Filho de Gylmar reage a pesquisas: 'Cássio tem deficiências técnicas'
Marcelo Neves, filho de bicampeão do mundo (1958 e 1962) contesta enquetes sobre melhor goleiro do Corinthians e exalta legado do pai no clube
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
Após duas defesas em cobranças de pênalti contra o Racing, na primeira fase da Copa Sul-Americana, o goleiro Cássio passou a ser exaltado em enquetes como o melhor goleiro da história do Corinthians.
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Claro que as defesas são realçadas pela história do jogador no clube, com a conquista de sete títulos em oito temporadas no Corinthians.Mas nem todos acham que Cássio foi o maior no clube.
"Acho um absurdo realizar pequisas desta maneira na Internet. A grande a maioria que vota é formada por jovens que estão acompanhando apenas este momento. Não se informaram sobre o feito dos outros participantes, entre eles meu pai", critica Marcelo Izar Neves, filho de Gylmar dos Santos Neves, goleiro bicampeão mundial pela seleção brasileira (1958 e 1962) e que fez história no Corinthians.
Empresário ligado ao marketing esportivo, Marcelo Neves se mostra incomodado com a situação. A queixa do filho se baseia no currículo de Gylmar como goleiro.
"É incomparável a qualidade dele com a de outros goleiros de outros tempos no clube. Ele é o único goleiro bicampeão mundial por uma seleção. Não quero desmerecer o Cássio. Mas são nítidas algumas deficiências técnicas dele. Cássio fez parte de grandes momentos, salvou o time em algumas ocasiões e ficou marcado por isso neste momento. Mas não é suficiente para alcançar o que Gylmar fez na carreira. Infelizmente o Brasil é um país sem memória", lamentou.
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Em outra época, Gylmar jogou entre 1951 e 1961 no Corinthians e entre 1962 e 1969 no Santos. Fez 93 jogos pela seleção brasileira. Além de bicampeão mundial com o Brasil, o goleiro também ganhou o bi mundial pelo Santos (1962 e 1963). No Corinthians, levantou os troféus do Torneio Rio-São Paulo de 1953 e 1954.
Os títulos de mais destaque, porém, foram dois: a Pequena Taça do Mundo, em 1953, e o Paulistão de 1954. A Pequena Taça do Mundo foi vista na época como algo similar a um Mundial interclubes. O torneio, disputado na Venezuela, teve a participação de Roma, Barcelona e Caracas. Já o Estadual de 1954 ganhou projeção por ter sido disputado no ano do IV Centenário da cidade de São Paulo.
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Comparação com Cássio
Sobre o fato de Cássio ter sido considerado o melhor para o clube, independentemente de outros feitos fora dele, Neves também contesta.
"O Gylmar também tem grandes feitos pelo Corinthians. O título do IV Centenário era muito importante e tem repercussões até hoje, assim como o da Pequena Taça do Mundo. Além disso, ele foi considerado várias vezes - tendo recebido prêmios - o melhor goleiro da história do Corinthians, do Santos e, mais do que isso, de todos os tempos. Do ponto de vista técnico, não há comparação."
Neves, o filho, também já foi goleiro do Corinthians, nos idos de 1980. Ele conta que o seu pai, que mantinha um estilo elegante dentro e fora de campo, reagiria com tranquilidade a esta situação.
"Ele sabia com clareza sobre toda a sua importância para o Corinthians, para o Santos, para a seleção. Tinha consciência de tudo o que fez. Mas ele não era egocêntrico. Por isso, hoje não estaria ligando para esse tipo de pesquisa. Levaria com tranquilidade", afirma Marcelo Neves.
"Pelo contrário, acho que ficaria até satisfeito por um lado. Ele sempre ajudou o Ronaldo [ex-goleiro], por exemplo. Ficavam conversando um tempão no clube. Ele dando orientações. Sempre quis ver o surgimento de novos grandes goleiros", completou.
No último confronto entre Corinthians e Santos, esteve em jogo o troféu Gylmar do Santos Neves, até agora o segundo goleiro que mais atuou pelo Corinthians, com 395 jogos. No empate por 1 a 1 neste amistoso em janeiro último, o Corinthians acabou conquistando a taça com o nome do goleiro. E quem a ergueu, na mais justa homenagem, foi ninguém menos do que Cássio.
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