Ex-Vasco é denunciado nos Estados Unidos; entenda
Josh Wander, cofundador da 777 Partners e ex-acionista majoritário da SAF do Vasco da Gama, foi formalmente acusado pela Justiça federal...
Gávea News|Do R7

Josh Wander, cofundador da 777 Partners e ex-acionista majoritário da SAF do Vasco da Gama, foi formalmente acusado pela Justiça federal dos Estados Unidos por crimes de fraude eletrônica, fraude de valores mobiliários e conspiração.
O indiciamento foi divulgado pela promotoria de Manhattan e aponta um esquema que teria causado prejuízo de até US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões). De acordo com o jornal The New York Times, Wander é acusado de manipular documentos e fornecer informações falsas para levantar capital junto a investidores e credores.
Em um dos pontos centrais da acusação, os promotores afirmam que ele utilizou mais de US$ 350 milhões em ativos como garantia para empréstimos, mesmo sem ter propriedade sobre esses bens ou já os tendo usado como colateral em outras transações.
“Para obter financiamento para as operações da empresa, Wander prometeu ativos que sabia não serem válidos como garantia, ou que já haviam sido utilizados para outros empréstimos”, aponta o documento oficial da promotoria.
O capital levantado com os empréstimos, segundo a denúncia, foi redirecionado para fins distintos dos prometidos aos investidores, incluindo a compra de clubes de futebol e o financiamento de uma companhia aérea em dificuldades.
Expansão global e colapso da 777 Partners
Entre 2021 e 2023, o grupo investiu em clubes de diversos países, como Vasco (Brasil), Standard Liège (Bélgica), Hertha Berlin (Alemanha), Genoa (Itália), Red Star (França), Sevilla (Espanha) e Melbourne Victory (Austrália), com o objetivo de criar um conglomerado de alcance global, inspirado no modelo do City Football Group.
Em setembro de 2023, Wander declarou ao Financial Times que era o maior investidor do futebol mundial. “Existe alguém na história que levou mais a sério a compra de clubes do que eu?”, questionou à época.
No entanto, a expansão acelerada não resistiu à crise interna. Em maio de 2024, o grupo A-Cap, um dos principais credores da 777, acusou a empresa de fraudes sistemáticas. Pouco depois, a Justiça do Rio de Janeiro afastou a 777 do controle da SAF vascaína.
Na sequência, Wander e seu sócio Steven Pasko renunciaram à gestão da empresa. A filial britânica da holding foi declarada insolvente, e diversos ativos começaram a ser transferidos a credores.
Defesa rejeita acusações e classifica processo como “litígio comercial”
Em resposta ao indiciamento, a defesa de Josh Wander se manifestou por meio de comunicado oficial. O advogado Jordan Estes declarou que o processo é uma tentativa de criminalizar uma disputa de natureza empresarial.
“Este é um litígio comercial travestido de caso criminal. Estamos ansiosos para esclarecer os fatos”, afirmou o defensor.
Apesar da declaração, a acusação será analisada na Justiça federal dos Estados Unidos. Caso o processo avance, o caso pode se consolidar como um dos maiores escândalos financeiros envolvendo investimentos no futebol internacional.