Marin torrou propina com esposa em grifes de luxo, indica acusação
Ex-presidente da CBF é um dos réus do Caso Fifa, em Nova York
Futebol|Dado Abreu, do R7
De acordo com os procuradores do Caso Fifa, José Maria Marin recebeu propinas em troca de favorecimento de empresas de marketing esportivo. Para provar a falcatrua cometida pelo ex-presidente da CBF, a acusação apresentou comprovantes de compras do cartola em grifes de luxo de Nova York, Las Vegas e Paris.
Uma empresa registrada no nome de José Maria Marin e de sua mulher, Neuza Marin, recebeu três pagamentos mensais de 500 mil dólares cada (R$ 1,6 milhão), em julho, agosto e setembro de 2013. Os valores, depositados no banco Morgan Stanley, em Nova York, seriam referentes ao suborno pela venda dos direitos de transmissão da Copa América, totalizando 1,5 milhão de dólares (R$ 4,9 milhões).
Leia também
Com o dinheiro no bolso, o casal teria ido às compras. Ainda segundo os procuradores, em março de 2014, por exemplo, Marin gastou 20.977 de dólares (R$ 68.815), no débito, na Hermès, em Paris. Um mês depois os gastos, também no cartão de débito, foram na Bvlgari, em Las Vegas, e na Chanel, de Nova York — 50 mil dólares (R$ 164 mil) e 10 mil dólares (R$ 32 mil), respectivamente.
Para comprovar a tese, a acusação mostrou o caminho da grana até chegar às mãos de Marin. Os repasses saíam de uma conta na Suíça da empresa FTP, offshore da companhia argentina Torneos Y Competencias (TyC), peça central na investigação do Fifagate. O destino era uma conta bancária em Andorra em nome da Suport Travel, cujo dono é Wagner Abrahão, que há anos presta serviços de logística para a Confederação Brasileira de Futebol. Posteriormente o dinheiro foi repassado para a Firelli International Ltda., a tal empresa registrada em Miami e nas Ilhas Virgens Britânicas com os nomes de Marin e sua esposa.
Mas, na primeira etapa da transferência, entre as contas da Suíça e de Andorra, o valor depositado teria sido de 3 milhões de dólares (R$ 9,8 milhões), o mesmo registrado em uma das planilhas do ex-diretor da TyC, José Eládio Rodriguez, no documento em que anotava o repasse de propinas. Na identificação, Rodriguez escreveu: "pagamento a brasileiro".
José Maria Marin nega todas as acusações. Ele cumpre prisão domiciliar em seu apartamento na 5.ª Avenida, no arranha-céu Trump Tower, em uma das regiões mais valorizadas de Nova York.