Festa do Palmeiras serviu para Caio Júnior motivar Chapecoense antes da viagem
Com a Copa Sul-Americana, treinador de 51 anos estava em busca do maior título na carreira
Futebol|Do R7, com Agência Estado

No último domingo (27), em São Paulo, Caio Júnior viveu um dia especial. Após a derrota para o Palmeiras, que deu o título brasileiro à equipe paulista, a delegação da Chapecoense se dirigiu ao ônibus que os levaria ao hotel na zona sul. No caminho, muitos aplausos e gritos de apoio na saída do Allianz Parque.
Pela avenida Francisco Matarazzo, mais surpresa. Centenas de torcedores que comemoravam a taça do Palmeiras reconheceram os jogadores e passaram a aplaudi-los. O verde e branco palmeirense se tornava um pouco o verde e branco da Chape. O elenco retribuiu o carinho dos campeões com acenos e aplausos de dentro do ônibus.
Uma das 71 vítimas fatais do acidente aéreo ocorrido na Colômbia, Luiz Carlos Saroli, 51 anos, mais conhecido como Caio Júnior, vivia na Chapecoense sua melhor fase como treinador. Era na equipe de Santa Catarina que ele estava em busca do seu maior título, a Copa Sul-Americana.
Campeão baiano no comando do Vitória em 2013 e dono de outras conquistas de pouca expressão no cenário internacional em times do futebol árabe, Caio Júnior assumiu a Chape em junho deste ano e terminou a penúltima rodada do Campeonato Brasileiro na nona colocação, um excelente posto para um modesto clube do interior. Um torneio internacional, objetivo impensável até pouco tempo atrás, esteve próximo de ser tornar realidade.
Após iniciar a sua carreira como técnico no Paraná Clube, no qual ficou entre 2000 e 2003, Caio Júnior começou a ganhar maior projeção nacional em 2005, no pequeno Cianorte, quando surpreendeu o Corinthians com uma vitória por 3 a 0 no jogo de ida da segunda fase da Copa do Brasil. Embora depois tenha caído por 5 a 1 no confronto de volta do mata-mata, em São Paulo, o treinador começou a provar a sua competência na função e voltaria a conquistar um feito expressivo em 2006, em sua segunda passagem pelo Paraná, quando levou o time pela primeira vez em sua história à Copa Libertadores.
Por isso, em nota, o Paraná Clube não esqueceu o feito de seu antigo treinador. Em primeira pessoa o clube publicou um texto emotivo em seu site oficial. “Você nos conduziu a outro patamar. Nos separamos desde então, mas alguns vínculos jamais são encerrados. Não definitivamente. O seu nome sempre estará gravado na galeria dos grandes campeões do azul, vermelho e branco. Caio Júnior, por tudo o que você fez, só posso desejar conforto à sua família, na certeza de que você seguirá olhando por todos nós, também em um novo patamar. Obrigado, Caio Júnior! Obrigado, amigo!”.
Filho do técnico Caio Júnior não embarcou porque esqueceu o passaporte
O bom trabalho acabou chamando a atenção do Palmeiras, que o contrataria no final de 2006. Ironicamente, porém, ele foi demitido 12 meses depois, em muito por ter fracassado na tentativa de levar a equipe alviverde justamente para a Libertadores. O mesmo se repetiu no Flamengo, em 2008, que não suportou ficar fora da competição continental ao final do Campeonato Brasileiro e mandou embora o treinador.
A partir dali, Caio Júnior começaria a sua experiência internacional como técnico em 2009, quando assumiu o Vissel Kobe, do Japão, antes de ir para o Al-Gharafa, do Catar. Em seguida, já com uma carreira mais consolidada, passaria pelo comando de Botafogo, Grêmio, Al-Jazira, dos Emirados Árabes, Bahia, Vitória, Criciúma, Al-Shabab e finalmente a Chapecoense. No Vitória, por sinal, ganhou o seu único título no futebol brasileiro como treinador, com a conquista estadual de 2013.
A Sul-Americana seria o próximo passo. Caio Júnior revelou suas ambições no mesmo domingo em que recebeu aplausos dos palmeirenses, quando participou de um programa na ESPN Brasil. Entre as revelações, feitas em tom descontraído, disse que havia conversado com o elenco na saída do estádio sobre o título do Palmeiras e a festa da torcida. Ele queria que esse sentimento fosse vivido pela Chapecoense. No planejamento, uma noite de descanso e o dia seguinte seria de uma longa viagem.
Desde a madrugada desta terça (29), as redes sociais foram tomadas por mensagens de apoio e homenagens às vítimas da tragédia com o avião da Chapecoense. O Diário Olé, da Argentina, deixou a rivalidade com os brasileiros de lado e publicou uma imagem q...
Desde a madrugada desta terça (29), as redes sociais foram tomadas por mensagens de apoio e homenagens às vítimas da tragédia com o avião da Chapecoense. O Diário Olé, da Argentina, deixou a rivalidade com os brasileiros de lado e publicou uma imagem que tem comovido a internet