Sahar Khodayari só queria assistir a uma partida de seu time do coração, o Esteghlal. Mas ela vivia no Irã, onde mulher é proibida de assistir nos estádios homens jogando futebol. A torcedora vestiu roupas masculinas, uma peruca azul e tentou entrar, mas foi pega pela polícia.
Por este crime, ela poderia ser condenada por até seis meses de prisão. Sahar não aguentou a pressão e colocou fogo no próprio corpo na última segunda-feira (9), em frente ao Tribunal em que seria julgada. Ela chegou a ser levada a um hospital em Teerã, capital do País árabe, mas não resistiu e morreu.
Sahar, ou a Menina Azul, como era conhecida já que seu time usa as cores azul e branca, tinha 30 anos e tentou entrar no estádio no mês de março. Na época, chegou a passar três noites na cadeia. O julgamento foi essa semana e ela seria punida.
O clube Esteghlal, um dos maiores do Irã, publicou uma nota oficial em que lamenta a morte da torcedora e prestou homenagem a Sahar e à sua família.
A Roma, time italiano, também publicou no Twitter um texto em que pede que todos nos Irã possam assistir ao futebol juntos.
Desde 1979, com a vitória da revolução islâmica, as iranianas não podem frequentar estádio em jogos de futebol masculino. A presença feminina é aceita em todas as outras modalidades, independentemente das disputas serem entre homens ou mulheres.
Na Copa de 2018, as mulheres puderam assistir à partida entre Irã e Espanha, no estádio Azadi, em Teerã, onde foi retransmitido o jogo que os espanhóis venceram por 1 a 0. Na Rússia, as torcedoras também estiveram nas arenas.
Desde então, a Fifa pressiona a Federação Iraniana para conseguir terminar com esta proibição. No último dia 26 de agosto, foi autorizado que mulheres assistam à partida entre Irã e Camboja, no próximo dia 10, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, em 2022.
Nas redes sociais, pessoas do mundo todo usam a #BlueGirl (Menina Azul), para lamentar a morte de Sahar e pedem que mulheres sejam liberadas nos estádios de futebol.