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BRASILEIRO 2022
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Inglês que detonou Fifagate diz que investigação no Brasil o desapontou

Andrew Jennings apresentou os primeiros documentos do escândalo

Futebol|Dado Abreu, do R7


Jennings, em 2015, na CPI do Futebol em Brasília
Jennings, em 2015, na CPI do Futebol em Brasília

“Acabei de acordar. Podemos falar.” A tranquilidade com que o jornalista Andrew Jennings atende ao telefonema do R7 contrasta com o clima apreensivo na Corte do Brooklyn, em Nova York, onde três ex-dirigentes do alto escalão do futebol mundial, entre eles o brasileiro José Maria Marin, estão sendo julgados pelo escândalo de corrupção da Fifa.

Jennings vive em uma fazenda próxima à divisa da Inglaterra com a Escócia e foi o responsável por revelar em primeira mão, há mais de dez anos, a falcatrua que corroeu o esporte internacional. Desde então, ele explodiu as estruturas da Fifa e se tornou persona non grata na entidade. Não que o título de “único repórter proibido de entrar nas coletivas de imprensa da Federação Internacional de Futebol” o incomode.

“Estou em contato com o FBI [polícia dos EUA] desde 2009, quando estavam na cola do Chuck Blazer [dirigente norte-americano morto em junho de 2017, ex-secretário geral da Concacaf e ex-membro do Comitê Executivo da Fifa]. Entreguei aos investigadores os documentos cruciais que deram início a esta operação que terminou nas prisões e no Caso Fifa”, contou Jennings, antes de revelar não ter sido convocado para depor em Nova York. “Nem acho que fosse necessária minha participação. Do meu jeito, já colaborei para à caça dessa corja. Veremos como o caso irá terminar.”

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No entanto, para o autor dos livros “Jogo Sujo” e “Um Jogo Cada Vez Mais Sujo”, o veredito da juíza Pamela Chen não tende a ser favorável para a limpeza do esporte. Isso porque Jennings não acredita que José Maria Marin, ex-presidente da CBF e réu no processo ao lado do paraguaio Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol, e do peruano Manuel Burga, ex-presidente da Federação do Peru, sofram algum tipo de punição. “Pelo que temos acompanhado, pode dizer tchau para mim se isso acontecer”, afirmou em tom de brincadeira.

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Em 2015, Andrew Jennings esteve em Brasília e participou da CPI do Futebol. Na ocasião, o jornalista inglês afirmou que o esquema de corrupção presente no futebol mundial nasceu no Brasil, na década de 70, quando João Havelange foi eleito para comandar a Fifa.

“Estou muito desapontado com a forma com que o governo brasileiro tem tratado o caso”, reclamou. “As provas de corrupção são extremamente contundentes, eu mesmo apresentei várias delas na época, e nada foi feito. Não entendo. Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero são corruptos, estão envolvidos em vários esquemas, porém permanecem livres e não são nem sequer convocados pela Justiça para dar explicações. O governo brasileiro tem sido covarde porque estamos falando sobre uma conspiração criminosa, e não de atos individuais. É uma formação de quadrilha”, ressaltou o jornalista.

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Mesmo vivendo longe do país e na calmaria do seu rancho em terras britânicas, Andrew Jennings parece se importar mais com os rumos do futebol brasileiro do que com o pasto de suas vacas. “Cadê o povo brasileiro, os torcedores? É absolutamente decepcionante que a Confederação Brasileira de Futebol seja há tanto tempo dirigida por essa gente, as provas são irrefutáveis.”

Algumas das evidências as quais o jornalista se refere foram apresentadas nas últimas semanas durante o julgamento do Fifagate no Tribunal do Brooklyn, nos Estados Unidos. Eládio Rodríguez, uma das testemunhas, afirmou ter pago 4,8 milhões de dólares (cerca de R$ 15 milhões) em propinas para Marco Polo Del Nero e José Maria Marin. Ele apresentou comprovantes de depósito para provar a denúncia. Alejandro Burzaco, outro delator, também disse ter subornado os dirigentes brasileiros, que negam envolvimento em atos ilícitos. Os dois são acusados pelos mesmos sete crimes — três por fraude, três por lavagem de dinheiro e um por integrar organização criminosa.

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Ricardo Teixeira, presidente da CBF entre 1989 e 2012, é outro dos 42 réus, mas, assim como Del Nero, não é processado, tampouco julgado nos Estados Unidos porque está no Brasil, que não extradita seus cidadãos. Teixeira também repudia as acusações.

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