Garcia quer nova empresa para gerir Arena Corinthians e 'naming rights'
Empresário da chapa 'Paulo Garcia Presidente' acredita que negociação para quitar imbróglio do estádio é viável e promete manter diretoria de futebol
Futebol|Cesar Sacheto, do R7
Paulo Garcia, 62 anos, é um empresário do setor gráfico e dono da rede de lojas Kalunga. A família foi patrocinadora do time de futebol nos anos 1980.
O candidato da chapa "Paulo Garcia Presidente" obteve uma decisão judicial favorável — assinada pelo juiz Luiz Fernando Nardelli, da 3ª Vara Cível do Foro Regional VIII — para concorrer ao pleito. Ele havia sido impugnado pelo presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Guilherme Strenger, que acolheu decisão da Comissão Eleitoral do clube de veto à participação do empresário. O empresário teria pago mensalidades para regularização de sócios antes da eleição.
Garcia considera primordial rever a situação financeira do clube e diz que esta será a sua primeira ação como presidente do Corinthians, caso eleito.
"Olhar as finanças e o todo. Ver as formas de você ir acertando as posições. Tem muito trabalho no início, contratos. Tudo tem que ser resolvido passo a passo. Aquilo que for bom para o clube continua, o que não for, vamos procurar outra saída", afirmou o candidato.
"Todo mundo fala em vários valores. Não tenho um valor ainda em mãos. Tenho que estudar o contrato. Acho que não é nenhum bicho papão. Tem que chamar a Odebrecht, a Caixa e chegar a um denominador [comum]. O próprio presidente da Odebrecht falou, em delação premiada, que a parte do Corinthians é de R$ 400 milhões.
Queremos pagar e os dois querem receber. Temos que chegar a um bom termo. Esse valor de R$ 1 bi [valores corrigidos da dívida] não acredito que seja. Não vejo tudo isso que estão falando, pelo menos de fora.
Acho que é tranquilo fazer uma negociação. São empresas inteligentes que querem receber e o clube quer pagar. Não vejo o que todo mundo vê, esse monte de situações tenebrosas. Mas quero falar de coisas concretas, porque falar em tese é muito chato. Quero ter em mãos para daí sim tomar uma decisão."
"Existem várias multinacionais que administram os estádios e as arenas na Europa, Ásia e nos Estados Unidos. Vou procurar essas empresas. É muito mais fácil pegar uma empresa estruturada, que geralmente dá uma luva e um percentual da receita por “x” tempo, uma empresa que cuide de tudo (naming rights, camarote, alimentação, tíquetes, etc.). É muito mais fácil negociar com que quem sabe administrar e tem expertise. Tudo na vida tem que ser profissional do ponto de vista financeiro."
"Vou continuar com o Alessandro [Nunes, gerente de futebol] e colocar mais pessoas para ajudá-lo. Vamos trabalhar para dar todo o conforto [para a diretoria]. O clube precisa disputar títulos para reforçar a marca. Não precisa ser campeão todo o ano, porque isso é muito difícil, mas tem que ter um time sempre competitivo. Senão, não vende camisas, não enche estádios. E sempre investindo no time de futebol, que é o carro-chefe."
"Em termos de estrutura, acho que está muito bem com o Carille [treinador] e a comissão técnica. Vamos conversar para ver se há deficiência de atletas. Eles são profissionais e você tem que dar toda atenção. Vamos fazer aquilo que eles precisarem."
"Precisa mudar muita coisa. Vamos fazer um estudo para que esse departamento fique bem elaborado. Temos que terminar o CT da base integrado com o profissional e buscar uma forma para que os jogadores tenham o maior porcentual do clube. Sei que 100% é sonho. De repente, aparece um empresário com um jogador como Neymar e você não faz parceria? É obrigado a fazer. O melhor dos mundos é ter 100% do atleta. Infelizmente, hoje o garoto vem com a mente voltada para ir para a Europa. O futebol mudou muito. Temos que investir para, um dia, segurar esses jogadores no País."
"Divido o Corinthians em quatro pilares: clube social, arena, futebol de base e futebol profissional. Tem que haver quatro administrações distintas. Dentro do clube, quero dar condições de uso, porque está muito deteriorado. Não adianta investir em construções.
Temos que fazer um plano diretor de um clube novo, com estruturas novas para ver se cabe shopping, arena. Desenhar um clube novo e criar um plano de dez ou 15 anos para o presidente que vier poder continuar o projeto, fazer um clube moderno e ter rentabilidade. Hoje, o Corinthians é um clube envelhecido e de homens. Tem que voltar a ser o clube da família.
Temos que colocar vários esportes olímpicos, nem que seja amador. Para as pessoas idosas, colocar várias atividades: salão de festa, aulas de dança, pintura, hidroginástica, natação, para que os possam ir ao clube com os netos e criar o consumidor do futuro.
A marca do Corinthians é muito forte. Se fizer um trabalho sério, não vejo dificuldade de arrumar patrocínio e montar um time. Isso traz um reforço na marca e incentiva associados. E (pretendo) desenvolver os esportes para que, com naturalidade, possamos ter representantes até em Olimpíadas."