O que explica a corrupção de jogadores ricos que se vendem às máfias do futebol

O que mais chama atenção nesse escândalo de manipulação e maracutaias das casas de apostas digitais é o porquê de jogadores profissionais (supostamente muito bem remunerados) aceitaram entrar no mundo do crime por valores, na verdade, miseráveis diante do que eles já ganham.

Que sempre houve vantagem, suborno e manipulação em jogos, nenhuma novidade. Talvez Charles Miller escape dessa desconfiança, em homenagem ao seu aristocrático pioneirismo. Mas, provavelmente na terceira partida disputada no campão do bairro, algum malandro da arquibancada já tenha bolado um esquema de apostar com o vizinho do lado qual time iria vencer o jogo.

Não foram necessários cem anos para que prosperassem as máfias que tomaram conta de toda e qualquer possibilidade de monetizar incidentes, por mais esdrúxulos que sejam (quem baterá o primeiro escanteio? Que jogador da NBA sairá com o polegar opositor machucado? Qual tenista vai deixar escapar o elástico de cabelo?). Está tudo dominado.

Mas, no universo profissional dos grandes eventos esportivos, é raríssimo um atleta mal remunerado. Não estamos falando da segunda divisão do campeonato de handebol de Roraima. Trata-se da Série A do Campeonato Brasileiro o que chegou ao Ministéiro Público de Goiás e, agora, à Polícia Federal.

No caso do jogador do Santos envolvido no escândalo, é pouco provável que ele ganhe menos de R$ 200 mil por mês, ou R$ 2,4 milhões por ano. Por que esse (ainda suspeito) imbecil arriscaria sua carreira por miseráveis (no caso) R$ 50 mil? Troco de pinga, dinheiro de churrasco com picanha para um jogador de grande time. É muita burrice, ganância ou falta de caráter.

Cada um que se explique. Em um país em que uma mãe que rouba 1 quilo de carne em um supermercado apanha de segurança e pega dois anos de cadeia, não dá para ter pena desse tipo de gente. Tomem vergonha na cara, canalhas. Ou achavam que iriam ficar impunes? Recebam!