo

O rumor sobre o motivo da proibição seria evitar protestos contra a guerra envolvendo Rússia e Ucrânia. Comentários feitos nas redes sociais marcando encontros durante os jogos da Copa Brics para realizar manifestações pró-Ucrânia teriam motivado o pedido.


A organização nega, e afirma que a decisão das partidas com portões fechados é justificada pela impossibilidade de estrutura para receber grandes públicos, motivados pela participação da seleção e dos grandes paulistas.

Apesar disso, ao longo dos dois jogos do dia — Nacional x Rússia, e Santos x Zenit — pouco mais de cem pessoas assistiram às partidas na arquibancada central.

Entre eles, figuras conhecidas do esporte, como o ex-lateral Kléber, com passagens marcantes por Santos e Corinthians, e o ex-atacante Alberto, campeão brasileiro com o Santos, em 2002, que também passou por Palmeiras, Internacional e pelo futebol russo.

A partida

O camisa 10 russo, Artem Korneev, deu trabalho para os adversários
O camisa 10 russo, Artem Korneev, deu trabalho para os adversários

“O time dos caras nem é tão bom, mas eles são muito fortes”, confidenciava o atacante Uendel, camisa nove do Nacional, durante o aquecimento.

Aos 17 anos, ele é mais um das centenas de jovem deste torneio e, todos, com o mesmo sonho de ser jogador profissional. Seja o garoto nascido em uma ex-república soviética, ou o que jogue em times sem divisão do calendário brasileiro.

Em campo, a diferença técnica e física dos dois times foi brutal. A Rússia não teve piedade do adversário brasileiro e goleou o Nacional por 7 a 0.

Os gols da partida foram marcados por Cheburakov (2X), Volkov, Popushoy, Korneev, Okishor e Pedro henrique (contra).

Russos não tiraram o pé e aplicaram goleada no Nacional
Russos não tiraram o pé e aplicaram goleada no Nacional

Autor do sexto gol do jogo, Viktor Okishor disse que aquela era “uma grande experiência para ele”, já que queria saber como era a técnica individual dos jogadores brasileiros.

Ponta habilidoso, o camisa 19 da Rússia elegeu Vinicius Júnior, do Real Madrid, como seu jogador brasileiro favorito, e também como “principal jogador do mundo”.

O treinador da seleção russa sub-17, Denis Pervushin, conversou com o R7,com a ajuda de Nick, russo que vive no Brasil há um ano, e, embora tenha um sotaque característico, domina o idioma português.

Denis Pervushin é treinador do sub-17 da seleção russa
Denis Pervushin é treinador do sub-17 da seleção russa

“Nós sentimos falta dos jogos internacionais e por isso essa é uma grande experiência para nós. Em relação ao gramado, gostaria de dizer que os jogadores brasileiros comprovam o seu nível de técnica”, disse o comandante.

A crítica ao gramado foi recorrente entre a comissão técnica russa. “Em relação à equipe brasileira, eles dominam muito a técnica, conhecem tudo. Já, nós, russos, temos caráter forte, e queremos vencer”, completou Pervushin.

Nikita, porta-voz da seleção de base do país, comemorou a oportunidade de enfrentar adversários de nível técnico maior do que o habitual.

“É muito importante para nós, porque agora temos falta de competições porque não jogamos em competições europeias e sempre procuramos outras partidas, e geralmente jogamos com países vizinhos, como Cazaquistão, Bielorrússia. Não é o suficiente, queremos desafios maiores e claro que o futebol brasileiro é muito especial”.

A partida foi uma chance de alguns torcedores russos e pessoas com ligações diretas com o país, prestigiarem a seleção.

O médico Gabriel Leal, por exemplo, é brasileiro, mas morou seis anos em Kursk, cidade russa que fica a cerca de 528 km de distância da capital Moscou.

Gabriel morou na Rússia durante seis anos e trouxe a camisa do seu clube de coração no país, o Avangard Kursk, da terceira divisão
Gabriel morou na Rússia durante seis anos e trouxe a camisa do seu clube de coração no país, o Avangard Kursk, da terceira divisão

“Como eu morei lá, tinha um time da cidade, o Avangard Kursk, e eu ia praticamente todo o jogo, já que eu morava bem perto do estádio, aí fiquei sabendo que ia ter o jogo aqui e vim”, conta o jovem, que fala russo fluente, e que diz que “com certeza” voltará um dia para o país em que estudou.

“Os brasileiros têm aquele negócio da Rússia ser muito fechada, né? Realmente o russo é assim, mas depois que você faz amizade é normal, igual ao brasileiro”, conta Gabriel.

Perto dele, cerca de 15 russos, que trabalham no Consulado e no Escritório Comercial da Rússia em São Paulo, assistiram e comemoraram bastante os gols dos selecionados.

Jogadores do Zenit e do Santos se cumprimentam
antes do início da partida
Jogadores do Zenit e do Santos se cumprimentam antes do início da partida

Na segunda partida do dia, o Santos enfrentou o Zenit, que no profissional, é o principal time russo, e conta com nomes conhecidos do futebol brasileiro, como o ponta-direita Malcom, ex-Barcelona, o meio-campo Claudinho, ex-Red Bull Bragantino, e o atacante Mantuan, emprestado pelo Corinthians.

O alvinegro praiano “vingou” o Nacional, e venceu o Zenit por 2 a 1, com duas falhas bisonhas do goleiro russo.

Organizadores sonham alto

Segundo os organizadores, o evento sub-17 não passa de um teste para planos mais ambiciosos para a Copa Brics.

A ideia para o próximo ano é que a competição se torne parte do calendário de pré-temporada do futebol brasileiro, e que tenha a participação de gigantes do futebol brasileiro, em jogos disputados no Catar.

Flamengo, Santos e Palmeiras foram os clubes convidados para participar da próxima edição, com os elencos profissionais. No entanto, nenhum acordo ainda foi sacramentado.

As promessas para futuros eventos, com premiações para os envolvidos, e presença de clubes de mais de 15 países ainda contrastam com uma competição pouco divulgada, que ganhou notoriedade pela peculiaridade das partidas.

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