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BRASILEIRO 2022

Médico que atendeu atletas da Chape achou que Neto fosse morrer

Ferney Rodríguez Tobón é diretor do San Vicente Fundación, em Medellín

Futebol|Paulo Amaral e Raphael Hakime, do R7

Neto deixa hospital em Chapecó após longa e dura recuperação
Neto deixa hospital em Chapecó após longa e dura recuperação

Passados exatamente 365 dias do trágico acidente que dizimou a delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes no voo que levava o time de Santa Catarina para disputar a final da Copa Sul-Americana, na Colômbia, o médico que cuidou dos quatro brasileiros sobreviventes — três jogadores e o jornalista Rafael Henzel — conversou por telefone com o R7 e revelou detalhes até então desconhecidos da fatídica noite.

Ferney Rodríguez Tobón, diretor médico do Hospital San Vicente Fundación, que fica em Rionegro, a aproximadamente 40 km de distância do local do acidente com o avião da Chape, lembrou que teve preocupação especial com o zagueiro Neto, último a ser retirado com vida dos escombros, e que não foi encaminhado diretamente para seus cuidados (foi levado à clínica San Juan de Diós, na localidade de La Ceja), chegando ao San Vicente somente no dia 2 de dezembro.

"Após nossas avaliações, nos demos conta de que Hélio Neto era o que tinha muito mais risco por causa do trauma e porque ficou mais tempo, claro, que os outros no local do acidente [foi resgatado sete horas depois da queda do avião]. O problema grande do Neto é que ele teve um trauma pulmonar e ficou por muito tempo sujeito ao mau tempo no local do acidente. Nos dias posteriores, ele teve uma falha respiratória muito crítica, um trauma muito grave e uma alta possibilidade de morrer, até que finalmente foi melhorando".

O primeiro atleta a passar pelas mãos salvadoras de Tobón e equipe foi o goleiro Jakson Follmann. O tempo que separou a notícia da queda do avião e a chegada do hoje ex-atleta foi, na lembrança compartilhada pelo médico, desesperador. "A primeira informação que chegou era sobre um avião acidentado perto do hospital e a possibilidade de entrada de muitos feridos. Era um dia como outro qualquer, com o hospital completamente cheio e nossos serviços com alta demanda, mas todas as nossas forças foram convertidas para o acidente que tinha ocorrido. Em um primeiro momento, só chega o Follmann, por volta das 3 horas da manhã. Depois, o corpo médico nos informou que os outros feridos seriam trazidos para cá".


Neto foi o brasileiro que mais inspirou cuidados do corpo médico
Neto foi o brasileiro que mais inspirou cuidados do corpo médico

A chegada dos outros atletas sobreviventes, além do jornalista Rafael Henzel, aconteceu três dias depois da queda do avião. Henzel e Alan Ruschel tinham sido levados para o Hospital Somer, que tentou dificultar a transferência, mas acabou convencido após interferência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

"O objetivo era congregar todos aos nossos cuidados e principalmente facilitar as coisas para as famílias. Também queríamos unificar as informações, porque as que chegavam ao Brasil eram fragmentadas, imprecisas e incorretas. Então, concentramos tudo", explicou Tobón.


Apesar de destacar que a situação de Neto era a mais complicada, o médico lembra que todos os brasileiros chegaram em estado de saúde bastante crítico, ao contrário dos dois bolivianos que também sobreviveram à queda. Na visão de Tobón, a responsabilidade de cuidar da recuperação dos atletas e do jornalista era tão grande quanto o medo de não dar conta da missão.

"Todos os quatro brasileiros estavam em estado muito crítico e os dois bolivianos não estavam muito graves. Não só o Neto, mas também os outros três estavam em situação crítica. Sabíamos também que era grande a responsabilidade para eles sobreviverem", afirma.


Reencontro

Sobreviventes da tragédia voltaram à Colômbia meses após acidente
Sobreviventes da tragédia voltaram à Colômbia meses após acidente

O médico colombiano chegou a reencontrar com os sobreviventes em uma situação bem menos tensa, mas também emocionante. Em maio deste ano, o trio de atletas e o jornalista Rafael Henzel voltaram ao hospital com familiares e o presidente da Chapecoense, acompanhando a remontada delegação da Chape que viajou para disputar a Recopa Sul-Americana.

A lembrança de Tobón, desta vez, no entanto, não é de tristeza. "Foi um gesto de gratidão para ambas as partes, porque para a gente foi muito emocionante ver os quatro em uma situação tão boa", concluiu.

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