Ex-atletas expõem mundo obscuro dos abusos sexuais no futebol
Andy Woodward e Alê Montrimas dividem — em evento na capital paulista — experiências e explicam dramas de jovens atletas no Brasil e na Inglaterra
Futebol|Guilherme Padin, do R7
O Sindicato de Atletas de São Paulo realizou, nesta segunda-feira (23), no Museu do Futebol, na capital paulista,o evento "Chega de abuso no Esporte", contra os abusos sexuais, físicos e psicológicos passados por atletas de categorias de base no estado.
O evento contou com a presença de Andy Wordward, ex-jogador inglês que denunciou abusos sofridos enquanto foi atleta de categorias de base, e Alê Montrimas, ex-goleiro de Portuguesa, de outros clubes paulistas e de fora do país — ele tem sido uma bandeira na luta contra os abusos nas categorias de base do futebol brasileiro. Também participaram assistentes sociais de Corinthians, Palmeiras e Cruzeiro, além de jogadores das categorias de base palmeirense.
Alê Montrimas falou sobre seu trabalho com palestras e conscientização desde que se tornou nome importante no movimento.
"Nos dez anos em que tentei ser jogador, eu fui assediado sexualmente em todos os clubes por onde passei. Tive a sorte de viver em uma família estruturada e evitar isso. Mas, é importante pensar que, quando o jovem joga por um clube onde ele mal come e mal recebe, ele está vulnerável", afirma Alê. Taxativo, o ex-goleiro completa: "O assédio sexual acontece em todos os clubes de futebol do Brasil. Sem exceção alguma", contou o ex-goleiro.
Andy Woodward conta sua história
O ex-jogador Andy Woodward, que passou por clubes como Sheffield Wednesday e Bury, ambos da Inglaterra, sofreu abusos dos dez aos 17 anos. Depois, viu o seu abusador se casar com sua irmã mais nova, com quem teve dois filhos. Ele falou sobre sua experiência.
"É necessário entender o poder que o abusador tem sobre você, que te leva a não abrir o jogo, porque você quer apenas ser jogador", disse. "Eu disse à minha irmã que não se casasse com ele, mas não falei o porquê. Eu simplesmente não conseguia", relata Andy, que destaca que "há pedófilos assim no Brasil, na Inglaterra em todo o mundo, então é importante que a mensagem chegue ao maior número de pessoas possível".
"Não posso mudar o passado, mas fazer diferença para nossas lindas crianças. Se eu puder impedir que uma criança passe por uma tortura dessas, já valerá a pena", completou Woodward.
Garotada do Palmeiras entendeu o recado
Presente no evento com todo elenco sub-17 do Palmeiras, Bruno Tatavitto, volante e capitão da equipe, falou sobre o aprendizado com as palestras.
"É importante ter essa noção de que isso acontece em todo lugar, e que devemos abrir o olho para esse tipo de coisa, pelos nossos amigos e todo mundo que joga futebol também. É importante que se divulgue o que foi falado aqui para que todos fiquem cientes do que está acontecendo no futebol", frisou Bruno.
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