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Mano, desculpe-nos, mas dessa vez o senhor mereceu ser demitido

Técnico poupa sem motivo contra flu, dá justificativas equivocadas, cria tensão em jogo sem valor, vê triunfo esperado do Fla e perde emprego após o jogo

Futebol|Eduardo Marini, do R7

Mano pilhou Palmeiras sem motivo, caiu na arapuca que armou e foi demitido
Mano pilhou Palmeiras sem motivo, caiu na arapuca que armou e foi demitido Mano pilhou Palmeiras sem motivo, caiu na arapuca que armou e foi demitido

Palmeiras um, Flamengo três, pela 36ª rodada do Brasileirão 2019, primeira vitória do rubro-negro no Allianz Parque, em São Paulo. O técnico Mano Menezes perdeu o emprego logo após a partida.

Com um misto de covardia em gestão, emocionalismo amador, inconsequência e erro de avaliação, o técnico Mano Menezes e a diretoria palmeirense fizeram absolutamente tudo errado, durante a semana, para dar ares de muito valor a um jogo que, a rigor, não valia mais nada.

Uma partida contra um Flamengo campeoníssimo duas rodadas antes, que batera quase todos os recordes da competição e colocara 16 pontos de frente sobre a equipe paulista e o Santos antes mesmo de a bola rolar no Allianz Parque. Não deu outra: o que começou muito errado terminou mais errado ainda.

O presidente do Palmeiras, Maurício Galliote, pressionado por cartolas e conselheiros para demitir Mano, escapuliu da decisão que é sua obrigação, a de encarar a torcida e as críticas e assumir se considera Mano o técnico ideal para a próxima temporada, abandonou o treinador para resolver sua vida sozinho na base do ‘ganha e fica ou perde e sai’.

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A demissão, pouco depois das 18h de domingo (1º) apenas explicitou que a verdade de Galiotte e seus cartolas era mesmo a do 'Projeto Pilatos' sobre Mano, no melhor estilo 'lavo minhas mãos'. 

Mano, por sua vez, tomou iniciativas impróprias, baseadas em argumentos equivocados, para inflar um jogo que deveria ter ares bem mais amistosos - o que foi entendido, inclusive, pelos jogadores dos dois clubes.

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Poupou jogadores equivocadamente contra o Fluminense, no Maracanã, na rodada anterior, para encarar o Flamengo, e perdeu a partida para o tricolor, aumentando a resistência dos palmeirenses a seu nome.

Disse depois da derrota para o Flu que o Flamengo ‘também poupou para enfrentar o Palmeiras’ – o que é não é verdade. O técnico Jorge Jesus deu folga a alguns jogadores mais desgastados, mas longe de se preocupar com o Verdão neste momento. Pensou no Mundial de clubes, que começará em 17 dias, e em ajudar a ‘curar a ressaca’ do desgaste e das comemorações pela conquista da Copa Libertadores.

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Por fim, a desnecessária, exagerada e provinciana proibição de torcedores rubro-negros na partida, a exemplo do que se faz com o Campeonato Paulista, uma decisão que contraria toda a lógica e a história do futebol brasileiro, mas infelizmente avalizada pela CBF.

Uma proibição com timing estranho, suspeito, divulgada de última hora na sexta-feira (29) e comentada pela primeira vez pelo Palmeiras, em tom escorregadio, apenas no final da tarde de sábado (30).

Uma situação esquisita, que gerou na internet, não sem certa justificativa, a desconfiança de que a cartolagem palmeirense incentivou de alguma forma o processo de proibição para que vetassem os rubro-negros no Allianz Parque.

A turma não deu perdão na rede: acusou Galiotte e a diretoria palmeirense de ficarem com medo de ver o Flamengo fazer a farra e a festa em pleno Allianz, com a primeira vitória na nova arena palmeirense e muita gozação pelo título.

Os palmeirenses, paulistas e paulistanos, que nós mesmos da diretoria alviverde e parte da Justiça consideramos incapazes de conviver com adversários esportivos, como se faz no Brasil e no mundo desde que existe o futebol, ficariam tristinhos e não aguentariam tudo isso, né, coitadinhos, não é mesmo? 

E cabe uma pergunta: e se por acaso um dia a cidade de São Paulo for escolhida para abrigar a final da Libertadores em partida única com torcida para os dois times, a exemplo do Rio para 2020, independentemente de termos brasileiros ou não? Uma delas será proibida de vir?

Ou São Paulo jamais será sede escolhida pela Conmebol para não prejudicar brasileiros e estrangeiros por uma decisão da polícia e da Justiça sempre na contramão do que deveria ser, trancando os torcedores em casa e confessando a incapacidade de garantir a segurança do cidadão? Sim, porque agora seria incoerente achar que a decisão da Libertadores poderia ser exceção porque o risco de pancaria seria o mesmo. Não é mesmo?

A ordem parece ser abolir e limitar os passos da sociedade que anda na linha porque se confessa a incapacidade de prender criminosos, estejam eles dentro de facções ou de torcidas organizadas. Que beleza, que maravilha...

Ironia: a certa altura do segundo tempo, a própria torcida do Palmeiras, solitária, angustiada e atormentada, jogou cadeiras no gramado. E quem as recolheu? O violento ex-rubro-negro Felipe Melo.

E não deu outra: o Flamengo enfiou um pacotinho de 3 a 0 no Palmeiras na decisão do Brasileiro Sub-20, mais cedo, em Cariacica, na região metropolitana do Espírito Santo, seguiu a regra e enfiou outros três no Alianz Parque entre os profissionais.

Tirou o pé novamente podendo dar uma goleada, passeou em São Paulo, abriu impressionantes 19 pontos em relação ao Verdão e fez barba, cabelo, bigode, sobrancelha e o restante do corpo e da alma lavada em cima do adversário que tentou falsamente transformar um amistoso de luxo em epopéia. Castigo devido. 

Mano, que ‘demitiu’ o Flamengo em um abandono tão surpreendente quanto inconsequente em 2013, com ares de soberba explícita, três meses e dois dias após assumir o clube da Gávea, agora viu olho da rua dar a ele sua piscadela, no emprego que tanto queria, por obra externa, quem diria, do próprio rubro-negro.

Gostou da arapuca armada para você por você mesmo com a intenção salvar sozinho a própria pele, professor? Não seria melhor cobrar de Galiotte que cumprisse sua obrigação e bancasse sua permanência ou saída independentemente dessa pilha sem motivo para criar clima e amenizar responsabilidades por decisões?

Bom, por tudo isso, desculpe-nos, professor, mas dessa vez o senhor mereceu a piscadela do olho da rua, Mano.

Desculpe-nos, mas merece...

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