Investigações apontam que Ricardo Teixeira usou Andorra para lavagem de dinheiro
Teixeira teria sido comparsa de Sandro Rosell, preso na terça-feira (23)
Futebol|Do R7

No dia 3 de junho de 1998, 5,5 mil pessoas assistiram a um jogo inusitado: campeã do mundo à época, a seleção brasileira, enfrentava, no campo do adversário, a modesta seleção de Andorra, criada dois anos antes e que entrou em campo com sete jogadores amadores.
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A seleção se preparava para a Copa do Mundo da França e a decisão da CBF de levá-la ao principado para enfrentar uma equipe que jamais havia vencido uma partida — e nem mesmo arrancado um empate — foi bastante criticada. Mas não era apenas em campo que a CBF mantinha boa relação com Andorra.
Investigações recentes revelam que foi pelo sistema financeiro do principado que chegou o dinheiro desviado entre o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A suspeita, levantada primeiramente em uma série de reportagens exibidas pela TV Record, é de que ambos teriam usado a seleção para lavar dinheiro.
Sandro Rosell foi preso na última terça-feira (23) e nesta quinta (25) será ouvido pelos procuradores em Madri. A rota do dinheiro envolveu Brasil, Catar, contas secretas na Suíça e bancos em Andorra. Por um ano, procuradores espanhóis monitoraram as transações, antes de lançar a operação.
Mas o caso é apenas o mais recente envolvendo o futebol brasileiro e o principado. Andorra e Ricardo Teixeira já estiveram "ligados". Foi por lá, por exemplo, que passaram os US$ 2,45 milhões (R$ 8 milhões) pagos por Teixeira e João Havelange de multa à Fifa para que caso de corrupção de que foram acusados (fraudar a entidade em R$ 40 milhões pagos em propina pela ISL) fosse arquivado.
A relação de Ricardo Teixeira com o principado não terminou com o caso ISL. Contratos revelaram como Sandro Rosell transferia para Andorra a renda que obtinha em jogos da seleção brasileira. Em 24 partidas, ele acumulou 8 milhões de euros (cerca R$ 29 milhões).
Em 2012, ano em que deixou a CBF, Ricardo Teixeira oficialmente pediu residência em Andorra, país que não tem acordo de extradição com o Brasil. Para isso, fixou seu endereço em dois povoados (cidades) diferentes.
Os trâmites para convencer as autoridades a atender o pleito do brasileiro foram realizados graças a sócios de Sandro Rosell, entre eles Joan Besoli, preso na última terça-feira.
O ex-presidente da CBF acabaria por obter a permissão para residir em Andorra, mas essa benesse não durou muito tempo. A publicação em 2013 pelo jornal O Estado de S.Paulo de detalhes sobre o desvio de dinheiro dos amistosos da seleção para bancos do principado levou as autoridades locais a retirar a autorização de residência que havia sido concedida a Ricardo Teixeira.
Longe dos holofotes desde antes mesmo da realização da Copa 2014, Ricardo Teixeira foi visto nesta semana nas redes sociais. O ex-mandachuva do futebol brasileiro apareceu bastante magro ao lado do magnata indiano Lalit Modi, que esteve no Rio aparente...
Longe dos holofotes desde antes mesmo da realização da Copa 2014, Ricardo Teixeira foi visto nesta semana nas redes sociais. O ex-mandachuva do futebol brasileiro apareceu bastante magro ao lado do magnata indiano Lalit Modi, que esteve no Rio aparentemente para apresentar parcerias à CBF. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o indiano, com negócios na liga indiana de críquete, estaria interessado em trabalhar na internacionalização do futebol brasileiro. A CBF, no entanto, nega contato com o polêmico cartola e disse que foi “uma visita de cortesia para conhecer a CBF”. Apesar do sucesso do críquete na Índia, dos milhares de seguidores nas redes sociais, Modi é acusado de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e recebimento de propina na venda dos direitos de transmissão do esporte mais popular daquele país EsportesR7 agora também no YouTube. Inscreva-se